Chamadas de trabalhos para a Revista Mediação

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A Revista Mediação comunica que está recebendo textos para a vigésima segunda, a vigésima terceira e a vigésima quarta edições a serem veiculadas, respectivamente, no primeiro e no segundo semestres de 2016 e no primeiro semestre de 2017. Os temas são livres, no entanto, como é de praxe, sugerirmos aos autores, a cada nova edição, um dossiê temático. Os escopos das próximas publicações serão:

Jan/jun 2016: Processos Culturais Contemporâneos

Jul/Dez 2016: Mídia e Diversidade cultural

Jan/Jul 2017: Mídias, escutas e contemporaneidade

Ementas

– Processos Culturais Contemporâneos (primeiro semestre de 2016)

Dentre os diversos aspectos que caracterizam os Processos Culturais Contemporâneos destacam-se o multiculturalismo e as transformações na conformação das identidades dos sujeitos. A academia tem chamado para si o debate em torno de desdobramentos  destes dois grandes temas, reflexão essencial para a navegação por novos percursos que são a um só tempo instigantes e desafiadores, atraentes e ameaçadores. Destacam-se  contemporâneos processos de mobilidade humana que repercutem nas ações dos Estados, na cobertura da mídia, na construção e desconstrução de fronteiras internas e transnacionais e na ampliação da convivência social com culturas híbridas. Na mesma direção, os processos culturais contemporâneos exigem outras análises acerca de velhos binarismos como centro/periferia; popular/erudito; norte/sul; direita/esquerda; masculino/feminino dentre outros “pares” regidos pela singularidade em um contexto no qual precisamos dar conta da pluralidade. O cenário cultural contemporâneo multiplicou as noções de famílias, gêneros, identidades ao mesmo tempo em que relativizou os recortes territoriais, nacionais, de classe social etc. As expressão culturais, neste contexto, se constituem em novas questões para as quais a academia vem tecendo igualmente novas análises. Destacam se as formas de expressão da chamada cultura jovem, da cultura de rua, novos arranjos das formas culturais tradicionais e novas formas de fruição das artes e outros produtos culturais mediadas pela tecnologia e seus artefatos.

O prazo de envio de submissões para a 22ª será até o dia 15 de abril de 2016.

– Mídia e Diversidade cultural (segundo semestre 2016)

A mídia, espaço público central da contemporaneidade, tornou-se passagem obrigatória para temas, questões e atores diversificados em busca de apoio na sociedade. Na disputa por visibilidade midiática, a diversidade cultural se destaca hoje, dada a importância adquirida no mundo globalizado: o aumento da mobilidade, os desafios relacionados à identidade cultural, a intensificação dos contatos interculturais, as migrações,  dentre outros temas correlatos, adquirem crescente relevância no mundo atual, em decorrência das potencialidades que trazem consigo, seja para estimular o diálogo entre culturas e a expressão das diferenças, seja para criar conflitos, reproduzir estereótipos e preconceito. Assim, a mídia,  importante instância produtora de sentido, ao fazer circular discursos e representações ligados à diversidade cultural, provoca constante reorganização reflexiva da sociedade em direções variadas.  

O prazo de envio de submissões para a 23ª será até o dia 15 de setembro de 2016.

– Mídias, escutas e contemporaneidade (primeiro semestre 2017)

O vocabulário corrente sobre produção e formas de expressão sonoras abarca uma vasta denominação que, seja para o linguajar coloquial, seja para os discursos midiáticos ou seja para as designações teóricas, privilegiam termos largamente reconhecidas, tais como: música, canção, trilha sonora, edição de som, o áudio (presente no “audiovisual”), efeitos sonoros, sound design, vinhetas, paisagens sonoras, sonoridades e vocalidades. Por seu turno, cada termo se subdivide em categorias e situam artistas, cenas, movimentos, regionalismos, marcadores culturais, modismos etc. O que pouco se observa, no entanto, é uma problematização do que move toda a gama que envolve a invenção, a circulação e a recepção sonoras: a escuta. Diferente da audição, que aponta a atividade fisiológica, perceptiva e semiósica, a escuta enreda às habilidades auditivas outras inúmeras competências, nem todas apreensíveis conceitualmente. Nas contínuas e muitas vezes simultâneas circunstâncias pelas quais experimentamos os sons do mundo, os ruídos urbanos, a squizophonia (ouvir um som produzido em tempo e lugar diferentes), os sinais sonoros eletrônicos e teletransmitidos com cada mídia que frequentamos (os sons dosgadgets digitais, a música, a canção e as falas do rádio, da televisão, do cinema, dos concertos, da internet), somos atravessados e recriamos ritmos da existência. As perspectivas administrativas da comunicação se ocupam em conhecer, por exemplo, estratégias funcionais da psicoacústica para aplicar sonoridades à usabilidade das interfaces, à publicidade, aos games, à dramaturgia, ao telejornalismo, enquanto as teorias culturalistas se dedicam em multiplicar seus aportes críticos, cartografando hábitos socializados de escuta musical, além da força expressiva do som no cinema, nas artes audiovisuais (como as do videoclipe) e nos fluxos de frequentaçãoonline sobre nossos ritmos imaginários, mnemônicos, sensitivos e intelectuais. A despeito de invisível e transitório, o universo das sonoridades não é menos poderoso e sua vibração age diretamente sobre a criatividade humana: a escuta é, por natureza, imaginativa.

O prazo de envio de submissões para a 24ª será até o dia 15 de abril de 2017.

Revista

A Revista Mediação, periódico eletrônico semestral  Qualis B3 vinculado ao Mestrado em Estudos Culturais Contemporâneos e aos cursos de Graduação em Jornalismo e em Publicidade e Propaganda da Universidade FUMEC.

As colaborações devem ser submetidas no endereço eletrônico da revista (http://www.fumec.br/revistas/index.php/mediacao), que informa sobre o Cadastro e as Diretrizes para os autores.

Escola de Verão “Pesquisa em Comunicação na América Latina” divulga selecionados(as)

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Com a presença de pós-graduandos da Argentina, Colômbia, Chile, Honduras, Peru e Venezuela e mestrandos e doutorandos das cinco regiões brasileiras, o comitê organizador divulgou hoje a lista (abaixo) de selecionados para a 3ª edição da Escola de Verão “Pesquisa em Comunicação na América Latina”.

Com o suporte da Associação Latino-Americana de Investigadores da Comunicação (ALAIC), a iniciativa é resultado de uma rede de universidades e pesquisadores e tem parte presencial prevista para 17 a 24/3/16 na Universidade de Brasília.

Além dos cursistas, está prevista a participação de pesquisadores de países como México, Argentina, Uruguai, Colômbia, Chile, Brasil, Canadá, China, EUA e Bélgica.

Mais informações sobre conteúdos e temas: https://eptic.com.br/chamada-escola-de-verao/

(ESPAÑOL)

Escuela de Verano “Investigación en Comunicación en América Latina” divulga seleccionados(as)

Con la presencia de estudiantes de posgrado de Argentina, Colombia, Chile, Honduras, Peru y Venezuela y de estudiantes de maestrías y doctorados de las cinco regiones brasileñas, el comité organizador divulgó la lista (ver abajo) de seleccionados para la 3ª edición de la Escuela de Verano “Investigación en Comunicación en América Latina”.

Con el respaldo de la Asociación Latino-Americana de Investigadores de la Comunicación (ALAIC), la iniciativa es resultado de una red de universidades e investigadores y se realizará del 17 al 24 de Marzo de2016 en la Universidad de Brasília.

Además de los estudiantes participantes, está prevista la participación de investigadores de países como México, Argentina, Uruguay, Colombia, Chile, Brasil, Canadá, China, EUA y Bélgica, encargados de desarrollar los contenidos temáticos y las actividades relacionadas.

Más informaciones de contenidos y temáticas: https://eptic.com.br/chamada-escola-de-verao/

Aline Ferreira de Faria – Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Brasil
Amanda Nogueira de Oliveira – Universidade Federal do Ceará (UFC) Brasil
Amanda Souza de Miranda – Universidade Federal de Santa Catarina Brasil
Ana Heloiza Vita Pessotto – UNESP Brasil
Annelize Pires Augusto – UNESP Brasil
Antonio Carlos Fausto da Silva Júnior – Museu Paraense Emílio Goeldi Brasil
Bettina Martino – Universidad Nacional de Cuyo Argentina
Bruna Távora de Sousa Martins – Universidade Federal de Sergipe Brasil
Carlos Henrique Demarchi – UNESP Brasil
Cinthya Pires Oliveira – Universidade Federal Fluminense Brasil
Daira Renata Martins Botelho – UNESP Brasil
Daniela Savaget Barbosa Rezende – Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz Brasil
Denise Maria Moura da Silva Lopes – Universidade Federal do Rio de Janeiro Brasil
Gabriella Nunes de Gouvêa – UnB Brasil
Giovana Goretti Feijó de Almeida – Universidade de Santa Cruz do Sul Brasil
Gober Mauricio Gómez Llanos – Universidade Federal de Minas Gerais Brasil
Gonzalo Dario Andrés – Universidad Nacional de Rosario Argentina
HELDER FABRICIO BRITO RIBEIRO – UNIVERSIDADE DA AMAZÕNIA (UNAMA) BRASIL
Helyna Dewes – Universidade Federal de Santa Maria Brasil
JENNIFER CRUZ RODRÍGUEZ – UNIVERSIDAD BOLIVARIANA DE VENEZUELA VENEZUELA
JOAQUÍN EUGENIO RAVIOLO – UNIVERSIDAD NACIONAL DE CÓRDOBA ARGENTINA
José de Souza Muniz Júnior – Universidade de São Paulo (USP) Brasil
Laura Marcela Cardona Tibocha – Pontificia Universidad Javeriana Colômbia
Leandro Ramiro Gonzalez – Universidad Nacional de General Sarmiento Argentina
Lídia Schwantes Hoss – Universidade de Santa Cruz do Sul Brasil
Lívia Cristina de Souza Machado – Universidade Federal de Juiz de Fora Brasil
Lucía Marioni – Universidad Nacional de Entre Ríos Argentina
Luciana Quierati – Unesp Brasil
Luís Enrique Cazani Júnior – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Brasil
Luis Gerardo Vallecillo Mendonza – Pontificia Universidad Javeriana Honduras
LUIS ROLANDO ALARCON LLONTOP – UNIVERSIDAD SEÑOR DE SIPAN PERU
Luiz Carlos Dale Vedove – Universidade Estadual de Londrina – UEL Brasil
Maéve Cristina Barnabé Talamonte – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – FAAC Brasil
María Emilia Schmuck – Universidad Nacional de Entre Ríos Argentina
Mariana Ferreira Lopes – Universidade Estadual Paulista Brasil
Mary Landim – Universidade Federal do Piauí Brasil
Mauricio Herrera Jaramillo – USP Brasil
Natália dos Santos Gonzales – Unesp Brasil
Nayara Kobori – Universidade Estadual Paulista Brasil
Neide Maria Carlos Unesp – Bauru Brasil
Néstor David Polo Rojas – Pontificia Universidad Javeriana Colômbia
Priscila Santana Caldeira – UNESP Brasil
Renan da Silva Marques – Universidade Federal do Piauí Brasil
Roberto Andrés Gallardo Sepúlveda – Universidad Austral de Chile Chile
Vanessa Costa de Oliveira – Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC Brasil
Vanessa Negrini – Universidade de Brasília Brasil
Vivianne Lindsay Cardoso Universidade Estadual Paulista – UNESP Brasil

Chamada sobre Serviço Público de Mídia e Participação

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A Revista “Comunicação e Sociedade” está com chamada aberta para artigos em inglês ou português, até o dia 26 de fevereiro, para número especial sobre “Serviço Público de Média e Participação”. O volume será editado por Luís António Santos (CECS-UMinho) e Nelia del Bianco (Faculdade de Comunicação, Universidade de Brasília, Brasil).

Ementa

Com uma tradição de várias décadas, decorrente do próprio paradigma de desenvolvimento dos meios audiovisuais na Europa, o Serviço Público de Mídia está longe de ser coisa do passado ou desse continente exclusivamente. No contexto de experiências muito diversas, o sistema de comunicação pública tem sido objeto de intensos debates, centrados tanto na sua missão e pertinência como nos modelos de financiamento que lhe estão subjacentes. Historicamente conotado com a ideia de um “bem público”, com obrigações ao nível da acessibilidade dos cidadãos, da diversidade de conteúdos e da promoção de valores culturais, o serviço público de rádio e de televisão ultrapassa hoje claramente o espectro da radiodifusão. Extensível ao espaço das plataformas digitais, o conceito arrasta-se para a Internet, abrindo-se cada vez mais a novos formatos e novos canais de interação.

O novo quadro tecnológico, assente na diversificação de suportes de recepção, reclama o desenvolvimento de políticas de comunicação mais orientadas para o envolvimento das audiências. Neste cenário, a missão de Serviço Público de Mídia parece ser indissociável dos mecanismos de fomento à participação do público, tanto na própria dinâmica dos meios como também, através deles, na gestão da vida coletiva. Participação e cidadania são, assim, duas chaves inevitáveis para re-equacionar o papel dos meios de comunicação de Serviço Público, num tempo que não se define mais pela necessidade de garantir o mínimo, mas sobretudo de constituir a alternativa de referência. 

Organizado no âmbito do projeto “Políticas de comunicação, radiodifusão pública e cidadania: subsídios para o desenvolvimento sociocultural em Portugal e no Brasil”, financiado pela FCT (Portugal) e pela CAPES (Brasil), este número especial da revista Comunicação & Sociedade é dedicado à problematização do conceito de Serviço Público de Média e aos novos desafios criados pela constante inovação tecnológica, especialmente no que concerne à comunicação participativa. Compreendida como uma obrigação inerente à função dos órgãos de Serviço Público, a promoção da participação é hoje encarada como um pressuposto do desenvolvimento social e cultural e, concomitantemente, da emancipação das comunidades.

Editado em parceria pelo Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho e pela Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília, as entidades promotoras deste projeto, este número especial convida à submissão de propostas de textos originais que se enquadrem nos seguintes domínios: redefinição do Serviço Público de Média em contexto digital; novos formatos de participação dos públicos; regulação e financiamento da missão de Serviço Público; tecnologia e inovação; percepções e representações do Serviço Público de Média e das suas ofertas digitais; Serviço Público e desenvolvimento das comunidades; Serviço Público e identidade; Serviço Público e literacia mediática.

Submissão

Os originais deverão ser enviados em formato Word para cecs@ics.uminho.pt com conhecimento (cc) para os coordenadores do número: Luís António Santos (lsantos@ics.uminho.pt) e Nelia del Bianco (neliadelbianco@gmail.com). No ASSUNTO da mensagem, os autores deverão escrever: Comunicação e Sociedade – número especial.

As regras editoriais para a submissão eletrónica de originais estão disponíveis em: http://revistacomsoc.pt/index.php/…/about/editorialPolicies…

Para além destas regras, os autores deverão seguir as normas de estilo estabelecidas no Manual de Publicações do CECS, disponível em: http://www.comunicacao.uminho.pt/…/manual_de_publicacao_v1.…]

 

 

Prevê-se que este número seja publicado em setembro de 2016.

Chamada de artigos completa (em português e em inglês):

http://www.comunicacao.uminho.pt/…/c&s_especial_spmedia_cal…

César Bolaño: pensar a comunicação a partir da Economia Política

Foto: PuntoEdu

Por María del Carmen Ramón – CubaDebate 10/12 (tradução de Anderson Santos)*

“Transformar a sociedade num sentido mais democrático e construir formas de relação social que não passem pelo mercado”, essa é a ideia que por anos tem defendido César Bolaño, fundador da rede de Economia Política das Tecnologias da Informação e da Comunicação (EPTIC) e uma das referências fundamentais da sistematizacão da Economia Política da Comunicacão e da Cultura na América Latina. No marco do VIII Encuentro Internacional de Investigadores y estudiosos de la Comunicación (ICOM), encontra-se de visita em Cuba.

De formação jornalística, suas análises deram um giro ao estudar O Capital, momento em que se orientou até à produção de uma teoria marxista da comunicação, campo que se tem desenvolvido na América Latina ao longo de três décadas, influenciado pelo debate econômico, social e comunicacional no continente.

O que significa mirar o campo da comunicação a partir de uma crítica da Economia Política? Segundo explica Bolaño, a comunicação é parte da economia, daí que não seja possível entendê-la como algo isolado Sobre comunicação, cultura, poder e economia na América Latina, Cubadebate conversou com Bolaño.

— Você falava em ma entrevista sobre a importância de recuperar a centralidade da comunicação nas análises dos fenômenos e dentro da comunicação a força do pensamento latino-americano. ¿Por que é tão importante para Bolaño o pensamento latino-americano?

— O pensamento latino-americano sempre teve importância no campo da comunicação em nível internacional. Tem uma história ampla e sempre se caracterizou por ser um pensamento crítico. Foi assim com a primeira escola latino-americana, com as teorias da dependência cultural, durante a investigação dos estudos culturais latino-americanos do professor Jesús Martín-Barbero…

É uma trajetória que em alguns momentos esteve em mais evidência que em outros, porém, sem dúvida, teve significativas contribuições. Na atualidade estamos num momento em que a Economia Política da Comunicação latino-americana tem que apresenta-se como um projeto comum para o campo da comunicação latino-americana, incluindo os estudos culturais, os estudos de comunicação popular e alternativa, no sentido de propor uma nova agenda de investigação.

O campo da comunicação está num momento transcendente. Os grupos transdisciplinares que tentam explicar as mudanças globais que se estão processando necessitam um apoio da comunicação e, por sua vez, este debate deve repensar-se em nível global. Nessa discussão, claro que a América Latina tem muito que contribuir. Para isso é muito necessária a articulação entre os diferentes subcampos em que atua o pensamento latino-americano e eu creio que a Economia Política da Comunicação tem um papel central nisso.

— Que relação existe entre economia e comunicação? Por que você defende o termo Economia Política da Comunicação?

— São dois temas distintos. A comunicação e a cultura tradicionalmente se estudam de forma separada dos processos políticos, econômicos e das estruturas poder. O campo da economia da comunicação e da cultura está preocupado, basicamente, por entender este sector da produção humana no interior das estruturas de poder econômico e político das lutas sociais, essa é sua perspectiva crítica e pela forma em que se constituiu é marxista e interdisciplinar.

A partir daí, há diferentes objetos de investigação desde onde aplicar as análises da Economia Política da Comunicação. Entender, por exemplo, o funcionamento das indústrias culturais, as especificidades dos processos de trabalho, tudo isso também é parte do pensamento em Economia Política da Comunicação. Trata-se de um setor econômico, porém, mais que isto, é um setor chave na organização das estruturas de poder no capitalismo.

A comunicação é uma estrutura de poder e, por tanto, em qualquer sociedade, quem controla a comunicação intervém numa esfera de poder importante. Os estudos de comunicação também estão influenciados pelas disputas de poder que existem no nível da sociedade. A luta epistemológica é parte da luta de classes, pela qual há que se dar conta de que há diferentes paradigmas e intenções, que estão em disputa num campo como este que é absolutamente central como estrutura de poder. A posição da Economia Política da Comunicação nestes processos sociais, econômicos e políticos é uma posição contra hegemônica. Nesse mundo estamos nos movendo e estamos propondo programas de investigação e paradigmas contra hegemônicos.

— Ante o objetivo de construir novas formas de relação social que não passem pelas relações de mercado, o que você acredita que Cuba poderia acrescentar a esse debate?

— Cuba tem uma vantagem num momento como o atual, em que chegamos a uma situação limite no mundo, seja no que se refere ao problema do meio ambiente ou a outros como os que hoje se vive no Oriente Médio ou Europa. Ninguém está fora disto depois da globalização.

O tema é que outro tipo de desenvolvimento é possível que nos tire desta situação. A maioria da gente está tratando de discutir formas de sair da linha tênue que a humanidade se meteu. Creio que Cuba tem uma autonomia cultural importante e uma experiência que pode acrescentar na discussão sobre novas propostas de desenvolvimento humano.

— Você também comentou que a ampliação de acesso à Internet nos propicia precisamente uma maior democratização. Que recomendações vocês faria a Cuba, cujas políticas estão trabalhando para que novas tecnologias possam estar sempre ao serviço das necessidades reais da sociedade?

— A entrada da internet é algo bom porque facilita as comunicações, porém tem que se apreciar de que se está introduzindo uma nova lógica mercantil e uma lógica de individualização e de fragmentação.

Tem que dar entrada a uma nova discussão a níveis mais altos de democracia, porém eu diria que o mais importante é que o Estado mantenha sua capacidade de regulação e de realizar políticas públicas. Todo o mundo conhece a excelência das políticas públicas cubanas. A entrada de lógicas mercantis é muito complicada, porque necessariamente trará lógicas de exclusão pelos preços; então eu creio que esse é o ponto que se tem que cuidar.

— Bolaño é um profundo marxista, que desafios o tem trazido defender isso no que crê?

Em comunicação se conhece muito pouco o pensamento de Marx, em todo o período neoliberal o marxismo sofreu muito pelo avanço do pensamento pós-moderno, foi um mal muito grande a nível internacional, principalmente nos anos 1990, quando o pensamento crítico sofreu muito.

Hoje, por exemplo, na França, as universidades de economia já não ensinam Marx, isto é um grave problema. E na América Latina tem passado bastante. Neste momento há uma recuperação, há um crescimento do pensamento marxista, influenciado porque há um esgotamento do pensamento pós-moderno que deixou claro seus limites. Muita gente jovem está entrando e quer ver outras coisas.

— Você defende muito a necessidade de transformar a sociedade num sentido mais democrático. É possível chegar a um estágio de maior democratização?

— Eu creio que sim. Apesar de que a situação hoje não é muito boa e estamos num momento complicado a nível internacional e também na América Latina, eu confio que a classe trabalhadora poderá buscar formas de organização social mais solidárias.

* César Bolaño é líder do grupo de pesquisa OBSCOM/CEPOS (Comunicação, Economia Política e Sociedade) e professor dos Mestrados em Economia e Comunicação da Universidade Federal de Sergipe (UFS), no Brasil.

Chamada para VII Seminário Internacional de Políticas Culturais

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O setor de Pesquisa de Políticas Culturais da Fundação Casa de Rui Barbosa comunica que, entre os dias 11 de janeiro e 15 de fevereiro de 2016, receberá propostas para apresentação de trabalhos no VII Seminário Internacional de Políticas Culturais. Serão aceitos somente trabalhos que tenham como foco a área de políticas culturais. O objetivo é a apresentação e discussão de estudos que promovam a reflexão e o debate entre estudantes, pesquisadores, professores e demais profissionais que atuem ou tenham interesse na área de políticas culturais.

Poderão submeter trabalhos estudantes de mestrado e doutorado, mestres, doutores, gestores e professores de instituições de nível superior que tenham como foco a área de políticas culturais.

Normas

As inscrições serão aceitas mediante o envio do texto completo, que deverá ter entre 10 e 15 laudas (incluindo bibliografia). Os textos deverão ser enviados de acordo com as normas da ABNT, em Times New Roman, tamanho 12, espaçamento 1,5 e estar no formato .doc. O arquivo deverá conter o nome do autor (ou do 1º, quando houver mais de um).

Na primeira página do texto, devem constar os seguintes itens: título do artigo centralizado, em caixa-alta e em negrito; nome completo do(s) autor(es), alinhados à direita, indicando em nota de rodapé o grau de formação, vínculos institucionais e e-mail; resumo de 5 (cinco) a 10 (dez) linhas, com espaçamento simples; e 3 (três) a 5 (cinco) palavras-chave. Serão aceitos artigos em português e espanhol.

O conteúdo dos artigos é de responsabilidade do(s) autor(es). Cada pesquisador poderá ser autor em um trabalho, podendo ser coautor em apenas mais um. Os trabalhos poderão ter, no máximo, 1 (um) autor e 2 (dois) coautores. Os trabalhos deverão ser enviados dentro do prazo estabelecido e só serão publicados nos anais se forem apresentados durante o seminário.

O envio do trabalho deverá ser feito exclusivamente por e-mail, para o endereço política.cultural@rb.gov.br, constando em assunto “Submissão de artigo”. As inscrições são gratuitas.

Chamada de artigos livres para Revista Líbero

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A revista Líbero, Qualis B1, do Mestrado em Comunicação da Cásper Líbero, está com chamada de trabalhos aberta para sua edição de número 37, 1º semestre de 2016.

São aceitos artigos escritos por doutores. Artigos de mestres e doutorandos são aceitos apenas em coautoria com doutores.

Resenhas podem ser enviadas por mestrandos, mestres, doutorandos e doutores.

A extensão dos textos para artigos deve ser de 20.000 a 35.000 caracteres com espaços e, para resenhas, de até 6.500 caracteres, também com espaços.

O prazo para submissão de textos é dia 1º de fevereiro de 2016, segunda-feira.

Confira as normas para colaboradores.

Os artigos e resenhas devem ser enviados por e-mail para libero@casperlibero.edu.br.

Chamada para livro da CIESPAL sobre “Direitos Humanos e Comunicação. Uma leitura crítica emancipatória”

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O Centro Internacional de Estudios Superiores de Comunicación para América Latina (CIESPAL) está com chamada aberta até o dia 15 de janeiro de 2016 para trabalhos sobre “Direitos Humanos e Comunicação. Uma leitura crítica emancipatória”. O livro será publicado na Coleção Economia e Política da Comunicação/CIESPAL.

A ser publicada em outubro ou novembro de 2016, a coletânea é coordenada por Francisco Sierra Caballero (CIESPAL) e Vicente Barragán Robles (CIESPAL), aceita-se artigos de 8 mil a 10 mil palavras em português, inglês e espanhol a partir de cinco eixos de análise: Democracia e memória histórica; O Estado Social – Reconhecimento e garantia de direitos; 3- Direitos de Comunicação; 4- Transformações do sistema capitalista no marco da crise sistêmica; 5- Alternativas ao desenvolvimento.

EMENTA

No marco do atual processo de transformações históricas, que abarca tanto o âmbito do sócio-político, como no campo do econômico, do cultural e do jurídico, alguns dos principais referentes teóricos desde os que a realidade é compreendida, analisada e submetida a ações transformadoras, tem se convertido num campo de disputa; isso obriga a um exercício de reflexão que permita, tanto a acadêmicos, a ativistas, autoridades reconhecem os alcances de ditas transformações, a fim de agudizar sua capacidade analítica e de mobilização social emancipadora. Desde CIESPAL e sua Escuela de Derechos Humanos, cremos necessário apostar pelo desenvolvimento de processos de incidência e sensibilização em matéria de direitos humanos, os quais são entendidos como “processos de luta pela dignidade humana”. Com isso, pretendemos lograr um maior compromisso social, acercando à ideia de direitos humanos desde o plano das ideias à rua, às lutas sociais desde onde nascem. Desde esta perspectiva, como nos refere o professor Herrera Flores, entendem-se os direitos humanos como os resultados sempre provisórios das lutas sociais pela dignidade, refletindo o acesso igualitário e não hierarquizado a priori a aqueles bens materiais e imateriais que permitam alcançar uma vida “digna” de ser vivida. Tratamos de colocar a análise no espaço e na ação para abarcar os conceitos em relação consigo mesmos e com os processos donde estão inseridos.

INFORMAÇÕES PARA AUTORES

Quem deseja colaborar com o volume poderá enviar seu texto completo e original, contendo os seguintes elementos:
• Trabalhos no idioma espanhol (textos selecionados em inglês e português serão traduzidos pela editora ao espanhol);
• Título;
• Breve biografia do autor (150 a 200 palavras);
• Corpo do trabalho;
• Bibliografia;

O texto deverá ter tipografia Times New Roman 12 pts para espaço simples, em tamanho de página A4, seguindo as normas expostas na American Psychological Association, APA, 6ta. edição. O arquivo deve ser enviado em formato Word.

Ver normas completas em: http://ediciones.ciespal.org/wp-content/uploads/2015/10/CALL-FOR-Derechos-Humanos-y-Comunicaci-n.pdf

Resumos expandidos do XIV Seminário OBSCOM/CEPOS

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O OBSCOM/CEPOS (Observatório de Economia e Comunicação/Grupo de Pesquisa Comunicação, Economia Política e Sociedade) publicou em seu site os resumos expandidos aceitos para o XIV Seminário OBSCOM/CEPOS, realizado em outubro de 2015, na Universidade Federal de Sergipe. Os trabalhos foram apresentados em quatro sessões: “Cinema”, “Televisão”, “Trabalho, representação popular e política” e “Outros mercados”.

A lista de trabalhos, abaixo descritas, pode ser baixada em: http://obscom.com.br/#xiii-seminario-obscomcepos

  • 1- CADEIA PRODUTIVA DO AUDIOVISUAL EM SERGIPE: MAPEAMENTO E DINÂMICA DOS CIRCUITOS CULTURAIS – Raiane de Souza SILVA (UFS);
  • 2- O SURGIMENTO DA PRODUÇÃO AUDIOVISUAL EM SERGIPE: AS IMPLICAÇÕES POLITICAS E ECONÔMICAS NO CINEMA DE CLEMENTE DE FREITAS – Luzileide Silva dos SANTOS (UFS);
  • 3- SOBRE A PROPOSTA DE INDÚSTRIA NO CINEMA NOVO: APONTAMENTOS PRÉ-EMBRAFILME – Mauro Luciano Souza de ARAÚJO (UFS/UFSCAR);
  • 4- REFLEXÕES SOBRE O CINEMA BRASILEIRO: O ACORDO (ANCINE) DE COPRODUÇÃO INTERNACIONAL BRASIL-PORTUGAL – Guilherme Borba GOUY (UFS), Luzileide Silva dos SANTOS (UFS).
  • 5- TELEVISÃO PÚBLICA: O CONCEITO DA PERSPECTIVA LATINO-AMERICANA – Ivonete da Silva LOPES (UFV);
  • 6-O SISTEMA PÚBLICO BRASILEIRO DE COMUNICAÇÃO: ESSE ILUSTRE DESCONHECIDO (O CASO APERIPÊ) – Werden Tavares PINHEIRO (UFS);
  • 7- JUSTIN BIEBER X MENINO DO POSTE: A SELETIVIDADE PENAL NO TELEJORNALISMO BRASILEIRO – Bárbara Nascimento de OLIVEIRA (UFS), Igor Frederico Fontes de LIMA (UNIT), Laíze Gabriela Benevides PINHEIRO (UFF);
  • 8- CONTEXTOS ECONÔMICOS PARA A CRIAÇÃO DA NOVA LEGISLAÇÃO DA TV POR ASSINATURA NO BRASIL- Ana Carolina WESTRUP (UFS);
  • 9- AS BARREIRAS DE MERCADO DO GRUPO GLOBO NOS CANAIS ESPORTIVOS DA TV POR ASSINATURA: A ENTRADA DO FOX SPORTS NO BRASIL – Anderson David Gomes dos SANTOS (UFAL);
  • 10- STREAMING AUDIOVISUAL E O MERCADO BRASILEIRO DE TELEVISÃO – Alisson Bruno da Silva CASTRO (UFS);
  • 11- ELEMENTOS PARA UMA ANÁLISE DE CONJUNTURA DO ESTADO DE SERGIPE – Demétrio Rodrigues VARJÃO
  • 12- FÁBRICAS RECUPERADAS E A PERSPECTIVA DO BINÔMIO COMUNICAÇÃO E TRABALHO – Júlio Arantes AZEVEDO (UFAL);
  • 13- DISCURSOS DO CAPITAL PARA O TRABALHO: OS SENTIDOS DA REPRESENTAÇÃO DAS CLASSES POPULARES NA ORGANIZAÇÃO DA CULTURA NO BRASIL NOS ANOS 1930 E 2000 – Bruna TÁVORA (UFS);
  • 14- COMUNICAÇÃO POPULAR E COMUNITÁRIA COM JOVENS ATRAVÉS DE OFICINAS DE COMUNICAÇÃO NA REGIÃO DE LAGOA DE SÃO FRANCISCO E PEDRO II – PI – Daniely Cintia Viana de SOUSA (UEPI), Ohana Luize Alves LIMA (UEPI);
  • 15- DIREITO A MORADIA E MEDIAÇÃO NA EPC – ESTUDO DOS PROGRAMAS DE TV “ESTAÇÃO PERIFERIA” E “CIDADES E SOLUÇÕES” – Vinícius OLIVEIRA (UFS);
  • 16- A POLÍTICA DE DISTRIBUIÇÃO DE VERBA PUBLICITÁRIA DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA – Pedro Alexandre de Oliveira SANTOS (UFS);
  • 17- PARTICIPAÇÃO DA SOCIEDADE NAS LEIS DE MÍDIA DA AMÉRICA LATINA: APONTAMENTOS INICIAIS – Paulo Victor MELO (UFBA/UFS).
  • 18- TURISTIFICAÇÃO DE “ENTRE-LUGAR” EM LARANJEIRAS-SE. COMUNICAÇÃO, CULTURA E ECONOMIA EM CIDADES HISTÓRICAS – Janaina Cardoso de MELLO (UFS), Lillian Maria de Mesquita ALEXANDRE (UFS);
  • 19- ECONOMIA POLÍTICA DA COMUNICAÇÃO E DA CULTURA E MUSEUS: UM DIÁLOGO NO MUSEU DA GENTE – Irla Suellen da Costa ROCHA (UFS);
  • 20- MERCADO DE MÚSICA GOSPEL E MEDIAÇÕES: A CRIAÇÃO DE UM GÊNERO – Edson COSTA (UFS);
  • 21- HISTÓRIA DA INTERNET: ANÁLISE DO CENÁRIO BRASILEIRO – Breno Moura de Abreu SANCHES (UFS);
  • 22- ESTUDO PROSPECTIVO DAS PATENTES DE APARELHO CELULAR NA BASE DE DADOS DO INPI- PERÍODO DE 2005 A 2015 – Simone Maria da Silva RODRIGUES (UFS), Mário Jorge Campos dos SANTOS (UFS);
  • 23- A ECONOMIA POLÍTICA DA INDÚSTRIA BRASILEIRA DE JOGOS DIGITAIS – Douglas Alves MEDEIROS (UNIT/AL).

Chamada de trabalhos sobre distribuição, exibição e/ou consumo de cinema

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O Comitê Editorial do Global Media Journal México convida os pesquisadores que trabalham linhas de investigação relacionadas com História sobre distribuição, exibição e/ou consumo de cinema a submeter artigos baseados em investigação empírica original, até o dia 31 de março de 2016, para o número 23 (Outono de 2016).

Possíveis áreas temáticas:

– Exibição histórica de cinema;
– Listagem (cartelera) histórica de cinema;
– Público histórico de salas de cinema;
– Memória histórica do cinema;
– Contexto social, cultural, econômico e/ou político da produção, distribuição, exibição ou consumo do cinema em jornais históricos específicos.

O coordenador do dossiê será José Carlos Lozano (jose.lozano@tamiu.edu) e os artigos devem estar no formato da American Psychological Association (APA) e podem ser escritos em espanhol, inglês ou português. As normas de publicação da revista estão em: https://journals.tdl.org/…/index.p…/GMJ_EI/about/submissions

Sobre o periódico

GLOBAL MEDIA JOURNAL MÉXICO é uma publicação conjunta do Departamento de Psicologia e Comunicação da Texas A&M International University-Laredo (Estados Unidos) e da Escuela de Educación, Humanidades y Ciencias Sociales del Tecnológico de Monterrey, Campus Monterrey (México).

Em defesa de uma comunicação efetivamente pública!

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O ANDES-SN divulgou na quarta-feira (25), o Caderno de Textos do 35º Congresso do Sindicato Nacional, que será realizado em Curitiba (PR) de 25 a 30 de janeiro de 2016. Dentre os textos de apoio e resolução está “Em defesa de uma comunicação efetivamente pública!”, escrito por Anderson Santos e César Bolaño, sindicalizados das seções sindicais de Alagoas e Sergipe, respectivamente, e membros do grupo OBSCOM/CEPOS.

O Caderno de Textos foi encaminhado a todas as seções sindicais para que seja utilizado como subsídio às discussões e formulações preparatórias ao evento e durante o 35º Congresso. Os textos publicados foram os enviados pelas seções sindicais e docentes sindicalizados até o dia 13 de novembro. Os materiais enviados até 8 de janeiro de 2016 comporão o Anexo do Caderno de Textos, que será divulgado no dia 15 de janeiro de 2016.

Confira aqui o Caderno de Textos do 35º Congresso do ANDES-SN e abaixo o texto completo:

Em defesa de uma comunicação efetivamente pública!

Passamos em 2015 por mais um momento de greve na história do ANDES-Sindicato Nacional. As dificuldades para informar sobre o movimento paredista e difundir as informações e matérias sobre a luta dos trabalhadores da educação se fizeram presentes. Devido a isso, entende-se ser fundamental pensar a Comunicação no âmbito deste sindicato a partir de duas perspectivas: a possibilitada a partir das relações de poder que conformam os mercados comunicacionais no Brasil; e a comunicação sindical, numa perspectiva classista.

– Comunicação e democracia: perspectiva histórica e os desafios atuais para a sociedade brasileira

O desafio de construção de espaços mais democráticos para exposição de ideias não é novidade para os movimentos sociais. A luta por mídias livres, populares, comunitárias e efetivamente públicas são históricas no Brasil, país que constituiu seus meios de comunicação com maior recepção numa perspectiva majoritariamente privada, caso principal da televisão – ainda que considerando o período de hegemonia nacional da Rádio Nacional, estatizada no Governo Getúlio Vargas e principal informador dos anos 1940.

Com a evolução das Tecnologias de Informação e Comunicação, marcadamente com a maior utilização da internet e de suas ferramentas de comunicação, se podemos hoje com maior facilidade e de forma mais barata produzir conteúdo, seguimos dependentes de grandes grupos (transnacionais) de comunicação (casos de Google e Facebook). Além disso, mesmo que algo produzido de caráter popular possa “viralizar”, o impacto sobre o conjunto da população segue a depender da massificação promovida pelas indústrias culturais tradicionais.

O potencial dos grupos familiares que dominam o mercado de comunicação se apresenta ainda com força, especialmente quando tratamos da emissão gratuita pela TV. A liderança da Rede Globo de Televisão, constituída com apoio à ditadura militar e através de uma rede política a partir de suas afiliadas regionais, segue presente, mesmo com o aumento da concorrência a partir de maior oferta de conteúdo audiovisual, com Internet e TV fechada, espaços também ocupados por empresas do Grupo Globo.

Ainda com o redesenho deste cenário a partir dos anos 2000, a normatização da radiodifusão segue sendo o Código Brasileiro de Telecomunicações, promulgado em 1962. Mesmo nos governos ditos populares capitaneados pelo PT, foram raros os momentos em que apareceu uma tentativa real de proposta de um novo marco regulatório da mídia.
Lembre-se que modelos de fiscalização e regulação de setores de mercado existem para além dos europeus, que se destacam pela importância dada à comunicação pública. Os Estados Unidos têm agência reguladora; vizinhos de continente aprovaram leis específicas para atualizar e gerar uma maior participação de movimentos sociais populares em concessões públicas (caso marcante da Ley de Medios, sancionada em 2010, na Argentina). Aqui, o medo venceu qualquer proposta de uma maior democracia na mídia.

A partir desta conjuntura, o primeiro ponto de atuação, que vem sendo trazido ao ANDES-SN nos últimos encontros – e demonstrado no Plano Geral de Comunicação, elaborado em 2011 –, é o apoio às mudanças na regulamentação da radiodifusão no Brasil, considerando uma perspectiva de maior democratização da produção e acesso à comunicação nos meios de maior recepção no país.

Neste sentido, dois caminhos se abrem a partir de propostas que já existem e são apresentadas pelos movimentos sociais da Comunicação: a regulação e implementação de todos os artigos do capítulo sobre a Comunicação Social na Constituição Federal; e a Proposta de Lei de Iniciativa Popular da Comunicação Social Eletrônica, desenvolvida por diversas entidades a partir do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), do qual o ANDES-SN faz parte.

Uma base para o caso da radiodifusão de transmissão gratuita, tendo em vista que o espectro eletromagnético é público, logo seu uso deve ser regrado pelo atendimento à população, está no Art. 221, que define parâmetros de produção de conteúdo: preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas; promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive sua divulgação; regionalização da produção cultural, artística e jornalística.

Para isso, faz-se necessário um órgão fiscalizador para o setor, pois o mercado não pode se autorregulamentar, como os agentes destes setores econômicos afirmam e como vemos no histórico de produção de conteúdo e de barreiras de mercado que, inclusive, impossibilitam maior concorrência do ponto de vista econômico. Assim, há a necessidade da implementação de Conselhos de Comunicação Social nos estados e de reestruturação e ativação do Conselho Nacional, apenas consultivo, vinculado ao Congresso Nacional, para que possua representatividade real da sociedade civil, ao contrário do que vem acontecendo.

O Art. 223 da Constituição Federal, no Capítulo da Comunicação Social, trata da “complementaridade dos sistemas privado, público e estatal”. Na prática da radiodifusão de transmissões gratuitas, temos apenas uma emissora de caráter público-estatal ou sob denominação educativa como opção. Mesmo no caso das rádios comunitárias, regulamentadas em 1998, são poucas as que não possuem ligação com um grupo religioso ou um líder político-partidário de determinada região.

A criação de opções para a comunicação socialmente referenciada se faz necessária, seja a partir de menor burocracia no processo de outorga, especialmente nos casos de rádios comunitárias e educativas; TVs educativas, comunitárias e, em especial, devido à digitalização do sinal, do Canal da Cidadania. É fundamental lutar por mecanismos legais que possibilitem fontes de investimento para a criação e a manutenção destas emissoras, de maneira a poderem se articular sem pressões externas.

Mesmo nos casos de exceção, em que há uma preocupação com a produção de conteúdo para a comunidade, o problema da organização se faz presente. É necessário criar uma estrutura em que as decisões se deem da maneira mais horizontal possível, com instâncias diretivas que envolvam a comunidade e garantam a participação efetiva das pessoas na programação. Um modelo socializante de práticas comunicacionais se faz em todas as etapas, de produção, distribuição, circulação e gerência do que é informado.

O caso das emissoras público-estatais é ainda mais complicado, pois depende da articulação das redes nacionais (casos da TV Cultura e da TV Brasil) com as emissoras estaduais, cujos governos são de distintos partidos políticos e possuem diferentes maneiras de se preocupar (ou não) com o conglomerado público-estatal local. Criar leis e normas, inclusive no que se refere à TV Brasil e à TV Cultura – esta que vem sendo sucateada pelos governos do PSDB em São Paulo –, que garantam autonomia dos trabalhadores e segurança de investimento e de estrutura para o desenvolvimento e continuidade de um trabalho de cunho sociocultural é fundamental, para que estas possam evoluir para além dos interesses imediatos dos governos de plantão.

– A comunicação do ANDES-SN

Vive-se um momento em que se faz necessário analisar quais as formas em que os sindicalizados mais acessam a informação, tendo em vista a dispersão de atenção que marca a apropriação de informações no século XXI. Jornais com muito conteúdo escrito, com uma linguagem complicada para se entender, ou que não tratem de outros temas também de interesse social (casos de cultura e esporte), ainda que por um viés crítico, têm dificuldades para serem lidos.

As modificações recentes no InformANDES e a criação de um Repositório Digital que inclui a produção das seções sindicais representam importantes alterações na comunicação realizada pelo sindicato nacional. Neste sentido, a continuidade destas ações, com maior preocupação em produzir conteúdo para além do escrito se fazem presentes: exibição/gravação de mesas de congressos da entidade, palestras em seções sindicais e, principalmente, conteúdo multimídia sobre as principais pautas de atuação da entidade.

Algo importante é tentar restabelecer a construção coletiva dos produtos comunicacionais do sindicato, possibilitando que sindicalizados possam participar da construção desse espaço, para além da indicação da linha editorial para os profissionais das assessorias de comunicação. Isso possibilita um diálogo maior entre as secretarias de informação e comunicação, os sindicalizados e os profissionais da comunicação, quebrando certas barreiras que acabam por surgir em meio à profissionalização das assessorias de comunicação.

Este ponto é particularmente importante, pois não se pode esquecer que a comunicação não é atributo meramente de profissionais, mas trata-se de um direito humano fundamental, que cada indivíduo deve exercitar e, do ponto de vista da luta de classes, tem um papel crucial na organização coletiva e na construção da consciência. Nas condições atuais enfrentadas pelo trabalho intelectual em geral e em particular pelo trabalho docente, com uma deterioração flagrante das condições de trabalho e ampliação de todas as formas de controle e ataque à autonomia, esse papel torna-se crucial.

Por outro lado, mas ainda considerando o papel organizativo da comunicação, em meio à pulverização de meios de comunicação a partir da Internet, e também da falta de um órgão impresso que possa aglutinar movimentos sociais e sindicatos de esquerda, é necessário pensar em formas de se criar, no âmbito da CSP-Conlutas, um meio de comunicação de caráter classista que possa levar as informações dos docentes federais para outras categorias e vice-versa.