Chamada de trabalhos para a FELAFACS 2015

felafacsA Federação Latino-Americana de Faculdades de Comunicação Social (FELAFCS), a Associação Colombiana de Faculdades e Programas Universitários de Comunicação (AFACOM) e a Universidad de Antioquia – Faculdade de Comunicações, estão com chamada aberta para apresentações no XV Encontro Latino-Americano de Faculdades de Comunicação Social (FELAFACS 2015), que se realizará de 5 a 7 de outubro na Plaza Mayor, Centro de Convenções de Medellín, Colômbia.

Este Encontro é o espaço acadêmico mais importante que realiza da Federações. Ele ocorre a cada três anos num país diferente da América Latina e reúne 230 faculdades de comunicação de 23 países. Em 2015, a temática central será “Convergências Comunicativas: mutações da cultural e do poder” e os três eixos temáticos a serem desenvolvidos serão:

Eixo temático 1: Cultura(s): entre meios e mediações

Eixo temático 2: Os cambiantes cenários do poder

Eixo temático 3: Transformações no âmbito acadêmico

ENVIO DE TRABALHOS

Serão escolhidas 6 propostas de apresentação para cada uma das nove mesas temáticas de cada eixo temático. Poderão participar profissionais, docentes, pesquisadores, pós-graduandos e graduandos de Comunicação ou de áreas afins, com artigos resultado de investigações acadêmicos em torno das problemáticas propostas no Encontro.

A proposta deve ser em espanhol e submetida até o dia 28 de fevereiro através do formulário no site http://felafacs2015.com/#/ponencias com a seguinte informação:

    a)  Título do trabalho.

    b)  Nome(s) do autor o dos autores.

    c)  Nome do(a) apresentador(a).

    d)  Cargo e título universitário.

    e)  Resumo do currículo.

    f)  País de residencia.

    g)  E-mail.

    h)  Nome da Universidade, Centro de Investigação ou Instituição a que pertence.

    i)  Nome da Faculdade, Programa o Escola a que pertence.

    j)  Eixo temático e Mesa Temática em que submete a proposta.

    k) Um resumo de até 400 palavras.

     • Publicação de resultados: 30 de abril de 2015.
     • Data limite para para envio do texto final: 30 de junho de 2015.
     • Requisitos: enviar ao e-mail ponenciasfelafacs2015@udea.edu.co o documento em Times New Roman, 12, espaçamento de 1,5 e máximo de 10 páginas.

Para mais informações, acesse o site do evento: http://www.felafacs2015.com/#/home

Intervozes lança livro sobre cobertura da mídia das manifestações de 2013

intervozesO Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social lança no dia 10 de fevereiro, no Sindicato dos Engenheiros em São Paulo, o livro “Vozes Silenciadas: como a mídia cobriu as manifestações de junho de 2013”. O evento começa às 19h e contará com uma mesa para debater o assunto, com a presença do professor Pablo Ortellado, o jornalista Leonardo Sakamoto, a organização de defesa da liberdade de expressão Artigo Xix Brasil e a Mídia NINJA.

O livro parte de uma questão: Se as mídias digitais serviram como ferramenta de mobilização e ampliação dos protestos, de que forma ocorreu a cobertura dos mass media? Para chegar à resposta, realizou-se um detalhado levantamento sobre como A Folha de S. Paulo, O Estado de São Paulo e O Globo trataram as Manifestações de Junho de 2013.

Para mais informações, acesse a página do evento no Facebook: http://migre.me/orog6

 

 

Chamada para Painel da ALAIC no Congresso da AIERI/IAMCR 2015

iamcrA Associação Latino-Americana de Investigadores da Comunicação (ALAIC) convida seus sócios que irão ao congresso 2015 da AIRI/IAMCR (Associação Internacional de Estudos de Comunicação Social), que acontece em Montreal de 12 a 16 de julho, a enviar propostas de resumo para o painel “Communication, Hegemony and Power: Latin American perspectives”. O debate será pautado na trajetória científica das ciências da comunicação na América Latina e perspectivas presentes e futuras de ensino, pesquisa e extensão na região.

As propostas de apresentação devem ser em formato de resumos de até 500 palavras e precisam ser enviadas para o e-mail do diretor de relações internacionais da ALAIC, Fernando Oliveira Paulino (UnB), fopaulino@gmail.com, até o dia 02 de fevereiro. Os apresentadores de trabalhos escolhidos não terão apoio financeiro da entidade, pois esta não tem orçamento para oferecer bilhete aéreo ou apoio para hospedagem ou alimentação no Canadá.

A ALAIC e a AIERI (IAMCR na sigla em inglês) têm uma relação histórica. Nos últimos anos, ocorreram ações mais próximas, tais como debates e publicações conjuntas. A realização do painel no congresso deste ano estreita estes laços e possibilita que a perspectiva latino-americana seja colocada em debate no principal evento internacional da área.

Comunicação Hoje: desafios e afirmações da área

image_creation.phpO Programa de Pós-Graduação de Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) convida os pesquisadores de Comunicação, especialmente os de PPGs do Norte e do Nordeste, para discutir, pensar e (re)pensar os aspectos políticos-afirmativos que hoje balizam a área no Seminário “Comunicação Hoje: desafios e afirmações da área”, a ser realizado em 11 de fevereiro no PPG da UFPE, em Recife.

O evento terá as participações de Eduardo Morettin  (USP), presidente da Associação Nacional de Programas de Pós-Graduação em Comunicação (Compós); Paulo Vaz (UFRJ), representante de comunicação no Comitê de Assessoramento (CA) de Artes, Ciências da Informação e Comunicação do CNPq; e a mediação de Jeder Janotti Jr, coordenador do PPGCOM UFPE.

O Seminário pretende discutir as transformações e prognósticos da área de  comunicação no Brasil através da ótica de suas principais representações na pós-graduação, observando a configuração da área e suas reconfigurações através de sua afirmação e perspectivas interdisciplinares.

 

“Boa parte dos grupos de mídia no Brasil se alinha em primeiro lugar com a lógica rentista e o fluxo transnacional de capital”

Vitória do Syriza na Grécia, com “Mercadblro” temendo pelo não cumprimento dos acordos e pagamentos frente à “crise” instalada na Europa; e medidas econômicas em prol deste mesmo “Mercado” no Brasil. 2015 começou com a economia marcando espaço importante nas pautas jornalísticas. Mas até que ponto sabemos quem é quem em meio a matérias sobre aumento de taxas de juros, superávit primário, dívida externa, austeridade, etc.?

Para nos ajudar a decifrar um pouco do porquê somos tão desinformados pela grande mídia e da participação da informação na fase financeiro do sistema capitalista, o Portal EPTIC entrevistou o coordenador do Núcleo Interdisciplinar de Estudos da Globalização Transnacional e da Cultura do Capitalismo (NIEG-CEPOS), Bruno Lima Rocha.

Bruno é doutor e mestre em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e graduado em jornalismo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. É também editor do site Estratégia & Análise, onde podem ser encontrados textos, artigos acadêmicos e entrevistas. Atualmente, leciona em cursos de Relações Internacionais, Ciência Política e Jornalismo na ESPM-Sul, Unifin e Unisinos, todas no Rio Grande do Sul, além de ocupar a diretoria de relações sociais na atual diretoria do capítulo Brasil da União Latina de Economia Política da Informação, da Comunicação e da Cultura (ULEPICC-BR).

Portal EPTIC – Você é coordenador de um núcleo de estudos que parte da importância da informação para o atual estágio do sistema capitalista, em sua forma financeira. Pode nos explicar esta relação?

Bruno Lima Rocha – No congresso mundial da IAMCR, em nosso grupo de Economia Política da Comunicação, nas duas edições em que me fiz presente (Istambul 2011 e Durban 2012), a relação entre mídia especializada em “economia”, circulação acelerada da informação e a forma financeira do capital formava um consenso. Se formos observar a circulação de dados através de satélites e a capacidade de compensação bancária através do Sistema Swift e do BIS (Banco da Basileia) já vamos observar esta capacidade sendo gestada no início dos anos 1970. Como o BIS compensa e opera 99% das relações interbancárias sem passar pela intermediação de nenhum Estado soberano (apenas os dígitos e registros são declarados), podemos afirmar que há uma relação de semi-autonomia – na rubrica da circulação do capital financeiro – entre as pessoas jurídicas que operam estas redes. Há a subordinação sim aos Estados líderes, como a relação umbilical entre a vigilância dos EUA e a absorção de dados através de códigos e palavras-chave na internet. Mas, dentro das relações econômicas e financeiras, podemos afirmar sem dúvida que a velocidade da informação acelera a capacidade transacional entre as instituições que operam no circuito financeiro de negociarem para além de qualquer capacidade de regulação das autoridades estatais indicadas para tal função.

EPTIC – O NIEG lançou um livro há um ano em que o título traz “a farsa com o nome de crise”, uma descrição que perpassa o entendimento da esquerda radical sobre os ciclos capitalistas, que necessitaria de uma crise para se reestruturar. Por que no caso da iniciada em 2007 nos EUA e passando à Europa logo em seguida vocês preferem não chamar de crise?

BLR – Primeiro, gostaria de observar que nem toda esquerda radicalizada (ou seja, as correntes que entendem a relação entre classes como conflito e que intentam criar, ou ajudar a criar, novas formas de relações sociais) assume a teoria das crises cíclicas. Mais, ainda quem absorve a tese das crises cíclicas – e logo as políticas anticíclicas – compreende que este sistema não se desmonta por crises geradas em seu interior e sim pode ser enfraquecido pela organização das bases das sociedades atingidas por estas “crises”. Não afirmamos a crise, pois a entendemos como farsa, uma vez que quando há informação perfeita dos agentes-chave não pode haver aleatoriedade e sim comportamento de manada forçosamente gerado pelos maiores interessados. A reestrutura gerada pela “crise” é simplesmente a receita do “austericídio” e a necessidade (imposta) de garantir margens asiáticas de ganhos. No Fórum Econômico de Davos em 2015 ficou constatado que os 1% mais ricos do planeta controlam maior fluxo e acumulação de riquezas do que o restante do planeta junto. Não afirmamos crise e sim farsa, pois os poderes de “regulação” e os agentes financeiros – cujos executivos transitam entre as esferas política, econômica e ideológica – tinham informação perfeita do que ocorria dentro do sistema hipotecário dos EUA. Logo, houve uma farsa diante da não-aleatoriedade.

EPTIC – Falando em crise, este foi um dos temas da campanha presidencial brasileira. Lá atrás, o ex-presidente Lula disse que ela seria para nós uma “marolinha”. 7 anos depois, com a economia mundial ainda estagnada, pode-se dizer que realmente só foi uma marolinha para o Brasil? Se houve efeitos aqui, quais foram?

BLR – Os efeitos no Brasil podem ser observados no chamado esgotamento do modelo de partilha, entre a garantia dos ganhos do capital financeiro (cuja lógica rentista é a grande vitoriosa no chamado 3º turno das eleições no Brasil) e uma espécie de tímido keynesianismo tardio. Diante da recessão europeia e da frágil recuperação da economia dos EUA e mesmo na desaceleração da economia chinesa (cujo tamanho é tão absurdo que quando há crescimento de 7 pontos parece ao mundo que a expansão capitalista na China está “devagar”), o Brasil não foi mal em suas políticas anticrise ou anticíclicas. Os efeitos são sentidos na diminuição do crescimento econômico e na rendição ao capital financeiro já no início do 2º mandato da presidenta Dilma Rousseff. Realmente, o Estado brasileiro não aguentaria o financiamento da expansão interna sem uma poupança à altura e, logo, sem entrar no montante dos mais de 40% do compromisso do orçamento federal para rolagem da dívida odiosa (este é um conceito, uma dívida duvidosa que atravessa a capacidade cotidiana de exercícios de direitos básicos e da função do Estado, como sustentar o Sistema SUS), o modelo se veria esgotado. Estamos muito dependentes da economia chinesa, tal e como a maioria dos países do Continente, e precisaríamos urgentemente de aumento da poupança interna para dar conta da expansão da economia aqui existente e atender as funções básicas desta limitada democracia liberal.

EPTIC – Ainda sobre as eleições, tivemos um embate marcante na TV aberta: a entrevista do Bom Dia Brasil com a presidenta Dilma Rousseff com a participação da comentarista econômica Miriam Leitão, com direito a correção do telejornal após a exibição. Esta foi uma eleição em que os comentaristas econômicos globais (incluindo aí o Sardenberg) expuseram mais seus pontos de partida ideológicos de produção?

BLR – Sim. Eu diria que, na verdade, isto foi notado, pois nossas pesquisas indicam que há esta exposição ideológica dentro de um paradigma neoclássico vulgar – também chamado de neoliberal – além de uma vontade infinita de coagir a soberania popular (já ínfima na definição do voto) diante de um discurso tecnicista sempre a ocultar as premissas neoliberais. O acirramento que houve no final do 1º turno e ao longo de todo o 2º turno para eleições presidenciais decorre da estratégia de campanha do lulismo, que faz sempre o apelo de classe quando vê o páreo apertado, e a consequente opção por um debate onde o Estado Nacional seria o único vetor possível de desenvolvimento capitalista menos injusto. Isto acirrou a contraposição dos meios hegemônicos, o que culminou na capa de Veja em edição antecipada na semana das eleições e o escrache contra a sede do grupo controlador da publicação na véspera do pleito. Se formos observar o tema da relação orgânica entre Estado e empresa capitalista, estamos relendo os fundamentos da crítica da economia política, logo, teríamos de condenar esta relação execrável que garante o caráter de classe de todo e qualquer Estado para com sua elite dirigente, fração (frações) de classe privilegiadas no acesso aos recursos coletivos, evidenciando também o acesso desigual aos recursos de poder e de empreendimento.

EPTIC – Por fim, poderia falar sobre a relação dos grandes grupos midiáticos brasileiros com o capital financeiro, se é que há alguma, que possa justificar a defesa de prática de modelos econômicos mais neoliberais que os dos últimos governos, mesmo partindo de um setor econômico cuja liberdade de atuação é quase que infinita?

BLR – Há duas dimensões neste sentido. Há presença de porcentagem de controle acionário por parte de fundos de investimento de risco (hedge funds, fondos buitres), mas o ataque ao aparelho de Estado e a diminuição da capacidade de intervenção dentro do modelo cepalino [desenvolvimentista por substituição das importações], estruturalista e cujo ápice na América Latina foi o Estado Nacional-Desenvolvimentista, já vem desde a segunda metade da década de 1980, reforçado após a queda do Muro de Berlim e do lamentável Consenso de Washington. Ou seja, não é porque as empresas de mídia estão com presença acionária de fundos duvidosos que seus colunistas e a linha editorial faz aberta pregação neoliberal. A ideologia não está diretamente vinculada às condições materiais de existência e a ideia de modernização da sociedade brasileira sempre foi uma mímica de sociedades ocidentais europeias ou europeizadas. Existe um sentido de crença dogmático na suposta racionalidade dos agentes de mercado, na retração destes diante de ambientes pouco convidativos aos investimentos e da defesa de que pouca regulação implica em garantia de liberdades fundamentais. Do ponto de vista da geografia econômica básica e do Sistema Internacional os pressupostos acima são simplesmente absurdos, formando uma perigosa fantasia voltada para converter sociedades em indivíduos atomizados e mão de obra precária no fluxo do pós-fordismo mais cruel. Como o tema é hermeticamente vedado à capacidade de compreensão da população e as garantias jurídicas para a crueldade – a meu ver beirando a sociopatia – dos investidores-especuladores em escala mundo nos leva a crer que não há alternativa, logo a diminuição da capacidade de intervenção do Poder Executivo na economia nacional é uma bandeira permanente dos grupos e setores de classe que querem o Estado para si, suas crenças e seus interesses diretos. Há que ressaltar que o modelo de desenvolvimento a todo custo tampouco é justo e faz do Executivo a antessala dos capitais que operam no Brasil. Um bom exemplo disso são as hidrelétricas de Juruá e Belo Monte e o desastre socioambiental destas decorrentes. Enfim, trata-se de dois embates simultâneos. Um, cotidiano, se dá entre os grupos de mídia aliados aos especuladores financeiros comandados no Brasil pelos bancos de correntistas (basta observar o titular do Ministério da Fazenda indicado no 3º turno para acalmar “os mercados”) e, de outro lado, todos os que compartilham da crítica ao neoliberalismo, sendo estes tanto keynesianos como autogestionários. O segundo embate se dá dentro do campo da crítica à economia política capitalista, quando a maior parte das escolas não rompe com o capitalismo em nenhuma circunstância (por exemplo, como o NEP leninista e suas tenebrosas consequências) e por isso mesmo se defronta contra grupos e movimentos em defesa dos interesses coletivos dos atingidos por esta expansão capitalista a todo e qualquer custo. Aí, neste segundo caso, os grupos de mídia se aliam aos capitais empreendedores e criminalizam o protesto social. De um modo geral, boa parte dos grupos de mídia no Brasil em suas editorias especializadas se alinha em primeiro lugar com a lógica rentista e o fluxo transnacional de capital. Mas, dentro do campo dos que são contra o neoliberalismo temos embates tão duros quanto os que ocorrem na crítica ao capital financeiro e seus porta-vozes oficiosos dos grupos de mídia.

Seleção para professor substituto na UFFRJ

uffrjO curso de Jornalismo da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro abriu processo de seleção para dois professores substitutos para as disciplinas de Teorias da Comunicação (uma vaga) e Fotografia (uma vaga). As inscrições vão 26 a 30 de janeiro e deverão ser efetuadas exclusivamente pela internet a partir do endereço eletrônico www.ufrrj.br/concursos.

A vaga para Teoria da Comunicação tem carga horária de 40h/s e exige graduação em Comunicação, Antropologia, História ou Artes e mestrado em Comunicação. Já a de Fotografia é de 20h/s e exige graduação em Comunicação e mestrado em Artes, Design ou Comunicação.

O edital com as informações completas pode ser visto em: http://www.ufrrj.br/concursos/edital01-2015.pdf ou http://www.ufrrj.br/concursos/

[Seminário OBSCOM/CEPOS] Políticas culturais e desenvolvimento

obscom4A segunda mesa do XIII Seminário OBSCOM/CEPOS, realizada na Universidade Federal de Sergipe (UFS), em 11 de dezembro, apresentou dois posicionamentos um pouco distintos para tratar das políticas culturais e desenvolvimento na América Latina.

Pesquisadora da Universidad de Buenos Aires (UBA), Silvia Lago tratou dos bens culturais digitais. Dentre outros aspectos, Silvia destacou que software também é cultura, passando por uma série de experiências que demonstram a necessidade do acesso aberto na via digital, já que ainda não há a eliminação da natureza finita e concentradora dos meios físicos da distribuição.

Silvia afirmou ainda que o problema dos dias atuais não seria a pirataria, mas o anonimato, o que faz com que cresça a existência de microeditoras, no caso das publicações. Na Argentina, desde o final de 2013, há uma legislação que obriga a publicação em repositórios abertos para os pesquisadores que recebem recursos governamentais. Na Bolívia, segundo a pesquisadora, desde 2012 que o governo eletrônico e o software livre estão no nível central do Estado, em meio à aprovação da lei de telecomunicações e TICs.

A pesquisadora argentina lembra que a Internet começou como um bem comum, sendo necessário continuar a defesa do modelo colaborativo em meio a um debate que tende a assumiu um caráter ideológico, com as controvérsias sendo superadas pelas forças sociais. Neste ínterim, caberia ao governo ações que permitam criar um marco civil para o setor com as seguintes características: proteção da privacidade; liberdade de expressão; neutralidade da rede; e o debate público sobre a regulamentação.

Criador do Observatório de Economia e Comunicação (OBSCOM/UFS), César Bolaño destacou que há termos em disputa neste debate. Lembrou a gestão Gilberto Gil e Juca Ferreira no governo Lula, no Ministério da Cultura do Brasil (2003-2012), como representante de uma posição influenciada pela diversidade da Unesco e do conceito de indústria criativa. César critica a debate europeu, que apresenta um ponto de vista limitado com a separação do pensamento crítico entre indústria criativa e indústria cultural. Semanas depois, por sinal, Juca Ferreira seria anunciado como Ministro da Cultura no segundo governo da presidenta Dilma Rousseff.

Sobre o desenvolvimento do software, apontado por Silvia antes, César afirmou que isto permite um reenquadramento do trabalho intelectual, que passa a estar no centro desta categoria, num sistema que exige um engajamento anímico muito forte, em que a inovação e a criatividade – outro termo em disputa – vêm à frente.

César afirma ainda a necessidade de compreender de forma global para entender e propor políticas culturais, de maneira a se defender a diversidade articulada a uma discussão sobre a hegemonia, caso contrário, o mercado é quem seguirá decidindo, ainda que considerando que há uma disputa entre diversos níveis de diversidade mesmo na perspectiva mercantil.

obscomgtGRUPOS DE TRABALHO

Após as mesas, a última atividade do XIII Seminário OBSCOM/CEPOS resgatou uma atividade importante tanto dos Seminários CEPOS anteriormente realizados quantos dos eventos sob a organização do OBSCOM, reunidos no seminário deste ano: a apresentação de trabalhos de pesquisadores e pesquisadoras de diferentes níveis que constroem os grupos de pesquisa que atualmente conformam o OBSCOM. Além disso, a proposta de 2014 ano levou em conta uma tentativa de abrir espaço para apresentações de outros Estados, de maneira a gerar um diálogo entre pesquisadores de diferentes universidades que partem ou dialogam com a Economia Política da Informação, da Comunicação e da Cultura.

Foram apresentados trabalhos em dois espaços diferentes da UFS, possibilitando a troca de perspectivas de aplicação teórico-metodológica frente a diversos objetos de estudo e um debate salutar para a evolução das pesquisas.

[Seminário OBSCOM/CEPOS] Políticas do audiovisual em países da América do Sul

obscom2A partir do final da década de 1990, vemos candidatos e candidatas a presidenta de partidos da esquerda ganhando eleições na América do Sul. Como contraofensiva, os grupos midiáticos líderes de cada país que se agregava a essa situação entrando em confronto com cada alternativa posta. Nem todos se arriscaram a enfrentar esta batalha através da necessária renovação da regulamentação da radiodifusão e mesmo quem conseguiu isso, deixou abertas possibilidades para ampliar a democratização da comunicação.

Aproveitando-se da presença de pesquisadores de diferentes países da região, as políticas do audiovisual, as comunicações e os desafios para Chile, Uruguai e Brasil representou o tema da primeira mesa do XIII Seminário OBSCOM/CEPOS, realizado na Universidade Federal de Sergipe (UFS), em  11 de dezembro de 2014.

Pesquisador da Universidad de la Frontera, do Chile, Carlos del Valle apresentou o caso do país, destacando a necessidade de intervenção forte do Estado numa realidade de mercado totalmente concentrado. De acordo com del Valle, há um monopólio ideológico cujo efeito principal é que dificulta qualquer transformação. No Chile, 57% do bolo publicitário é dedicado às emissoras de TV.

O pesquisador chileno destacou que a digitalização da TV até pode ampliar a possibilidade de emissoras, entretanto, o problema seria o de regular, não ampliar a quantidade. Segundo ele, os proprietários de mídia e profissionais estão otimistas; entretanto, a atuação dos investigadores e críticos ao modelo vigente é de indolência na ação. Desta forma, haveria a necessidade de discutir as problemáticas para produzir conhecimento que sustente políticas para o setor.

Gabriel Kaplún, da Universidad de la República, do Uruguai, optou por fazer um resgate dos momentos em que a implementação de políticas públicas de comunicação veio à tona na América do Sul. O primeiro foi a discussão quase fracassada das décadas de 1970 e 1980, em meio aos debates no âmbito da Unesco de uma Nova Ordem Mundial de Informação e Comunicação.

O segundo momento, atual, teria começado a aproximadamente 10 anos, com as eleições de presidentes de partidos à esquerda em diferentes países. Alguns deles implementaram reformas, mas ainda sem considerar a convergência midiática. Conforme o pesquisador, uma parte da expectativa se perdeu, com a continuação da má regulação dos meios comunitários, definida pelo caciquismo político local, e certo temor sobre o dinheiro a ser conseguido para mantê-los.

Para Kaplún, é necessário impulsionar uma desconcentração, uma regulação da mídia, incentivar a comunicação pública, legalizar o setor comunitário e impulsionar a participação da sociedade civil. Como ferramenta de participação, ele sugere a criação de conselhos assessores de cidadãos, por entender que não há reformas possíveis antes de se ampliar a discussão.

Representante brasileiro na mesa, Fernando Paulino (UnB), lembrou a necessidade de entender a liberdade de expressão na esfera de direitos individuais. Além disso, destacou que houve no Brasil um processo de fragmentação política e dispersão normativa, com diferentes legislações para o mercado comunicacional, casos do Código Brasileiro de Telecomunicações, que desde 1962 legisla sobre a radiodifusão gratuita; e da Lei Geral de Telecomunicações, que passou a normatizar na década de 1990 a TV sob acesso condicionado a pagamento.

Paulino destacou também a complementariedade insuficiente entre meios públicos, privados e estatais, algo garantido pela Constituição, com um sistema público de comunicação marginal que não faz com que o povo se sinta parte.

Os exemplos apresentados na mesa, que também discutiu o modelo argentino e a Ley de Medios (2010), mostram a necessidade de se seguir nos debates sobre as políticas de comunicação. Nesta perspectiva, pensar a mudança na Indústria Cultural, agora em uma fase convergente, e garantir uma real participação social nos debates por uma maior democratização da comunicação são elementos essenciais para nosso subcontinente.

Chamada de capítulos para o livro ALAIC-ECREA

alaic_ecreaOrganizado em parceria pela Associação Latino-Americana de Investigadores da Comunicação (ALAIC) e pela Associação Europeia de Pesquisa e Educação em Comunicação (ECREA), esta Chamada de Capítulos pretende reunir textos que reflitam sobre os principais paradigmas na pesquisa em Comunicação e Estudos de Mídia na Europa e na América Latina. Além disso, o projeto do livro pretende estimular um diálogo entre autores europeus e latino-americanos a partir da produção conjunta dos capítulos do livro. 

Para isso, os editores do livro vão selecionar artigos vindos da Europa e da América Latina, de acordo com os eixos propostos abaixo. Cada texto deve ser relacionar com o paradigma selecionado focado em sua própria região, elaborando o papel que esse paradigma tem desempenhado dentro de um dos dois continentes nas pesquisas em Comunicação e Estudos de Mídia.

É necessário que os textos incluam uma perspectiva histórica, uma análise detalhada dos debates atuais e propostas sobre perspectivas futuras. Sempre pertinentes, propostas teóricas e abordagens metodológicas também podem ser incluídas.

No processo de avaliação dos textos, os editores do livro vão convidar os autores que têm capítulos escritos sobre o mesmo paradigma para estabelecer um diálogo on-line que vai levar a uma introdutória (textual) reflexão adicional. Este processo inovador visa construir uma sólida e enriquecedora troca de ideias entre os autores a serem envolvidos no livro, e vai acrescentar uma dimensão comparativa no projeto do livro.

A) Eixos do livro

1. Correntes funcionalistas. Com um desenvolvimento inicial baseado nos Estados Unidos, a influência deste paradigma está presente em atividades acadêmicas, práticas profissionais e sistemas de comunicação em vários lugares do mundo. Os editores esperam receber textos que debatam e promovam reflexão sobre a presença de estudos funcionalistas em pesquisas realizadas na Europa e na América Latina, também lidando com suas relações conflitivas ou consensuais com outras abordagens. 

2. Correntes críticas. Da Escola de Frankfurt aos estudos de economia política da comunicação, primeiro na Europa e depois na América Latina, uma grande variedade de perspectivas de análise foi desenvolvida com foco crítico sobre as estruturas de poder (discursiva, econômico etc.). Textos que se encaixam neste eixo da Chamada devem se concentrar em analisar a história dessas perspectivas em uma das duas regiões, estudando cuidadosamente as suas ligações, a sua presença atual na Pesquisa Comunicação e suas relações com outras perspectivas.

3. Correntes culturalistas. Parcialmente desenvolvido como uma crítica sobre as correntes críticas, Estudos Culturais na Europa e América Latina desenvolveram um foco em: representações, mediações sociais que reconstroem o significado de mensagens (de mídia), e em configurações culturais que são inseridas e produzidas. A Chamada pretende receber textos que analisem e atualizem o debate provocado por estudos culturais, analisando suas continuidades contemporâneas na América Latina ou na Europa.

4. Correntes alternativistas. Com origens fora da academia e com uma presença mais forte na América Latina, os autores alternativistas tentaram construir alternativas concretas à mídia hegemônica e aos processos de comunicação. Consequentemente, os editores esperam receber artigos com uma avaliação crítica da história desta abordagem, de suas conexões no campo da comunicação e seus diálogos com as outras perspectivas.

5. Correntes pós-colonialistas e descolonialistas. Perspectivas pós-colonialistas, inicialmente decorrentes da Ásia, propõe uma leitura alternativa da história, enfatizando e recuperando a voz daqueles atores mantidos em silêncio sob o poder colonial ou influência, questionando os modelos de desenvolvimento da modernidade global como um todo. Na América Latina, mas também na Europa, algumas propostas têm adotado essa abordagem, dando início a um diálogo no contexto dos estudos de comunicação, combinando-a com outras vozes que vêm do Sul global.

Estamos especialmente interessados em receber textos sobre estes desenvolvimentos muito recentes e as percepções provenientes desses diálogos dentro e em torno da pesquisa em comunicação e nos estudos de mídia.

6. Correntes feministas. Pretendemos receber artigos que estudam as raízes teóricas e as implicações práticas da pesquisa feminista, na Europa e na América Latina. Estas análises fornecem avaliações críticas do papel do gênero, dentro de um horizonte de justiça social e de empoderamento.

B) Processo de Seleção, debate e edição

Para realizar uma seleção preliminar dos autores, solicitamos o envio até 15 de fevereiro de 2015 de um resumo alargado de até 1000 palavras (.doc, .odt ou .rtf) em Inglês ou em espanhol ou em Português para: Miguel Vicente (mvicentem@yahoo.es / miguelvm@soc.uva.es), Leonardo Custodio (Leonardo.custodio@uta.fi) e Fernando Oliveira Paulino (fopaulino@gmail.com).

No início da proposta, deve haver uma identificação clara dos seguintes aspectos:

Nome do(a) autor(a)
– País de origem e / ou residência

– Região: Europa ou na América Latina
– Eixo temático selecionado, de acordo (1 a 6) de acordo com a proposta acima

O(s) autor(es) também deve(m) mencionar se está(ão) planejando participar da Conferência da IAMCR em Montréal (12 a16 julho de 2015, www.iamcr.org), pois os editores de livros estão considerando a possibilidade de convocar uma reunião ou um painel interativo, se houver um número suficiente de autores que possam participar da Conferência. Estar presente na Conferência da IAMCR não é uma obrigação para participar do projeto do livro.

Os editores do livro vão notificar os autores dos resumos dos capítulos selecionados até 6 de Março de 2015. Os editores podem propor indicações para o capítulo a partir do que for lido no resumo encaminhado.

Os autores devem enviar uma primeira versão dos seus capítulos – em Inglês ou em espanhol ou em Português – até 22 de maio de 2015. Cada capítulo terá entre 5000 e 8000 palavras. As propostas de capítulos vão ser revisados pelos editores. Pareceristas externos podem ser adicionados nesta fase, a fim de incluir contribuições adicionais para os capítulos. O resultado da avaliação será comunicado até 22 de junho de 2015, algo que vai permitir que os participantes da Conferência da IAMCR (se o painel sobre o livro for viabilizado) apresentem as versões já revisadas de seu capítulo, como textos da Conferência. A Conferência da IAMCR será organizada em Montreal entre 12 e16 julho de 2015.

Todos os autores deverão enviar em uma nova e semi-final versão até 15 de Setembro de 2015. Estes capítulos semi-finais serão compartilhados entre todos os autores e editores.

Entre 15 setembro e 15 novembro de 2015, os editores do livro vão envolver os autores que escrevem sobre os mesmos paradigmas em uma discussão online, a fim de comparar as articulações destes paradigmas nos dois continentes, com a intenção de produzir textos adicionais, escrito em conjunto pelos autores de cada paradigma e um dos editores, que também serão incluídos no livro. Além disso, neste período, os autores ainda vão poder fazer ajustes em seus capítulos, se desejarem fazê-lo. Os artigos ligados aos debates comparativos deverão estar prontos até 15 de dezembro, em conjunto com todas as versões finais dos capítulos individuais.

Os autores vão enviar os seus capítulos definitivos: 1) em Inglês ou 2) em espanhol ou 3) em Português, até 30 de novembro de 2015. Uma vez que um capítulo estiver finalizado, ele será traduzido do Inglês para o Espanhol ou do Espanhol / Português para Inglês (dependendo de sua língua original). Os editores vão buscar apoio financeiro para esta tradução, mas não tem condições de garantir isso nesta fase. O objetivo é publicar o livro em Inglês e em Espanhol / Português.

A data de lançamento prevista do livro é início de 2017, com a sua apresentação durante a Conferência da IAMCR em 2016.

Editores:

Fernando Oliveira Paulino (ALAIC), Miguel Vicente (ECREA) e Leonardo Custodio (ECREA) 

Corpo Editorial: 

César Bolaño (ALAIC), Nico Carpentier (ECREA e IAMCR) e Gabriel Kaplún (ALAIC).

[Seminário OBSCOM/CEPOS] O futuro da EPC

obscom1A luta epistemológica é um dos temas presentes nos debates com a participação de pesquisadores brasileiros da Economia Política da Informação, da Comunicação e da Cultura (EPC). A palestra de abertura do XIII Seminário OBSCOM/CEPOS, evento realizado na Universidade Federal de Sergipe (UFS) no dia 11 de dezembro de 2014, teve como convidado o professor Ruy Sardinha Lopes (USP). Com base nesta preocupação, o atual editor geral da Revista EPTIC Online apresentou “O futuro da EPC”, percorrendo do estado da arte aos desafios para este eixo teórico-metodológico nos próximos anos.

Ruy contou o estado da arte que compõe a constituição dos estudos em EPC tendo como pressuposto que não se trata de uma área de interface ou de uma discussão culturalista em indústrias culturais, mas de estudos em função do modelo econômico que deu origem aos produtos culturais.

Apresentando as tradições estadunidense e europeia, que tiveram como eixos inaugurais conceitos como mercadoria-audiência, função publicidade e cultura flot, Ruy chega ao desenvolvimento particular da área na América Latina. Segundo ele, há o resgate do pensamento marxista com questões culturais importantes, na constituição de um pensamento crítico que se desenvolveu de maneira quase autônoma. O “passo atrás” de voltar a Marx para entender o projeto de desenvolvimento aplicado após a 2ª Guerra Mundial permaneceria para observar a mudança na própria lógica de acumulação, que gerou a necessidade de oferta de instrumentos analíticos específicos.

Assim, segundo o pesquisador da USP, houve a necessidade de constituição de uma nova agenda que superasse as análises de conteúdo, com velhos esquemas perdendo vigência. Dentre os elementos que compõem esta agenda estariam: o processo de convergência tecnológica; e a centralidade das indústrias culturais nos processos de acumulação do capital, com a centralização da cultura sendo sobretudo econômica. Neste sentido, a crítica da EPC ganha relevância, com toda uma discussão sobre o valor inerente ao campo das artes, por exemplo, tornando-se importante para os estudos da Economia.

O desenvolvimento da EPC perpassou estudos que contaram com estas análises. Para o futuro, Ruy aponta, dentre outras coisas, a necessidade de rever os princípios da área e possibilitar que novos paradigmas sejam estabelecidos, com diálogo com outras ciências da Comunicação. Haveria ainda novos enfoques a serem buscados, casos da ruptura do emissor-receptor (gerando o que alguns autores apontam como “prossumidor”), a neutralidade da rede, a comunicação da rede e a pluralidade e diversidade de conteúdos. Mesmo com divergências internas, outro ponto de análise é a transformação do trabalho cultural e da comunicação, representada por modelos como o do Google. Assim como, a discussão sobre as Economias Criativas, utilizadas pelo neodesenvolvimentismo. Segundo Ruy, esta discussão vem sendo capitalizada por correntes neoclássicas, mas pode ser melhor estudada pelos pesquisadores da EPC.

Ruy entende que a EPC já representa uma teoria da comunicação e um campo epistêmico, ainda que não tenha privilégio exclusivo na área. Para ele, o desafio à vista é cristalizar os métodos de investigação desse objeto, por se tratar de um campo heterogêneo e interdisciplinar, mas sem ser eclético. Faz-se necessário, portanto, um programa de pesquisa científica que tenha como núcleo conceitual o “passo atrás” da visada marxista.