Livro sobre democratização da comunicação é lançado na Bienal Alagoas

A 8º Bienal Internacional do Livro de Alagoas terá o lançamento neste sábado (07) do livro “O discurso da democratização da comunicação: memórias, lutas e efeitos de sentido”, de autoria do professor da UFAL Júlio Arantes Azevedo. O evento ocorrerá a partir das 19h, no Café Literário Cantinho das Letras.

A obra tem como base a dissertação de mestrado defendida no Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística da UFAL, tendo como objeto o discurso do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC). A orelha do livro foi escrita por César Bolãno (UFS/ULEPICC-Brasil) e segue, na íntegra, abaixo:

Embora na sua análise em torno do discurso sobre regulamentação e regulação dos meios de comunicação, tomando as mudanças no contexto histórico para desembocar nas propostas do FNDC, o autor utilize essencialmente os instrumentos de Análise de Discurso, o livro de Júlio Arantes representa uma contribuição importante também para a Economia Política da Comunicação e da Cultura, não apenas pela relevância do tema, mas também pela perspectiva que abre de articulação entre esses dois importantes paradigmas críticos do campo da comunicação que ele conhece muito bem. Olhando em retrospectiva, a maioria das esperanças do Fórum não se realizaram, embora alguns movimentos importantes tenham ocorrido, como a realização da Conferência Nacional de Comunicação, ainda no Governo Lula, ou a promulgação do Marco Civil da Internet, no Governo Dilma, ambos com forte participação dos movimentos em torno da democratização da comunicação no Brasil. No entanto, as importantes mudanças estruturais ocorridas nas comunicações, com reflexos na regulação, ao longo dos governos petistas, foram fruto essencialmente de movimentos do próprio mercado, como no caso paradigmático da reforma dos chamados Serviços de Acesso Condicionado, em 2011, em que os atores empresariais, internos e externos, que vinham disputando a hegemonia no setor desde a privatização das telecomunicações no Brasil, na década de 90 do século passado, acabaram por chegar a um acordo para a repartição do poder na TV segmentada. É certo que houve também nesse caso algum ganho, concernente ao tratamento dado à produção nacional, mas no final das contas, a situação deixada pelos governos petistas no campo da comunicação não difere em essência daquela herdada do regime militar. Pior, o novo governo, instalado em 2016, agiu rapidamente no sentido de reverter mesmo os pequenos avanços realizados à época, como no caso, bem conhecido, da TV pública. Produzido num momento de grandes esperanças, o livro de Arantes torna-se hoje uma peça fundamental para a reflexão sobre os limites da luta pela democratização da comunicação tal como ela se apresentou historicamente no Brasil nos anos recentes, reforçando os instrumentos do pensamento crítico e engajado nesse setor cuja democratização é condição essencial para a democratização inconclusa da sociedade brasileira.

César Bolaño, julho de 2017.

O livro foi selecionado pelo Edital nº 01/2017 FAPEAL/CEPAL/EDUFAL, que contemplou 60 obras escritas por
professores vinculados a Programas de Pós-Graduação existentes em Alagoas, e de pesquisadores doutores, com
o objetivo de incentivar a disseminação da produção científica no Estado. Deverá estar disponível para venda também após a Bienal de Alagoas no site da Edufal (http://www.edufal.com.br/)

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