Em tempos sombrios e de retirada de direitos, a Revista Eptic publica, no segundo número de seu volume 20, o Dossiê “Golpe, Impeachment, Comunicação e a Atual Conjuntura Brasileira”. Coordenado pelo Prof. Dr. Carlos Figueiredo (PPGCOM/UFS), o dossiê conta com oito artigos e uma entrevista com a Profa Dr(a) Maria Eduarda da Mota Rocha (UFPE).
O Golpe Parlamentar de 2016 no Brasil jogou o país em uma conjuntura que demonstra a fragilidade das instituições construídas a partir da redemocratização em 1985 cujo marco jurídico está assentado na Constituição de 1988. Ainda que, como lembra Francisco Oliveira, muitas das promessas contidas na Carta Magna de 1988 não tenham se materializado, elas eram marcos legais a partir dos quais se davam lutas por direitos. Sejam lutas pela universalização de educação e saúde de qualidade, por direito à moradia e à terra ou por comunicação pública.
A destituição da presidenta Dilma Rousseff abriu o caminho para um ataque aos parcos direitos conquistados desde a redemocratização e também ao sonho da implementação das promessas contidas na Constituição de 1988. Ou seja, há claramente um estreitamento do horizonte democrático no pós-golpe, a retirada do que Hannah Arendt chama de o “direito a ter direitos” que nada mais é senão a possibilidade de sonhar com uma democracia ampliada.
Os oito artigos e a entrevista que compõem o Dossiê “Golpe, impeachment,comunicação e a atual conjuntura brasileira” buscam traçar um panorama acerca do momento turbulento por que passa o país a partir de reflexões sobre a Indústria Cultural e a Comunicação. Abrindo o Dossiê, a entrevista concedida pela Profa Dra Maria Eduarda da Mota Rocha oferece uma perspectiva multifacetada dos acontecimentos recentes.
Os artigos desse dossiê podem ser divididos em dois blocos. No primeiro bloco, estão quatro textos focados na análise do papel dos meios de comunicação na destituição de Dilma Rousseff. Análises da cobertura jornalística, das narrativas feitas durante a disputa política pré-golpe e do uso de Sites de Redes Sociais mostram um esforço profícuo dos autores de compreender como foi travada a batalha por consenso durante a crise política que ainda vivemos.
Enquanto o segundo bloco é composto por artigos que buscam compreender as consequências do golpe parlamentar nas políticas de comunicação, cultura e telecomunicações seja nas tentativas de privatizar a infraestrutura de telecomunicações do país, nas mudanças e permanências no uso da verba destinada à propaganda governamental ou na análise do discurso dos ministros da Cultura no governo Temer.
O Dossiê pode ser acessado aqui