O segundo e último dia (20) do décimo quinto seminário do grupo de pesquisa OBSCOM/CEPOS na Universidade Federal de Sergipe teve como marca a necessidade da perspectiva crítica da pesquisa na América Latina e na África.
Na primeira mesa, Muryatan Barbosa (UFABC) e Hilda Saladrigas (Universidad de la Habana-Cuba) trataram do “Capitalismo Global, África e América Latina”.
Com doutorado e pós-doutorado em História da África, ao longo de sua apresentação, Muryatan frisou a importância da discussão da raça no Brasil, pois “pensar a raça não é estudar um problema das minorias no Brasil, mas da maioria”. Ainda segundo o professor da UFABC, a raça estrutura o Brasil, ainda que mais para mal que para bem, sendo assim necessário debatê-la, especialmente a partir de uma série de autores brasileiros quase desconhecidos que fizeram e fazem essa discussão numa perspectiva marxista desde os anos 1980.
Hilda Saladrigas optou por iniciar com o histórico da racialidade negra em Cuba, definido por quatro etapas: Escravidão (Séc. XVI-XX), Abolição (1868-1898), Esforço pela igualdade (1902-1959) e Eliminação da desigualdade (1959-…). Apesar da constituição pós-revolução exigir a igualdade, em diferentes esferas da sociedade a desigualdade persiste, caso da presença de negros na mídia cubana, que é pequena. Assim, dentre os objetivos atuais, cabe o de monitorar sistematicamente o comportamento da racialidade e as manifestações de um neo-racismo.
O último turno da manhã e o primeiro da tarde foram dedicados às apresentações dos trabalhos aprovados para o III Encontro dos Grupos de Pesquisa em EPC, que tiveram resumos (leia aqui) apresentados por pesquisadores de diferentes lugares do país, casos de Sergipe, Alagoas, Piauí e Rio de Janeiro, com diversos objetos de estudo dentro da Economia Política da Informação, da Comunicação e da Cultura ou de áreas próximas.
O encerramento do evento ficou por conta da mesa Epistemologias do Sul, com apresentações de Sônia Meire Azevedo (UFS) e Ruy Sardinha Lopes (USP).
Para começar sua fala, Ruy tratou de “corrigir” o tema da mesa para “epistemologias periféricas”, pois amplia o quadro de constituição hegemônica e contra hegemônica de teorias e metodologias nas Ciências Humanas e Sociais. O pesquisador fez um relato histórico sobre os estudos marxistas desde a década de 1920, passando pelo refluxo a partir dos anos 1970 – dado, dentre outras questões, pelos limites interpretativos de uma teoria moldada fora da transformação dialética então vivida pela pós-modernidade e pelo neoliberalismo -, até a retomada a partir dos anos 1990.
No vídeo abaixo, o pesquisador trata da originalidade do pensamento da EPC desenvolvida no país:
Por fim, Sônia apresentou projetos da Educação que envolvem comunidades de regiões periféricas, destacando a necessidade de a teoria marxista estar próxima da prática.
Para fechar o evento, os líderes do grupo de pesquisa OBSCOM/CEPOS, Verlane Aragão e César Bolaño, fizeram os agradecimentos pelo evento e anunciaram que o provável tema do XVI Seminário OBSCOM/CEPOS deverá tratar das questões de gênero.