Chamada para livro da CIESPAL sobre “Capitalismo Financeiro e Comunicação”

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O Centro Internacional de Estudios Superiores de Comunicación para América Latina (CIESPAL) está com chamada aberta até o dia 15 de março de 2016 para trabalhos sobre “Capitalismo Financeiro e Comunicação”. O livro será publicado na Coleção Comunicología Latina da Editora GEDISA / CIESPAL; dar-se-á preferência a contribuições metodológicas e teóricas, sempre que tenham um respaldo empírico.

A ser publicado em outubro ou novembro de 2016, a coletânea é coordenada por Francisco Sierra Caballero (CIESPAL), Francisco Maniglio (CIESPAL) e Bruno Lima Rocha (CEPOS), aceita-se artigos de 8 mil a 10 mil palavras em português, inglês e espanhol a partir de três eixos de análise: economia digital e acumulação flexível; os mecanismos de controle das economias nacionais; e comunicação, financeirização e trocas nos modos de vida.

EMENTA

Após a dissociação do dólar do padrão ouro, o sistema monetário previsto em Bretton Woods, em julho de 1944, pode ser considerado morto. Na Conferência da Jamaica, em janeiro de 1976, os países mais importantes do mundo decidiram substituí-lo por um novo modelo de governança econômica. A partir deste momento faz sua última aparição a liberalização financeira da economia: a possibilidade de acumular capitais sem a necessidade da produção direta. A finalidade do capital financeiro é, efetivamente, a obtenção de valor para o acionista ou o maior retorno para a colocação de capitais (dívida pública, divisas, empréstimos diferentes – imobiliários, obrigações – etc.), além
da rentabilidade empresarial, entendida nos termos da produção clássica. Em outras palavras, o capital financeiro é o centro da apropriação e da concentração de valor, mais do que um fator de sua geração em nossa contemporaneidade. A partir deste momento todas as reformas políticas, econômicas e monetárias têm sido encaminhadas para garantir esta nova configuração econômica onde as finanças predominam sobre o sistema produtivo. Neste sentido, a financeirização da economia como processo não pode responder a uma visão determinista da transformação em curso.

CIESPAL convoca a comunidade acadêmica a refletir sobre os aspectos estratégicos e complexos da comunicação no processo de acumulação financeira: aspectos extremamente desvalorizados pelas ciências da comunicação contemporâneas. O processo de valorização financeira de capital, efetivamente, tem transformado radicalmente o modelo hegemônico de comunicação que agora, mais do que nunca é liderado pelo poder quase absoluto de um corporativismo financeiro.

O capital corporativo e informativo desde a década de 1970 tem explorado os mercados de TIC, os fluxos de bens simbólicos, sejam notícia ou contratos de dívida em curto prazo, que circulam pela infraestrutura informativa em um novo marco de mediação social. A mesma via de informação que traz estas palavras faz circular as transações financeiras, a maior parte destas sem rastro ou resgate possível. A velocidade transacional é simultânea da difusão destes negócios. Com esta informação veloz e transacional, o uso recorrente de inside information e poder de agenda forçada para os brokers e agências especializadas faz-se uma prática recorrente. A crise da bolha imobiliária dos EUA tem dado mostras cabais do papel que cumprem os meios especializados em economia e finanças globais a favor de uma perspectiva centrada no “mercado” como eixo central e motor das sociedades capitalistas. A convergência entre a suposta crise da Zona do Euro e a cobertura midiática que a precede e acompanha, evidencia o papel da comunicação nos interesses dos agentes econômicos mundiais que participam desta e outras construções premeditadas.

O presente volume tem o propósito de analisar os aspectos e as trocas da comunicação em relação às transformações socioeconômicas marcadas pelos processos de financeirização do capital das últimas décadas. Portanto convidamos acadêmicos, investigadores, profissionais do setor a contribuir desde as análises e os estudos de caso aos seguintes três eixos tratados no volume:

1. Economia digital e acumulação flexível
• Economia política da comunicação e capital financeiro.
• TIC, flexibilização e financeirização da empresa.

2. Os mecanismos de controle das economias nacionais
• Poder midiático e poder financeiro: o papel das editorias especializadas na concentração e acumulação do capital financeiro.
• Moeda e língua. A forward guidance.
• O poder comunicativo das agências de análises de risco e das organizações internacionais.

3. Comunicação, financeirização e trocas nos modos de vida
• Semicapitalismo e acumulação rentista.
• Performance comunicativa e controle de metadados.

INFORMAÇÕES PARA AUTORES

Quem deseja colaborar com o volume poderá enviar seu texto completo e original, contendo os seguintes elementos:
• Trabalhos no idioma espanhol (textos selecionados em inglês e português serão traduzidos pela editora ao espanhol);
• Título;
• Breve biografia do autor (150 a 200 palavras);
• Corpo do trabalho;
• Bibliografia;

O texto deverá ter tipografia Times New Roman 12 pts para espaço simples, em tamanho de página A4, seguindo as normas expostas na American Psychological Association, APA, 6ta. edição. O arquivo deve ser enviado em formato Word.

Chamada de trabalhos para Revista Paradoxos

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A revista Paradoxosdo Programa de Pós-Graduação em Tecnologias, Comunicação e Educação da Universidade Federal de Uberlândia, abre chamada para envio de artigos para a sua próxima edição até o dia 20 de dezembro de 2015.

A revista aceita artigos relacionados ao campo interdisciplinar das Tecnologias, Comunicação e Educação e as regras de publicação podem ser consultadas no site http://www.ppgce.faced.ufu.br/revista-paradoxos/normas-para-publicacao

A revista Paradoxos é uma publicação semestral destinada a professores, pesquisadores, estudantes e profissionais da área. A publicação aceita colaborações de trabalhos originais e inéditos, de autoria individual ou coletiva, sob a forma de artigo, ensaio ou resenha, em português, inglês e espanhol.

Prazo limite para o envio de artigos: 20 de dezembro de 2015.

Mais informações por email: paradoxos@faced.ufu.br

Seminário Nacional “Observações”: Jornalismo e Direitos Humanos

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Nos dias 15, 16 e 17 de outubro acontecerá no Auditório do Centro de Artes da UFES o Seminário Nacional “Observações”: Jornalismo e Direitos Humanos. O evento contará com mesas acerca do tema sobre o olhar da academia, dos movimentos sociais, dos jornalistas e do poder público na relação da mídia com os direitos humanos. O período de inscrições vai até 14 de outubro.

A proposta do seminário é dar continuidade à série de oficinas de Capacitação de jornalistas para o respeito e a promoção dos direitos humanos, realizadas pelo projeto de extensão e pesquisa “Observatório da Mídia: direitos humanos, políticas, sistemas e transparências” desde 2014.

Além das mesas de debates, durante o evento também terão oficinas com assuntos pertinentes ao tema do seminário. As vagas são limitadas e toda a programação gratuita. As inscrições estão disponíveis no site jornalismodireitoshumanos.wordpress.com até o dia 14 de outubro.

PROGRAMAÇÃO

QUINTA-FEIRA (15 outubro)
9h – Mesa de abertura:
Ethel Maciel – Vice-reitora da Ufes
Alexsandro Rodrigues – Pró-reitor de Assuntos Estudantis e Cidadania
Luiz Inácio Silva da Rocha – Conselheiro Estadual de Direitos Humanos
Marília Poletti – Presidenta do Sindijornalistas-ES
Edgard Rebouças – Coordenador do Observatório da Mídia

10h – Mesa 1 – O olhar da Academia
Cicilia Peruzzo – Coordenadora do Núcleo de Estudos de Comunicação Comunitária e Local – Umesp
Giovandro Ferreira – Coordenador do Centro de Estudo em Comunicação, Democracia e Cidadania – UFBA
Ana Veloso – Coordenadora do Observatório de Mídia: gênero, democracia e direitos humanos – UFPE
Mediação: Daniella Zanetti – Coordenadora do PósCom/Ufes

14h – Oficina 1 – Capacitação de Jornalistas para o respeito e promoção dos Direitos Humanos

18h – Mesa 2 – O olhar do Poder Público
Domingos Savio Dresch da Silveira – Coordenador do Grupo de Trabalho em Comunicação Social da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão – Procuradoria Geral da República
Júlio Pompeu – Coordenador estadual de Direitos Humanos – Governo do Estado
Sandra Ferreira de Souza – Coordenadora do Centro de Apoio Operacional Cível e de Defesa da Cidadania – Ministério Público do Espírito Santo
Andrey Carlos Rodrigues – Diretor de Ensino, Instrução e Pesquisa – Polícia Militar do Espírito Santo
Mediação: Rafael Paes – Coordenador do Observatório da Mídia

SEXTA-FEIRA – 16 Out.
9h – Mesa 3 – O olhar dos Movimentos Sociais
Renata Mielli – Secretária-geral do Centro de Estudos da Mídia Alternativa “Barão de Itararé”
Bia Barbosa – Coordenadora executiva do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social
Amanda Brommonschenkel – Integrante do Assédio Coletivo
André Casotti Louzada – Vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos – OAB-ES
Mediação: Suzana Tatagiba – Tesoureira da Fenaj

14h – Oficina 2 – Educação pra Mídia

18h – Mesa 4 – O olhar dos Jornalistas
Maria José Braga – Vice-presidenta da Federação Nacional dos Jornalistas
Gizele Martins – Editora e repórter de O Cidadão, do Conjunto de Favelas da Maré (RJ)
Cláudia Feliz – Jornalista
Mediação: Victor Gentilli – Coordenador do Observatório da Mídia

SÁBADO – 17 Out.
9h – Mesa 5 – O Mercado de Trabalho

Chamada de artigos sobre rádio e esporte

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A chamada para a edição 2015.2 da Revista Rádio-Leituras está aberta até o dia 30 de outubro. O número inclui um dossiê rádio e esporte e uma seção de temas livres.

As diretrizes para autores, assim como as edições anteriores estão disponíveis no endereço http://www.periodicos.ufop.br/pp/index.php/radio-leituras. Podem ser submetidos originais em português, inglês ou espanhol. As submissões podem ser realizadas pelo sistema e informações podem ser obtidas pelo email radioleituras@gmail.com.

Rádio-Leituras é publicada pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Ouro Preto e pelo Grupo de Pesquisa Convergência e Jornalismo e conta com apoio do GP de Rádio e Mídia Sonora da Intercom.

América Latina, Brasil e o progressismo ameaçado

1_05a18_1204-697964Por Renan Martins – Blog dos Desenvolvimentistas

A persistência da crise econômica global gerou uma segunda onda recessiva que desta vez atingiu os países em desenvolvimento. Se antes eram somente a Europa e os EUA que se viam em dificuldades, agora temos Brasil e América Latina forçados a se adaptar ao cenário de baixa na demanda das commodities, enquanto a China revê para baixo suas projeções de crescimento.

Nesse cenário temos ainda forte instabilidade geopolítica causada pela perda de poderio e capacidade de liderança dos norte-americanos, fruto da falência do modelo de globalização imposto depois da queda da URSS. Esta conjuntura pressiona os governos progressistas da América Latina, que chegaram ao poder no final do século XX e início deste século XXI justamente com a missão de construir uma alternativa ao Consenso de Washington. A dependência tecnológica e inserção subserviente de suas economias cobra a fatura na forma de bloqueio dos avanços e perigo de retrocessos no tocante às conquistas sociais.

Para discutir este complexo e turbulento cenário o Blog dos Desenvolvimentistas entrevistou Bruno Lima Rocha, professor de Ciência Política e Relações Internacionais, também editor do site Estratégia & Análise. Lima Rocha considera que a guinada à direita do governo brasileiro pode se refletir em todo o continente por conta de nossa liderança regional, lembra que os governos progressistas de forma geral não contestaram a divisão internacional do trabalho que nos lega a condição de exportador de bens primários, e vê no “reboquismo” um fator de exclusão do povo e vulnerabilidade dos presidentes latino-americanos.

Confira a íntegra:

mapa_america_latinaNa última década a América Latina vivenciou a chegada de diversos governos de caráter progressista (em intensidades variáveis) ao poder. Como explicar esse fenômeno? Quais foram as principais conquistas destes governos?

Bruno Lima Rocha: Eu posso reconhecer que estes governos como de dois tipos: os de centro-esquerda (não-classistas), tal seria o caso de Brasil, Argentina, Uruguai e Chile e os de corte nacional-bolivariano, mais propriamente dito de linha chavista, como é o caso de Bolívia, Equador e Venezuela liderando. Também tivemos – temos governos – semelhantes ou aproximados em El Salvador e Nicarágua, mas com um programa muito brando, mais abrandado do que o venezuelano por exemplo. E, por fim, casos de golpes de Estado contra este tipo de governo como foi o caso de Paraguai e Honduras. Estes governos, e aí podemos traçar uma linha geral entre todos, têm como ponto comum uma reação latino-americana ao neoliberalismo dos anos ’90, a sensação terrível de fim da história e terra arrasada, como foi magistralmente narrada no filme de Fernando Pino Solanas, de 2003, o já clássico “Memoria del saqueo”. Para entendermos o que cada um destes países teve de fazer para conseguir em um período assemelhado emplacar governos de centro-esquerda com inflexões semelhantes (em graus distintos, indo do Chile à Venezuela) seria preciso estudar cada sociedade em específico. Mas, reforço, o traço comum entre todos é uma reação dentro dos limites da democracia representativa e com tensão dentro das regras, abordando da Constituição aos intentos de nova institucionalidade. A principal conquista dentre todos estes governos foi na melhoria significativa das condições materiais de vida sem, no entanto, interromper o ciclo de primarização de nossas economias e menos ainda com o devido protagonismo do povo organizado pressionando estes governos para um caminho menos atrelado ao eleitoralismo e mais vinculados a conquistas de tipo direto.

Concomitante aos avanços assistimos também contradições. Quais as limitações e paradoxos dos governos progressistas latino-americanos?

BLR: Como eu citei acima, eu diria que novamente, cada país merece um estudo em separado e este é o grande dilema dos estudos comparados. Mas, já que estamos considerando a América Latina como ela de fato é, um bloco e um Continente em disputa e concepção semelhante, eu diria para ser sintético que aquilo que se chamava no Brasil de Jango de “reboquismo”, no período do “manda brasa presidente”, é a mazela mais importante reconhecida nestes governos. Temos pouco ou quase nenhum protagonismo popular e por vezes, a Razão de Estado entra em conflito direto com a defesa de interesses ancestrais, como é o caso de Belo Monte por exemplo. Eu tampouco trabalharia com a tese de contradições e sim de concepção construída, onde a guinada rumo ao centro opera como um voto de confiança na institucionalidade das transições democráticas ou da versão oligárquica das democracias. Eu diria que a maior contradição, aí sim contradição interna de projeto, foi buscar uma imaginária burguesia nacional desenvolvimentista ou autônoma ou nacionalista e esta simplesmente ou não existe ou é irrelevante. Dentro dessa busca insana somada às pressões das balanças comerciais, não demos na última década ou década e meia – a contar com a vitória eleitoral de Chávez em 1998 – com inflexões importantes no campo da informação e do conhecimento e tampouco criamos uma co-dependência nas cadeias produtivas e de alto valor agregado dentro do Continente. Ao contrário, toda a América Latina hoje fica interdependente de exportações e de investimentos chineses e os governos em geral, não ultrapassam a maldição continental da síntese entre extrativismo, exploração de recursos hidro-minerais, combustível fóssil ou de agricultura empresarial de escala para exportação.

Atualmente diversos destes governos passam por crises econômicas e políticas. Que fatores atuam nesse quadro?

BLR: É interessante notarmos como as perguntas são concatenadas assim como as respostas. Um dos pontos cruciais é a dependência de exportação de matéria-prima, tal como o cobre no Chile, grãos, gás e petróleo na Argentina, o mesmo no Brasil, petróleo e gás na Venezuela, Bolívia e Equador e assim o padrão vai se repetindo. A crise econômica se dá porque não temos projeto próprio de desenvolvimento como capitalismo periférico – no caso brasileiro semi-periférico e com a liderança brasileira, entrando todos os países por tabela no G-20 e BRICS – e menos ainda de uma nova economia de base sustentável e controle social pleno. O caso mais emblemático é a recuperação da YPF pelo Estado argentino e depois o absurdo acordo com a Chevron. Deveríamos ter, no mínimo, uma cota de partida para investimentos comuns, uma espécie de Celac ou Unasur petroleira. Nem isso. Quanto às crises políticas, aí novamente chegamos a um dilema típico da América Latina. As oligarquias, o andar de cima, a soma de classe dominante + elite dirigente + tecnocracia de portas giratórias com o capital transnacional e seus representantes e intermediários políticos entendem que, e de forma acertada, na América Latina, o governo que tem continuidade e distribui renda acaba conservando uma reserva eleitoral, bloqueando de fato a alternância do poder apregoada nas democracias liberais. Assim, de um lado, a cooptação dos governos através do Poder Executivo e as políticas de centro isolam uma esquerda mais legítima, ou ao menos autônoma, que não vai subordinar os interesses de classe e povo pela “tal da governabilidade”; e, logicamente, o arrivismo é algo inerente à política profissional e a conversão de gente de direita ao governo de turno isola militantes históricos ou correntes mais programáticas. De outro, os ataques são múltiplos, incluindo os partidos midiáticos, como o Grupo Diários América, a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) e a forte presença de capital transnacional (e financeiro) na composição acionária dos oligopólios de mídia de cada um de nossos países. Por fim, de forma mais ou menos acentuada, temos a presença planetária de capitais voláteis a assolar nossas soberanias e coagir decisões de governo.

Como explicar tais conflitos sob a perspectiva geopolítica? É possível dizer que há ingerência estrangeira nesse processo? (Se sim ou não, cite elementos que corroborem com a tese).

BLR: Sim há ingerência estrangeira indireta ou direta, variando o país. Nota-se de forma mais direta na Venezuela, por exemplo, ou no caso de Honduras e Paraguai e os respectivos golpes de Estado. Já no Brasil e na Argentina, o que ocorre é a presença de emissários e pessoas de confiança dos EUA na figura de operadores do mercado financeiro e seus representantes políticos no velho jogo do entreguismo ou, como é o termo em castelhano, vende pátria. O jogo geopolítico dentro dos marcos do capitalismo se dá com a criação da Aliança do Pacífico (que interessa diretamente aos EUA e é conveniente para a China) em contraposição ao Mercosul por exemplo. O jogo se dá em maior escala, com a guerra fria comercial entre China e EUA e a reaproximação diplomática entre os governos de Obama e Raúl Castro. Eu diria que a presença de transnacionais e de bancas privadas assim como disputas comerciais importantes – tal como fora no Leilão do Campo de Libra e o debate em torno do regime de partilha, concessão ou monopólio integral – sempre será um imperativo para a tentativa de ingerência ou pressão. Basta ver a presença de tropas terrestres dos EUA ao redor da Amazônia legal brasileira a projeção de poder naval dos EUA e de seu aliado incondicional, a Inglaterra, no sistema de defesa do Atlântico Sul. Mas, eu diria que a maior pressão externa se dá de forma indireta, com a estrutura de mentalidades das elites latino-americanas (como um todo) e da brasileira em particular – parecida com a venezuelana – que são muito alinhadas ideologicamente ao Ocidente e com a ideia de globalização neoliberal transnacional por consequência.

Qual a relação entre o Mercosul e a Unasul e de que tratam estes blocos? Existe algum nível de diálogo deles com o BRICS?

BLR: Se pusermos em uma escala de propostas de integração e organicidade, eu diria que é uma idealização de círculos concêntricos, onde está o Mercosul, na sequência a Unasul e depois a Celac. A integração proposta pelo Mercosul é bem interessante mas passa pelo poder de veto dos sócios menores, no caso, o empresariado argentino para com o sócio maior, o Brasil. A Unasul é mais um intento do que uma realidade e todo este movimento diplomático passa por interromper a Operação Panamericana e o atrelamento dos Estados latino-americanos para a Doutrina Monroe contemporânea, ou integração forçosa como previsto no Consenso de Washington e Documento de Santa Fé I e II. A Unasul ganharia materialidade se o Banco do Sul tivesse uma maior envergadura, uma espécie de BIRD entre nós mesmos e operasse em investimentos estratégicos, como já foi citado no caso dos campos petrolíferos de Vaca Muerta (Argentina) e Libra (Brasil). E, a relação destes blocos com os BRICS eu considero mais apropriado responder na pergunta abaixo.

De que forma se insere o Brasil e o ciclo petista nesse tabuleiro? É possível nos ver como liderança regional?

BLR: Sim, somos liderança regional ainda que uma boa parte dos brasileiros que consomem informação deste nível sequer admita esta realidade. O Brasil se insere no cenário internacional moderno com mais força justamente no ciclo petista e com a ampla política externa de autonomia pela diversificação e a criação dos BRICS. A materialidade deste “bloco” se dá em termos concretos com o novo banco de desenvolvimento e o fundo de contingência. É preciso entender que tanto o Mercosul, como a Unasul e mesmo a Celac se veem “representados” nesta possibilidade de relações com os derrotados da Guerra Fria hoje potências econômicas e/ou militares (caso da Rússia, Índia e China, nesta ordem, e proporcionalmente da África do Sul) através da presença e liderança brasileira. Nós exerceríamos maior liderança se houvesse maior capacidade de investimento e presença brasileira através do Banco do Sul como complemento do Banco dos BRICS. Como tudo isso ainda é muito inicial, ainda corre-se o risco real dos BRICS operarem como um braço ampliado dos interesses chineses e dentro desta projeção alguns países estão jogando como é o caso já citado da reaproximação de Cuba com os EUA, muito em função do novo canal interoceânico – que vai cruzar a Nicarágua – e terá a força protetiva da Rússia através de convênios com Manágua. Neste caso, houve um giro importante nos governos petistas, mais acentuado durante o período de Lula, quando o Brasil protagonizou uma ampla investida diplomática abrindo parcerias e mercados focando na relação Sul-Sul. Mas, como a presença chinesa é muito relevante acabamos todos nós latino-americanos ficando meio esmagados entre a China e a permanente projeção de poder dos EUA e do capital transnacional – volátil em especial.

Que interesses econômicos e geopolíticos o Brasil desperta no cenário internacional? Como o governo tem a eles reagido?

BLR: Para a dimensão geopolítica, interesse é um conceito absoluto. Pela lógica da geopolitik o Brasil desperta cobiça pelo seu enorme território (com maior ênfase na parte menos povoada e com ainda cobertura vegetal, caso da Amazônia Legal); pela soberania da plataforma continental ampliada (Amazônia Azul) por sua população de porte razoável e ainda vigoroso mercado interno; por seus gigantescos recursos e capacidade instalada ou a ser instalada, incluindo a infra-estrutura ainda inconclusa e por sua capacidade projeção pela via do poder “brando” (soft power), o que faz com que aparentemente nossa sociedade tenha ainda abismos sociais mas um elevado grau de tolerância se comparada com outras sociedades de base sectária. Entendo que oficialmente o país reage mal a isso, até porque a composição de governo de centro e policlassista inibem maiores confrontos. As forças armadas – pela lógica da geopolítica – necessitariam maior envergadura e um grau de independência tecnológica sempre existente em potencial, mas nunca alcançado. Tal é o caso da base de lançamento de foguetes de Alcântara, o acidente (ou sabotagem) e o atraso da retomada da mesma. Os exemplos são inúmeros e passam por esta condição de que na América Latina, o nacionalismo não se coaduna com as oligarquias, pertencendo mais ao campo das lutas populares. Assim como nenhuma força reacionária é de fato anti-imperialista, o mesmo ocorre com os governos de grande coalizão de classe como é o ciclo petista sob pacto lulista.

Diante de um quadro de recessão econômica a presidente optou por uma guinada conservadora na política econômica. Que efeitos o arrocho tem sobre o cenário político interno e externo? O não crescimento brasileiro afeta a América Latina?

BLR: Vamos seguir a máxima dos EUA, “para onde vai o Brasil vai a América Latina”, e logo, para onde o Brasil não vai a América Latina tampouco se encaminha. A guinada conservadora da presidente Dilma em seu segundo mandato é uma inflexão importante para deslegitimar seu governo. Não é “apenas” a massa trabalhadora e o andar debaixo do país que sofrerá as consequências do “ajuste”, mas o conjunto do Continente vai se deparar com um Chicago Boy (Joaquim Levy) à frente da maior economia regional. Chicago Boy esse, que é do Bradesco, tem carta quase em branco de Dilma e que não leva em conta o desenvolvimento latino-americano dentro de sua proposta à frente da pasta. É mais do mesmo, mas agora sob a roupagem de combater o golpe e se posicionar contra o retrocesso neoliberal, que também está representado no atual governo. Tamanha contradição e incoerência desmobilizam e podem ser o efeito necessário para abrir mais campo à esquerda do governo de centro e ex-esquerda. O problema é que isto se verifica em todos os campos, pois com a ausência de um projeto de desenvolvimento e a subordinação ao capital financeiro, a continuidade do pacto de classes do lulismo não consegue sequer favorecer seu principal “cliente”, o agente econômico de capital brasileiro (em geral familiar, perdulário e parasita do Estado, como aliás é a característica dos grandes conglomerados capitalistas). O ambiente doméstico e o cenário interno, portanto não são nada convidativos para o segundo “cliente” mais importante do pacto lulista, que é a massa de atingidos positivamente pelos programas de governo e a política econômica anti-cíclica e mesmo a anterior que visava gerar emprego direto e melhoria na qualidade material das condições de vida. Essa multidão de 44 milhões de brasileiros posta dentro do mundo do capitalismo pleno está e é desorganizada e indefinida ideologicamente. Logo, anuncia para os vizinhos que o desenvolvimento de um capitalismo semi-periférico não traz consigo nenhuma garantia sequer de manutenção das melhorias que vieram.

É sabido que as economias latino-americanas tiveram bons ventos quando do boom das commodities, apoiado principalmente na demanda chinesa. É possível dizer que há uma relação de dependência desses países com Pequim? Como estão reagindo frente ao desaquecimento chinês?

BLR: Como disse antes, entendo que as respostas estão concatenadas com as perguntas e, assim, creio que o grosso desta já foi aqui contestada. O problema é de outra envergadura e tem relação com o modelo de desenvolvimento que queremos, se é que queremos apenas um modelo e que este, mesmo dentro do capitalismo, está distante de entrar no primeiro time da divisão internacional do trabalho, que é a cadeia de valor estratégico da informação e conhecimento, além de um ganho de escala com produtividade nacional – hoje inexistente. A reação está sendo muito ruim, até porque temos de fato economia primarizadas, sobreviventes da sanha privatista neoliberal, mas de boa convivência com o capital nacional e mesmo o transnacional gerando emprego direto. Sim, há uma relação de perigosíssima dependência para com a economia chinesa e, logo, para com os desígnios de Beijing que comanda e centraliza as decisões estratégicas daquele país. E, como já disse antes, a reação está se dando de forma equivocada, em especial no Brasil, quando temos um giro ainda mais à direita, sendo que o agente econômico brasileiro deseja desregular a força de trabalho e avançar na loucura insana da terceirização incontrolada.

Quais são os principais desafios a serem enfrentados pelos governos progressistas diante deste quadro? Que fazer para permanecer na rota da inclusão social e autonomia?

BLR: No caso eu entendo que a única garantia de manter as políticas públicas e a orientação para o emprego direto é justamente não ficar a reboque dos governos de turno e menos ainda ir fazer coro com a oligarquia ou os setores neoliberais. Temos na América Latina a péssima experiência do reboquismo ou da presença de lideranças carismáticas que não promovem uma nova institucionalidade justamente por sua presença tão gravitante. Logo, a autonomia e independência de classe, além de um elevado grau de unidade nas lutas populares e um modelo de desenvolvimento que abra caminhos para além do capitalismo periférico seria o mínimo para colocar o direito coletivo e os interesses das maiorias à frente e acima dos pactos de governabilidade e o jogo cínico do Sistema Internacional. A pressão do andar debaixo pode colocar contra a parede os governos “progressistas” para que estes, no mínimo, atendam o interesse da maioria e se arrisquem um pouco mais. Mas, como nos ensina a história política brasileira, qualquer programa social – mesmo quando reformista – não repousa na condução de um bom articulador e sim na capacidade avançada do povo em luta. Governos ainda mais fortes e carismáticos, como o da Venezuela pós-Chávez, poderiam aproveitar a oportunidade da tensão interna e promover uma democratização das bases sociais do chavismo, transformando-as em bolivarianas. E lá, infelizmente, se vê justamente o oposto. Precisávamos impor condições de uma política econômica de duas vias, uma que garantisse no ambiente interno uma rede de proteção ampliada (como na agricultura familiar, camponesa e ecológica) e outra, que para o ambiente externo, diminuísse o grau de dependência tecnológica das cadeias de valor da indústria. Ainda assim, insisto, qualquer medida de governo se tiver caráter avançado, só será garantida no médio prazo se a base social não depender deste mesmo governo para se mobilizar e possa confrontar este governo caso veja seu interesse direto sendo atingido ou mesmo ameaçado. Embora tudo isso exista de forma embrionária e com alguns casos de sucesso e vitória – como a conquista da reforma educacional chilena após as duas rebeliões dos secundaristas, sendo a primeira em 2007 em pleno governo Bachelet – há que se reconhecer que ainda estamos distantes de termos amplos movimentos populares em unidade de luta e com capacidade resolutiva de envergadura. Uma grande responsabilidade desta ausência está justamente na política centralizadora e no reboquismo aos governos de centro e ex-esquerda da América Latina.

A centralidade do trabalho cultural: autonomia e precarização

jornalistaPor Verlane Aragão Santos*

O realce dado às atividades culturais como setor econômico com grandes potencialidades de lucros tem fortalecido a tese de que na atual fase do capitalismo a cultura assumiria a centralidade na produção de valor. Tal noção tem sido coroada em contexto histórico muito particular, dado o papel das tecnologias da informação e da comunicação (TIC), não obstante resultar de mais um ciclo de crise, próprio da dinâmica do capital. Sem entrar nas controvérsias que o tema pode suscitar, assumiremos aqui a perspectiva de que a centralidade na produção de valor continua sendo do trabalho, mais precisamente, do trabalho intelectual, cultural, criativo. A centralidade da cultura implica em pensarmos na centralidade do trabalho cultural.

Vale acentuar, contudo, que não compactuamos com as teses apresentadas, já na década de 80, por André Gorz e Claus Offe, entre outros, sobre o fim da sociedade do trabalho. Tão pouco com a tese do trabalho imaterial, defendida por Giusepe Cocco, baseada nas proposições de Mauricio Lazzarato e Toni Negri, que defendem a dissociação do trabalho em relação ao capital, conjugada nas novas formas reticulares de produção.

A discussão a ser realizada, então, não pode renunciar à busca de perscrutar as novas relações que se estabelecem entre capital e trabalho, notadamente em um quadro em que os ativos financeiros fortemente negociáveis são os relativos aos ganhos dos direitos de propriedade intelectual e autoral, próprios dos ramos baseados na inovação, no conhecimento e na criatividade, de um lado, e a crescente precarização e exploração do trabalho sob a forma de trabalho autônomo, de outro.

O desemprego estrutural, como resultante da reestruturação produtiva e da baixa dinâmica macroeconômica das últimas décadas, corresponde à busca pelas empresas de novas estratégias de corte de custos, em especial em relação ao uso e à gestão da força de trabalho, com a necessidade do sistema de dar conta da massa de trabalhadores que não conseguirá, a partir de então, inserir-se nas estruturas formais de ocupação. Mais que isso, há a busca por estratégias de apropriação da riqueza produzida por esse trabalho não formalmente subsumido, ou seja, como trabalho livre assalariado. Neste contexto, redesenha-se o perfil desejado de trabalhador, projetando-se assim:

[…] a imagem do “novo trabalhador” como um ser que substitui a carreira em um emprego assalariado de longo prazo pelo desenvolvimento individual através da venda de sua força de trabalho em uma série de ocupações contingentes, obtidas através da demonstração pública de disposição e competência para atividades e condições de trabalho em constantes mudanças, isto é, como empresário de si mesmo (SILVA, 2003, p. 165-166).

No interior das próprias estruturas produtivas, as demandas por trabalhador acentuaram aspectos como a “polivalência”, a “multi-habilidade”, estabelecendo um “modelo da competência” em detrimento ao modelo baseado no posto de trabalho. O modelo da competência resultaria das transformações em curso no conteúdo do trabalho, em que três noções devem ser consideradas: 1- a qualidade de evento/acontecimento que tomam as esferas do trabalho; 2- o crescente papel que passa a ter a comunicação nos processos de trabalho, e; 3- a importância/avanço da lógica do serviço às atividades econômicas (ZARIFIAN, 1999).

O trabalho intelectual assume papel essencial no atual estágio de desenvolvimento das forças capitalistas de produção e consequentemente no âmbito das lutas de classes. No contexto da Terceira Revolução Industrial, a questão que se coloca é a da subsunção real do trabalho intelectual (cultural, criativo) no capital “e, simetricamente, da possibilidade de uma superação da divisão entre corpo e espírito no trabalho e do atual sistema de dominação” (BOLAÑO, 2002, p. 62). Bolaño (Ibid.) aponta ainda para o papel crucial do setor de informática ou das TIC para o desenvolvimento do capitalismo, por ampliar a subsunção do trabalho, reestruturando as bases da acumulação. Refere-se mais especificamente ao trabalho intelectual onde está incluído o trabalho dos produtores de software:

O significado revolucionário dessa transformação fundamental do trabalho – e consequentemente da própria estrutura da classe trabalhadora – em que as funções de coordenação e comunicação ganham uma importância nunca antes imaginada, é tanto maior quanto o novo padrão de consumo exige também o aumento da intelectualização do próprio público de interesse, reforçando o caráter de mediador cultural que tem o trabalho intelectual (BOLAÑO, 2002: 63).

O que queremos enunciar, assim, são os limites impostos ao processo de subsunção do trabalho intelectual no capital, tal como defende Bolaño, dado o papel de mediação que esse tipo de trabalho assume no interior das indústrias culturais, garantindo a articulação dos interesses dos capitais e do Estado com as massas nos seus anseios mais íntimos e em diálogo direto aos elementos simbólicos forjados pelas culturas populares.

O quadro se definiria nos termos seguintes:

[…] além da subsunção do trabalho intelectual, necessário a esta nova fase da acumulação capitalista, ensaia-se cada vez mais neste setor novas formas de gestão baseadas naquilo que Pierre-Michel Menger vem chamando de “hiperflexibilidade da mão-de-obra”, traduzido pelo setor como “trabalho por projetos”. Transitoriedades, retração de direitos trabalhistas, enaltecimento das diferenças de remuneração, apologia da concorrência interindividual, auto-emprego, vistos agora, com sinal invertido, como legítimas formas de se valorizar e remunerar os talentos individuais, a criatividade do trabalhador precarizado (LOPES & SANTOS, 2011).

Instala-se o dissenso no interior da classe trabalhadora, já que se perde a identidade comum, transpondo-se em seu lugar a noção de empreendedor, agente individual, cujo trabalho consumido assume a pecha da ação criativa e inovadora. Não podemos, contudo, esquecer que tudo se reduz a trabalho humano, a dispêndio de energia vital, física e mental, que deverá se traduzir na forma mercadoria, no valor, sob a lógica capitalista. O empreendedor cultural é o desdobramento para a área da cultura daquele processo mais amplo, que atinge todo o conjunto da economia:

O trinômio inovação-criatividade-empreendedorismo migra do campo discursivo específico do setor empresarial e invade o setor cultural, e esse fenômeno de colonização discursiva faz crer que o projeto hegemônico do capital continua enfrentando dificuldades para conseguir lograr êxito. Os projetos identificatórios dos anos 1990 são aqui retomados para que desta vez o setor cultural contribua e intervenha em desenvolvimentos científicos, tecnológicos, políticos, industriais e comerciais em níveis cada vez mais amplos (BRAGA, 2015: 220).

Não devemos esquecer que é exatamente na busca de estabelecer uma estratégia que contrariasse a perda de rentabilidade, que países como o Reino Unido e a Austrália, na década de 1990, propuseram planos de retomada de crescimento econômico baseados nos chamados setores criativos. No interior desses setores, acomodam-se atividades com características próprias, em termos de seu desenvolvimento histórico, em especial no que diz respeito à incorporação da tecnologia e ao uso da força de trabalho. Figuram, dentre estes, desde o design, o desenvolvimento de software para jogos eletrônicos, a música, passando pelos museus e chegando ao patrimônio material e o chamado patrimônio imaterial (conforme Plano da Secretaria da Economia Criativa do MinC, na discriminação dos “setores criativos”, termo em substituição à expressão inglesa creative industries).

Referências bibliográficas

BOLAÑO, César. “Trabalho Intelectual, Comunicação e Capitalismo. A reconfiguração do fator subjetivo na atual reestruturação produtiva”. Revista da Sociedade Brasileira de Economia Política, n. 12, p. 53-78, dez. 2002.

BRAGA, William. “Novas Identidades para o Novo Mundo do Trabalho através da Cultura: o velho mantra do capitalismo revisitado”. Revista Eptic Online, v. 17, n.1, p. 218-235, jan.-abr. 2015.

SILVA, Luiz Antonio Machado da. Mercado de Trabalho, ontem e hoje: informalidade e empregabilidade como categorias de entendimento. In.: SANTANA, M. & RAMALHO, J. Além da Fábrica. Trabalhadores, sindicatos e a nova questão social. São Paulo: Boitempo, 2003. p. 140-178.

LOPES, Ruy Sardinha & SANTOS, Verlane Aragão. Economia, cultura e criatividade: tensões e contradições. Carta Maior, São Paulo, 25 fev. 2012. Disponível em: <http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Midia/Economia-cultura-e-criatividade-tensoes-e-contradicoes-%0D%0A/12/16464>. Acesso em: 03 out. 2015.

ZARIFIAN, Philippe. Objectif Compétence. Paris: Liaisons, 1999.

*Verlane Aragão Santos é professora dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação e em Economia da Universidade Federal de Sergipe e líder do grupo de pesquisa Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento, que compõe com o grupo CEPOS o Observatório de Economia e Comunicação (OBSCOM).

Precisamos falar sobre Comunicação Pública

compPor Cosette Castro*

No Brasil existem várias agências de notícias, tanto amplas como especializadas, para além das agências do mercado privado. Elas colaboram para oferecer outros olhares sobre o mundo, são fonte de informações para comunicadores e cidadãos interessados em ter vários pontos de vista sobre um tema. E também oferecem vagas de emprego.

Entre essas agências, é possível citar a Agência Andi, a Agência Patrícia Galvão, a Alice, Agência Livre e a Pública, Agência de Jornalismo Investigativo, entre centenas de outras espalhadas pelo Brasil, em geral encontráveis apenas pela internet. Mas pouca gente conhece essas agências de notícias, e mais uma vez a sociedade brasileira é diretamente atingida.

Isso ocorre porque o mercado de comunicação tradicional (comercial) é fechado e restrito a poucos concorrentes que divulgam e multiplicam suas próprias mídias. A TV Globo que fala da Globo News, que faz publicidade da Rádio Globo ou da CBN, que cita O Globo, a Agência Globo e o portal de notícia G1, que citam os filmes realizados pela Globo Filmes e os livros da Editora Globo, todos pertencentes ao mesmo grupo de comunicação.

Comunicação pública inclui também as mídias dos governos estaduais, como é o caso da TV Cultura, considerada uma das cinco melhores do mundo, e do Governo Federal. No âmbito federal, existe a TV Brasil, a TV Brasil Internacional, as nove rádios públicas, entre elas a Rádio Nacional e a Rádio Nacional da Amazônia, o portal Empresa Brasil de Comunicação (EBC), a área multimídia, aberta à participação cidadã, e as agências de notícias EBC (agência Brasil e a agência Rádio Nacional).

Trata-se de um amplo espaço de trabalho e informação ainda pouco conhecido, e subaproveitado pelas audiências. E isso atinge diretamente a sociedade, que recebe informações majoritariamente do mercado privado.

A Comunicação Pública estimula ainda o debate sobre conselhos de comunicação, ombudsman, audiências públicas, ouvidorias, transparência pública e políticas de comunicação. Isso amplia a noção de comunicação restrita a ideia de “fazedora e divulgadora” para uma comunicação estratégica, inserida na vida social. E isso diz respeito diretamente a toda sociedade.

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A Rede EPTIC apoia a campanha. Para saber mais sobre ela, acesse: https://eptic.com.br/incluicompublica/

* Cosette Castro é Pós-doutora em Comunicação. Coordenadora do Observatório Latino-Americano das Indústrias de Conteúdos Digitais (OLAICD)/UCB. Docente no Programa de Pós-graduação da Universidade Católica de Brasília. Uma das coordenadoras da campanha #IncluiComunicaçãoPública. E-mail: incluicomunicacaopublica2015@gmail.com

Palestra “Teoria Econômica e Políticas Econômicas” na UERJ

liberalismo-global

O Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (PPGCOM/UERJ) convida a todos para a palestra do professor Theotonio dos Santos, intitulada “Teoria Econômica e Políticas Econômicas”, que será realizada na próxima segunda-feira, dia 5, das 10h40 às 12h20, no auditório do PPGCOM/UERJ, sala 10.121, 10º andar, campus Maracanã.

Um dos formuladores da Teoria da Dependência, que analisa as condições de desenvolvimento nos países periféricos, Theotonio dos Santos é pesquisador visitante sênior nacional da UERJ, professor emérito da Universidade Federal Fluminense (UFF), presidente da Rede e Cátedra da Unesco sobre Economia Global e Desenvolvimento Sustentável (Reggen), presidente do Conselho Diretor do Centro de Educação Popular e Pesquisas Econômicas e Sociais (Ceppes) e membro do Conselho Deliberativo do Centro Internacional Celso Furtado. Conquistou, em 2013, o Prêmio Mundial de Economia Marxiana, concedido pela World Association for Political Economy. Tem mais de 100 livros publicados, entre trabalhos individuais e coletâneas, como “Economia Mundial, Integração Regional e Desenvolvimento Sustentável” (FGV-EBAPE, 2002), “La Teoria de la Dependencia: Balance y Perspectivas” (Cidade do México: Plaza y Janés) e os três volumes da coleção “Hegemonia e Contra-Hegemonia: Globalização e Regionalização” (São Paulo: Edições Loyola, PUC).

A palestra, organizada pelo professor Sergio Montero Souto, do Depto. de Jornalismo da FCS/UERJ, será gravada e posteriormente estará disponível no canal do PPGCOM/UERJ no YouTube e também no perfil do AudioLab FCS/UERJ no Radiotube.

Campanha #IncluiComunicaçãoPública é apresentada no Centro Cultural Marques de Melo

inclui

O Centro Cultural José Marques de Melo, da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (INTERCOM), terá no próximo sábado (3) debate com os interessados sobre a proposta de inclusão da disciplina de Comunicação Pública nas grades curriculares dos cursos antes ligados à Comunicação Social.

O evento está previsto das 10h às 13h e terá a apresentação da proposta do #IncluiComunicaçãoPública por Cosette Castro (coordenadora do Observatório Latino-Americano de Indústrias e Conteúdos Digitais – OLAICD), com coordenação de Carlos Chaparro (Universidade de São Paulo) e tendo Marli dos Santos (Universidade Metodista de São Paulo) como debatedora.

Os cursos de graduação em Jornalismo, Relações Públicas, Cinema e Audiovisual, Publicidade e Propaganda, Rádio, TV e Internet devem encaminhar ao MEC até o final deste mês as grades curriculares dos agora cursos.

A Rede EPTIC apoia a campanha. Para saber mais sobre ela, acesse: https://eptic.com.br/incluicompublica/

 

SERVIÇO

Local: INTERCOM Pinheiros – Centro Cultural José Marques de Melo

Endereço: Rua  Joaquim Antunes, 711 (Metrô Fradique). São Paulo / SP – Fone: 11-257- 48477

03/10 – 10h-13h

Revista EPTIC publica dossiê sobre cinema

revistaepticcinemaEstá no ar a terceira edição de 2015 da Revista Eptic, que, dentre outras contribuições, conta com artigos que compõem o dossiê  temático “CINEMA: SUAS POLÍTICAS E ECONOMIA”, cuja coordenação é de Anita Simis, da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP). O periódico prorrogou, ainda, o prazo para submissão para o dossiê “Estudos críticos, comunicação e esportes” até o dia 09/10.

APRESENTAÇÃO

Ao propor o dossiê temático “CINEMA: SUA POLÍTICAS E ECONOMIA ” a Revista Eptic pretendeu levar aos seus leitores insumos que permitissem visualizar um cenário mais realista do setor e, dessa forma, fomentar a discussão e o engajamento por políticas públicas e marcos regulatórios afeitos ao momento presente, o que se faz, evidentemente, também a partir da análise das experiências internacionais.

O êxito e pronto atendimento da chamada revela, cremos, não apenas a afirmação de um setor econômico estratégico, mas, igualmente, a consolidação, no âmbito da academia, dos estudos voltados à economia política do audiovisual e às políticas culturais. Nesse sentido, e devido ao grande número de artigos recebidos e qualidade analítica dos mesmos, resolveu-se, de forma inédita, desmembrar a discussão em duas edições: a próxima a ser publicada na segunda edição, maio-agosto, de 2016.

A Revista Eptic termina, assim, o ano de 2015, também brindando os seus leitores, nas seções Artigos e Ensaios e Investigação com um conjunto de reflexões sobre o trabalho intelectual e a gestão do conhecimento e o papel do intelectual, complementados, de alguma forma, com as análises sobre as formas de financiamento e empresariamento deste trabalho a partir das plataformas digitais e do chamado “trabalho colaborativo” . A Comunicação comunitária, a concentração mídiática e a questão da censura, completam esse conjunto.

Confira o sumário abaixo e acesse este número no site da revista: http://www.seer.ufs.br/index.php/eptic/issue/view/389

SUMÁRIO

ARTIGOS E ENSAIOS

Economía política, producción y gestión del conocimiento. El caso de las Universidades en Chile PDF
Carlos del Valle – Universidad de La Frontera- Chile 5-15
A MÍDIA NO BRASIL: COMO SE DÁ A CONCENTRAÇÃO DAS COMUNICAÇÕES E TELECOMUNICAÇÕES PDF
Eula Dantas Taveira Cabral – Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT) – Brasil 16-28
POLÍTICA E SUBALTERNIDADE: AS PERSPECTIVAS PARA O CANAL DA CIDADANIA NA TELEVISÃO DIGITAL BRASILEIRA PDF
Carine Felkl Prevedello – Universidade de Santa Maria – UFSM/Brasil 29-43
CENSURA: UMA INCONSTITUCIONALIDADE E UMA DISFUNÇÃO PDF
Eugenio Bucci – Universidade de São Paulo – UUP/Brasil 44-57
COMUNICAÇÃO, IDENTIDADE E CONTRA-HEGEMONIA: O PAPEL DO RÁDIO E A FORMAÇÃO DOS INTELECTUAIS ORGÂNICOS NO DOCUMENTÁRIO BOM DIA, MARIA DE NAZARÉ PDF
Bertrand Lira- Universidade Federal da Paraíba – UFPB/Brasil, Alisson Gutemberg – Universidade Federal da Paraíba UFPB/Brasil 58-69

DOSSIÊ TEMÁTICO CINEMA: SUAS POLÍTICAS E ECONOMIA

APRESENTAÇÃO DO DOSSIÊ PDF
Anita Simis – Universidade Estadual Paulista – UNESP/Brasil 70-72
ENTREVISTA COM SENEL PAZ – CINEMA CUBANO EM TRANSIÇÃO PDF
Anita Simis – Universidade Estadual Paulista – UNESP/Brasil 73-85
ARGENTINA: POLÍTICAS PÚBLICAS, MERCADOS Y POLÍTICAS PÚBLICAS PDF
Roque González – Universidad de Buenos Aires – Argentina 86-104
LA INTEGRACIÓN CINEMATOGRÁFICA EN EL MERCOSUR. UNA PROPUESTA DE PERIODIZACIÓN PDF
Marina Moguillansky – Universidad Nacional de San Martín/Argentina 105-124
LUZ, CÂMERA, (CONCENTR)AÇÃO!: AS POLÍTICAS PÚBLICAS E OS MERCADOS CINEMATOGRÁFICOS NO BRASIL E NA ARGENTINA DOS ANOS 1990 PDF
Ana Julia Cury de Brito Cabral –Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ/Brasil 125-142
PANORAMA DAS COPRODUÇÕES CINEMATOGRÁFICAS NO BRASIL (2005-2014): DIÁLOGOS E DESAFIOS PDF
Flávia Pereira da Rocha – Universidade de Brasilia – UnB/Brasil 143-162
AS LEIS DE INCENTIVO E A POLÍTICA CINEMATOGRÁFICA NO BRASIL A PARTIR DA “RETOMADA” PDF
Marcelo Gil Ikeda – Universidade Federal do Ceará – UFC/Brasil 163-177
A PRODUÇÃO CINEMATOGRÁFICA BRASILEIRA (1995-2014) E O ATUAL MODELO DE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O CINEMA NACIONAL PDF
Danielle dos Santos Borges – Universidad Autónoma de Barcelona/Espanha 178-200
VINTE ANOS DA RETOMADA: DINÂMICA DA CONCENTRAÇÃO DA PRODUÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DO FILME BRASILEIRO NO MERCADO NACIONAL PDF
Fernando Antonio Prado Gimenez – Universidade Federal do Paraná – UFPR/BRASIL, Daniela Torres da Rocha – Universidade Federal do Paraná – UFPR/Brasil, Fabiano Luiz Xavier dos Santos Universidade Federal do Paraná – UFPR/Brasil 201-225
A “RETOMADA” DO DOCUMENTÁRIO NO SUL DO BRASIL: APONTAMENTOS SOBRE A PRODUÇÃO DE 1995 A 2010 PDF
Cássio dos Santos Tomaim – Universidade Federal de Santa Maria – UFSM/Brasil 226-245

INVESTIGAÇÃO

ECONOMIA DE REDE NA PRODUÇÃO TEATRAL: A CAMPANHA DE CROWDFUNDING DA CIA. LUIS LOUIS PDF
Taiguara Belo de Oliveira – Universidade de São Paulo – USP/Brasil 246-262
MÍDIA NINJA E FORA DO EIXO: REFLEXÕES SOBRE POLÍTICA E ECONOMIA NAS REDES DIGITAIS PDF
Danielle Edite Ferreira aciel – Universidade de Sâo Paulo – USP/Brasil 263-279

RESENHAS

A PERDULÁRIA E EGOCÊNTRICA VOZ DO PODER PDF
Marcos Emílio Gomes –Jornalista/Brasil 280-285
COMUNICAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E SUSTENTABILIDADE PDF
Uênia Pereira dos Santos – Faculdade São Francisco de Juazeiro- FASJ/Brasil 286-291