“Comunicação e Política” é tema de dossiê na Revista Tríade

A revista “Tríade: comunicação, cultura e mídia”, editada pelo Programa de Comunicação e Cultura da Universidade de Sorocaba (UNISO), está recebendo até o dia 22 de março de 2020 contribuições para o dossiê “Comunicação e Política.

Os editores esperam trabalhos que tratem dos temas: a) imagem política; b) mídia e eleições; c) propaganda política; d) formas de uso político das tecnologias de comunicação; e) comunicação pública; f) discurso político e mídia; g) experiências de utilização da internet como espaço de participação e reivindicação política; h) mídias alternativas e eleições.

Os artigos podem ser redigidos em Português, Inglês, Espanhol ou Francês. Os autores devem seguir as diretrizes para submissão do periódico disponíveis aqui. Os artigos devem ser enviados seguindo o template disponibilizado pela revista aqui.

Revista Esferas recebe artigos para o Dossiê “Comunicação, Interseccionalidade e a Promoção da Igualdade Étnico-Racial”

A Revista Esferas está com Call for Papers aberto para a sua segunda edição de 2020 trazendo o dossiê Comunicação, Interseccionalidade e a Promoção da Igualdade Étnico-Racial. A data limite para submissão é 30 de abril de 2020. As editoras do dossiê são Dione Moura (UnB), Kelly Quirino (UnB), Clarissa Motter (UCB).

O dossiê, de acordo com a chamada para trabalhos, busca debater “a interseccionalidade e a defesa da equidade como estratégias políticas e apresentar e relatar pesquisas acerca das estratégias comunicacionais adotadas por atores sociais relacionados ao feminismo negro, ao feminismo afrolatinoamericano, ao movimento indígena, à coletivos de jornalistas e coletivos de produtoras e produtores de audiovisual e de cinema no sentido de promover a igualdade étnico-racial”.

Os editores esperam trabalhos que discutam os fundamentos teóricos da interseccionalidade, assim como estudos que reflitam sobre o papel da relação “entre Comunicação e interseccionalidade no campo da produção, da representação e da (re)construção de imaginários”.

São aguardados trabalhos que tenham como foco os seguintes temas:

  • Teorias da interseccionalidade, desdobramentos e novas perspectivas;
  • Representações e imaginários afirmativos de gênero, raça e etnia nas mídias;
  • Comunicação e defesa da equidade étnico-racial;
  • Interseccionalidade e Ciberativismo;
  • Comunicação, ativismo e a formação de coletivos;
  • Trabalho e (in)visibilidade de mulheres negras, indígenas e periféricas no campo profissional da Comunicação.

Os trabalhos devem estar formatados de acordo com as diretrizes para autores do periódico, disponível aqui. Os trabalhos devem ser submetidos pelo sistema OJS da revista que pode ser acessado aqui.

“Som e Música no Audiovisual” é tema de dossiê na Revista Brasileira de Música

“Som e Música no Audiovisual” é o tema do dossiê da Revista Brasileira de Música a ser publicado no seu Volume 33, nº 1, editado por Rodolfo Caesar e Luíza Alvim, respectivamente líder e pesquisadora do Grupo de Pesquisa “Ritmo, Corpo e Som” do Programa de Pós-Graduação em Música da UFRJ. A revista está recebendo trabalhos para o dossiê até o dia 31 de março.

De acordo com o chamado para artigos da revista “O tema do som e da música no audiovisual firma-se gradualmente não apenas na grande área da comunicação, onde está colocada a pesquisa acadêmica do cinema no Brasil, mas também no âmbito da pesquisa musical, particularmente na área da sonologia”.

Os editores propõem os seguintes tópicos preferenciais (mas não exclusivos) para o dossiê:

  • Teoria e estética do som e da música no audiovisual
  • Aspectos históricos do som e da música no audiovisual
  • Tecnologia e uso do som e da música no audiovisual
  • Música, som e educação
  • Som e música no cinema de ficção
  • Som e música no documentário
  • Musicais no cinema e no audiovisual
  • Videoclipe
  • Som e música em produtos televisivos, no videogame e na videoarte
  • Som e imagem; arte sonora
  • Direitos autorais para música no campo audiovisual

Os trabalhos em forma de artigos completos podem ser redigidos em português, inglês ou espanhol e devem ser originais e inéditos. As contribuições devem seguir as diretrizes para autores e condições para submissão da Revista Brasileira de Música, disponível aqui.

Já submissão dos trabalhos deve ser feita através da plataforma OJS da revista que pode ser acessada aqui.

https://revistas.ufrj.br/index.php/rbm/about/submissions#onlineSubmissions
https://revistas.ufrj.br/index.php/rbm/about/submissions#authorGuidelines

Revista Brasiliana abre chamada para dossiê “Cultura impressa periódica no Brasil”

O periódico Brasiliana: Journal for Brazilian Studies está recebendo, até 30 de abril, trabalhos para o dossiê “Cultura impressa periódica no Brasil” cuja publicação é prevista para meados de 2020.

Editado por editado por Isabel Lustosa (Fundação Casa de Rui Barbosa) e Felipe Botelho Correa (King’s College London), o dossiê tem como a cultura impressa periódica no Brasil (jornais e revistas).

São esperados artigos feitos a partir de pesquisas recentes sobre estudos de periódicos e da imprensa escrita sob várias perspectivas e metodologias. Também serão aceitos trabalhos que discutam como jornais e revistas contribuíram para o caleidoscópio dos estudos brasileiros desde o início do século XIX até o início do século XXI.

Os editores convidam pesquisadores que conduzam pesquisas em estudos de periódicos (história da arte, história, literatura, jornalismo, mídia e comunicações) a submeter artigos com foco em aspectos transnacionais, analisando conteúdos (textos e imagens), atores (escritores, ilustradores, editores) e periódicos que atravessaram fronteiras locais, regionais e nacionais, contribuindo para os aspectos dinâmicos e circulatórios da cultura impressa periódica no Brasil.

Exemplos de tópicos de interesse:

  • Os padrões de circulação de revistas no Brasil ou em conexão com outros países
  • A disseminação das tecnologias de impressão e distribuição
  • A evolução e difusão de modelos de negócios
  • Periódicos como catalisadores na disseminação cultural, identidades / comunidades alternativas e movimentos sociais
  • Circulações e redes periódicas
  • Textos, tópicos e recursos visuais em periódicos
  • Inter-relações entre publicação periódica e publicação de livros
  • Uma história de estudos de periódicos para além das fronteiras nacionais, disciplinares e institucionais
  • Práticas de leitura e escrita de periódicos
  • Viagem e migração em periódicos
  • Mudanças de suporte e inovação em periódicos

Os textos devem ser enviados por meio da plataforma online da Brasiliana em português, inglês ou espanhol. As normas para envio podem ser encontradas aqui.

As consequências de “uma escolha difícil”: jornalismo em tempos de bolsonarismo

Carlos Figueiredo(1)

O editorial da última quinta-feira (20/02) do Estado de São Paulo(2) traz todo seu descontentamento com o comportamento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Segundo a opinião do jornal, o chefe do executivo federal já teria superado a muito todos os limites do decoro e do desrespeito às instituições democráticas. Trata-se de uma compreensível reação aos ataques sexistas à Patrícia de Campos Mello, jornalista da Folha de São Paulo. Reação repetida por praticamente todos os conglomerados de mídia, exceções feitas ao SBT e à Record.

A hipótese de que Bolsonaro e seus aliados passaram todos os limites do que é aceitável em país que deveria ser regido pelo Estado democrático de direito é eivado de grande hipocrisia. Esses limites já não existem há muito tempo. O atual presidente vem atacando as instituições desde a época em que era um deputado inexpressivo e folclórico. Atirou ofensas ao público LGBT, quilombolas e feministas, afirmou ter usado dinheiro do auxílo-moradia para “comer gente” e sentiu-se à vontade para bradar que metralharia adversários políticos durante a campanha presidencial.

Contudo rememorar as agressões bolsonaristas, em um mero exercício de denuncismo, é repetir o que os grandes conglomerados de mídia já estão fazendo, ou seja, mostrar apenas a aparência do fenômeno e não sua essência. A ascensão política da extrema-direita é a expressão política, no Brasil, da atual crise da forma-capital, que vai se espraiando para as demais formas sociais como o Estado e a comunicação.

Neste espaço, vamos tratar apenas da cobertura midiática dispensada ao Bolsonarismo a partir do marco teórico da Economia Política da Comunicação. Logo o cerne da nossa análise é o trabalho do jornalista, subsumido e subordinado ao capital. Começaremos com uma breve análise do trabalho jornalístico no interior de conglomerados midiáticos para depois discutirmos como os grandes conglomerados de comunicação cobrem o bolsonarismo.

JORNALISMO E TRABALHO
A partir do capitalismo monopolista e a consequente ascensão da indústria cultural, esta assume duas funções essenciais para o funcionamento do sistema capitalista: a função propaganda, responsável por realizar as mediações entre Estado e os cidadãos, e a função publicidade cujo objetivo é construir mediações entre o mercado e os consumidores(3).

Como a natureza da comunicação em democracias liberais é de natureza persuasiva, uma terceira função se faz necessária, a função programa. Esta terceira função é responsável por introduzir elementos do cotidiano e da cultura popular no interior da estrutura mediadora. Essas mediações são realizadas por trabalhadores intelectuais como jornalistas, roteiristas, atores, músicos, cinegrafistas etc.

O trabalho do jornalista, que é o centro de nossa análise, é difícil de ser submetido a movimentos repetitivos, como no caso da fábrica fordista, ou de ser substituído por máquinas ou inteligência artificial, sofrer o processo de subsunção real. Nesse caso, a saída das empresas jornalísticas foi criar um conjunto de rotinas, procedimentos técnicos e éticos para evitar a idiossincrasia no material jornalístico, ou seja, diminuir o fator subjetivo na produção noticiosa(4).

BOLSONARO E O CAMPO JORNALÍSTICO
Estava claro, em 2018, que a primeira opção do capital, incluindo o capital midiático; seria Geraldo Alckmin (PMDB), mas sua candidatura não decolou. Enquanto isso, Bolsonaro, ex-estatista de direita, acenou para o mercado com a indicação do ultraliberal Paulo guedes como ministro da economia. É interessante notar a inflexão do discurso midiático na tentativa de normalizar Bolsonaro à medida que ficava claro que a candidatura tucana era, na verdade, um voo de galinha.

Os meios de comunicação, através do trabalho dos jornalistas, atuam na difusão ideológica basicamente como gerenciadores de consensos e das suas fronteiras(5). Não se trata de uma mera reprodução ideológica do discurso hegemônico. Há um conjunto de procedimentos textuais e de apuração, visando credibilizar um discurso que tende a defender ideias hegemônicas (função propaganda) ao mesmo tempo em que se pretende objetivo e imparcial. Os critérios de seleção, a ideologia do profissionalismo, apesar de suas contradições internas, tendem à defesa do status quo.

Na cobertura econômica e política de canais como Globonews ou mesmo em editoriais ou nas reportagens e textos noticiosos de jornais como a Folha de São Paulo há uma tentativa de separar a política econômica da pauta ideológica conservadora e obscurantista do governo Bolsonaro. Algumas críticas são feitas porque a verborragia presidencial atrapalharia o crescimento do PIB nacional(6).

As falas ultraliberais do Paulo Guedes, por exemplo, e as promessas de reformas passam a ser colocadas na esfera do consenso, como algo racional e para o “bem” de todos. Esse tema não chega sequer a ser objeto de discussão. Alguns absurdos ditos por Bolsonaro são colocados na esfera da controvérsia legítima, ou seja, o famoso procedimento de “ouvir os dois lados”.

Entretanto para colocar determinadas falas do presidente na esfera da controvérsia legítima era necessário expandir demais suas fronteiras, e é o que foi feito. Uma das táticas é defender sub-repticiamente que o cargo de presidente domesticaria o furor de seu discurso de extrema-direita.

A última esfera do consenso é aquela que determina o que não pode ser dito sobre hipótese alguma e não pode ser tolerado posto que é antidemocrático e/ou irracional. Também houve um alargamento dessa esfera pela imprensa, no caso, a partir do tratamento que é dado à oposição a Bolsonaro.

Política econômicas reformistas anticíclicas e heterodoxas foram colocadas no campo do radicalismo e consideradas populismo de esquerda no mesmo patamar, só que no extremo oposto, de falas preconceituosas e antidemocráticas do candidato Bolsonaro como a defesa da ditadura e todo tipo de ofensas a minorias. É a tese da “escolha difícil”(6) do Estadão, a escolha entre o Fascismo e um partido de esquerda cujo único extremismo do qual pode ser acusado é o extremo reformismo.

Esse gerenciamento das fronteiras do consenso pela grande mídia continuou com a separação fictícia entre os núcleos ideológico, econômico e militar do governo. Os dois últimos mereciam todo apoio enquanto o núcleo ideológico só atrapalharia Guedes e seus assessores segundo a imprensa.

O grande engano da imprensa é não entender que esse novo tipo de fascismo depende desse tipo de propaganda tosca e do choque para implementar suas reformas liberais e “economicamente racionais”. Está tudo interligado, e as últimas falas preconceituosas do Ministro Paulo Guedes dão mostras disso.

A imprensa vem sendo ataca por Bolsonaro há muito tempo, mas as reformas econômicas ultraliberais vem sendo tocadas. Todavia não seriam aceitas de outra forma que não fosse pelo emprego dessa propaganda que deixa todos envolvidos e polariza a sociedade de forma extrema. Atacar uma jornalista de forma machista, fazer insinuações sexuais sobre o trabalho dessa mesma profissional, atacar os conglomerados midiáticos está no script do presidente, pois só agindo “irracionalmente” Bolsonaro pode aplicar a racionalidade administrativa do mercado materializada nas reformas.

Logo essa indignação porque “agora” Bolsonaro passou dos limites é uma completa hipocrisia, mas há também um parco entendimento dos jornalistas sobre a conjuntura de como as reformas são tocadas e como a própria imprensa nos ajudou a chegar até aqui.

Os jornalistas pensam que a dinâmica do fluxo da comunicação segue a mesma dinâmica observada no século XX. Os grandes conglomerados de comunicação ainda possuem papel central, mas a extrema-direita consegue fornecer uma espécie de informação moderadora em relação aos conteúdos da grande mídia, uma propaganda que filtra as notícias para os seguidores desse grupo político.

Talvez daqui a cinquenta anos, em meio a uma convulsão popular em que os manifestantes lembrem a atitude covarde dos meios de comunicação, algum dos conglomerados midiáticos brasileiros venha a pedir desculpa pelo apoio às reformas do governo. Muitas vezes a história se repete como uma nova farsa sem sequer ter sido tragédia.

(1) Jornalista, Doutor em Sociologia. Membro do grupo de pesquisa Obscom/Cepos.

(2) DESCONTROLE Total. O Estado de São Paulo. 20 fev 2020. Disponível em: https://opiniao.estadao.com.br/noticias/notas-e-informacoes,descontrole-total,70003203740

(3) BOLAÑO, César. Indústria Cultural, Informação e Capitalismo. São Paulo: Hucitec/Pólis, 2000.

(4) FIGUEIREDO, Carlos.. Jornalismo e Economia Política da Comunicação: Elementos para uma Teoria Crítica do Jornalismo. ÂNCORA – REVISTA LATINO-AMERICANA DE JORNALISMO, v. 6, p. 12-28, 2019.

(5) HALLIN, Daniel. We Keep America in the Top of the World. Television Journalism and the Public Sphere. London: Routledge, 1994.

(6) ESCOLHA muito difícil, Uma. O Estado de São Paulo. 08 out 2018. Disponível em: https://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,uma-escolha-muito-dificil,70002538118

(7) BORDUNA na Carta. Folha de São Paulo. 5 set 2019. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2019/09/borduna-na-carta.shtml

Revista recebe trabalhos para dossiê sobre mídia e processos audiovisuais na tecnocultura algorítmica.

A Revista Fronteiras – Estudos Midiáticos, do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Unisinos , está recebendo, até o dia 31 de maio, artigos para o dossiê “Mídias e processos audiovisuais na tecnocultura algorítmica: imagens em dispersão e convergência”. O dossiê é de responsabilidade dos editores convidados Peter Krapp (University of California, Irvine) e Gustavo Fischer (UNISINOS)

Os editores esperam receber trabalhos que tratem das transformações impulsionadas pela convergência de linguagens em um ambiente marcado pela gerência de algoritmos. Os artigos podem tratar “tanto das mudanças ambientais quanto tecnoestéticas que incidem sobre os regimes de audiovisibilidade e que levam ao esquecimento e/ou resgate de meios e máquinas, em audiovisualidades contemporâneas – do cinema, da TV, dos games, das fotografias, das plataformas na internet, das redes sociais, dos vídeos, entre outros”

Desta forma, o dossiê temático se interessa, ainda que não de forma exclusiva, pelos seguintes temas:

  • Imagens e imaginários da tecnocultura algorítmica;
  • Deepfakes audiovisuais;
  • Memória das/nas mídias;
  • Games como produtos audiovisuais;
  • Processos audiovisuais e plataformas de streaming;
  • Telas, superfícies, interfaces;
  • Arqueologias e/ou genealogias de fenômenos tecnoculturais;
  • Vazamentos, circulações e interdições nas/das imagens;
  • Artemídia, mídias imaginárias.

Os textos devem ter entre 30 mil e 50 mil caracteres, incluindo título, resumo e referências bibliográficas. O dossiê será publicado na edição de agosto de 2020. As normas para submissão podem ser acessadas aqui. A chamada em português está disponível aqui. Em caso de dúvidas, enviar mensagem para revistafronteiras@gmail.com

Pesquisadora da Economia Política das Comunicações lança livro sobre Comunicações e Crise

A professora da Universidade Federal do Ceará (UFC), Helena Martins, acaba de lançar a obra Comunicação em Tempos de Crise: Economia e Política pela editora Expressão Popular. A autora analisa a concentração midiática e suas consequências para a formação de visões de mundo e manutenção da hegemonia ideológica burguesa.

Martins usa como marco teórico a Economia Política da Comunicação e os escritos sobre hegemonia de Antônio Gramsci. A obra perpassa diversos temas como os monopólios nos setores das telecomunicações, radiodifusão e sites de redes sociais e as possibilidades de luta contra-hegemônicas A obra integra a coleção Emergências, fruto de parceria entre a editora Expressão Popular e a Fundação Rosa Luxemburgo.

O livro físico está disponível para a venda aqui. Também é possível adquirir o livro eletrônico gratuitamente aqui.

Uma “raça em extinção” que resiste

Por Manoel Dourado Bastos*

Todo apoio à greve dos jornalistas da Folha de Londrina

Os jornalistas remanescentes da Folha de Londrina paralisaram suas atividades no dia 13 de janeiro de 2020 para exigir o pagamento integral do décimo terceiro e dos salários de dezembro de 2019, além de exigirem mais transparência nas contas da empresa. Trata-se de mais um capítulo de um processo que se arrasta desde novembro, quando a empresa anunciou que demitiria 25% dos jornalistas no bojo de uma pretensa reestruturação do jornal, que contou também com a adoção de um novo formato de publicação. A greve dos jornalistas da Folha de Londrina conseguiu 100% de adesão e se mostra como uma reação adequada dos trabalhadores diante da ineficácia dos gestores da empresa.

Assombrados com a crescente e vertiginosa queda de vendas avulsas e assinaturas, bem como com novas diretrizes impostas pelo governo Bolsonaro, que eliminou por Medida Provisória em agosto de 2019 a obrigatoriedade da publicação em jornais impressos dos balanços das empresas de capital aberto, os gestores da Folha de Londrina passaram a atirar para todos os lados. Ainda impactados com a medida provisória de Bolsonaro, que justificou a ação ironicamente  como uma retribuição ao que classificou como ataques a ele da “imprensa de papel”, os gestores da empresa promoveram uma campanha publicitária em favor da liberdade de imprensa, que foi alvo de diversos ataques dos apoiadores do presidente, cuja candidatura foi apoiada em diversas colunas do jornal.

Ao que tudo indica a empresa não conseguiu grandes resultados financeiros com sua ação publicitária, de maneira que partiu para cima da folha de pagamentos. Ao anunciar o plano de demissão de dez jornalistas, contrariando o acordo coletivo de trabalho que classifica uma ação dessa monta como demissão em massa, os gestores da Folha de Londrina justificaram o processo afirmando que, assim, viabilizariam o pagamento em dia do pessoal. Encontraram onze jornalistas dispostos a serem demitidos, desgastados física e espiritualmente com as condições cada vez mais degradantes e as ameaças ao futuro profissional.

A empresa, contudo, não cumpriu com o acordo demissional, protelando o pagamento da verba rescisória em dez parcelas a partir de abril de 2020. Além disso, deixou os jornalistas remanescentes sem 13º e pagou, no início de janeiro, apenas um terço do salário de dezembro. Os jornalistas reagiram e cobraram o pagamento integral dos salários e do 13º, sob a ameaça de uma paralisação. Diante dessa ação assertiva dos jornalistas, a empresa depositou mais 25% dos salários, o que não foi suficiente para debelar a paralisação. A exceção de editores e estagiários, a totalidade dos jornalistas da Folha de Londrina não trabalharam no dia 13 de janeiro.

Nestes termos, a crise da Folha de Londrina se apresenta como um problema trabalhista, mas sabemos que o buraco é mais embaixo. A Folha é o último jornal impresso da cidade. Esta, que não é uma situação circunscrita a Londrina, se tornou mote enviesado dos constantes golpes desferidos por Bolsonaro à imprensa. Já na primeira semana de 2020, Bolsonaro atacou novamente os jornalistas, ao acusá-los de mentir e desinformar, apontando-os como uma “raça em extinção” a ser vinculada ao Ibama. O sarcasmo presidencial tem afinidade com o ataque dos gestores da Folha de Londrina à folha de pagamentos, visto que ambos despejam sobre os jornalistas problemas originados em outra ordem. O problema trabalhista desta “raça em extinção” é, na verdade, uma crise do jornalismo como forma social da comunicação.

A fuga crescente de anúncios e recursos do bolo publicitário, o extensivo uso de novos meios para a propaganda dos agentes políticos e o interesse do público pelos meios digitais fazem com que o jornal impresso perca seu posto como um mediador decisivo. O fechamento de jornais impressos ou a migração para plataformas digitais é acontecimento corriqueiro. Infelizmente, os jornalistas se tornam a vítima preferencial desse processo. Não bastasse o medo diante das demissões frequentes dos jornais impressos em falência, a degradação das condições laborais nas redações de publicações online é outro fator de ataque aos jornalistas.

Enfrentar essa crise passa longe de ataques aos jornalistas e a precarização de suas atividades. É verdade que as funções cumpridas pelo jornal impresso têm encontrado novos meios que, contudo, são expressões de mudanças estruturais da forma social da comunicação. Ao reagirem, por sua vez, os jornalistas encontram dificuldades em buscar tão somente o retorno às estruturas formais da comunicação em ruína. Tornados alvos principais da crise, se reconhecem como trabalhadores e, com isso, podem passar a exigir um mundo completamente novo. Assim, a “raça em extinção” encontra aquilo que devia ser seu fundamento, a liberdade de escrever os acontecimentos.

Todo apoio à greve dos jornalistas da Folha de Londrina!

* Professor do Mestrado em Comunicação  da Universidade Estadual de Londrina e dos cursos de Especialização em Comunicação Popular e Comunitária e Especialização em Comunicação e Cultura Política da mesma universidade.

 

Revista Matrizes abre chamada para Dossiê sobre o pensamento comunicacional de Armand e Michèle Mattelart

Dossiê tem como tema pensamento de Armand e Michelle Mattelart

Revista Matrizes (Qualis A2 em Comunicação e Informação) está recebendo artigos para o dossiê dedicado ao pensamento comunicacional de Armand e Michèle Mattelart. Os interessados devem submeter seus trabalhos até o dia 30 de junho de 2020 aqui.

Editado pelos pesquisadores Efendy Maldonado (Unisinos) e Roseli Figaro (USP), os artigos serão publicados na edição setembro-dezembro de 2020 do periódico. Os textos devem seguir as normas de publicação da revista, disponíveis aqui.

De forma indicativa, mas não restritiva, os editores sugerem a exploração dos seguintes aspectos:

– Contribuições da abordagem teórico-metodológica da vertente de pensamento dos Mattelart.
– O pensamento comunicacional crítico latino-americano e a contribuição da vertente Mattelart.
– A comunicação-mundo como aspecto da epistemologia histórica de ruptura e continuidade da vertente Mattelart.
– A investigação crítica e o pensamento comunicacional estratégico na comunicação, conforme a vertente Mattelart.
– A vertente Mattelart e a análise crítica dos governos de esquerda na América Latina.

–  Os sistemas transacionais de comunicação, poder e democracia na América Latina na perspectiva da vertente Mattelart.
– A investigação crítica da vertente Mattelart na comunicação e os gêneros populares (quadrinhos, telenovela, fotonovela, séries) na América Latina.

Ulepicc-Brasil abrirá chamada de trabalhos para evento nacional

A Ulepicc-Brasil (União Latina da Economia Política da Informação, da Comunicação e da Cultura – capítulo Brasil) abre, no próximo dia 15 de dezembro, chamada de trabalhos para o seu VIII Encontro Nacional. Os interessados devem enviar resumos expandidos até 1º de fevereiro de 2020. O evento será realizado entre 13 a 15 de maio na Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), em Ilhéus-BA.

São aceitas duas modalidades de trabalho: estudantes de graduação enviarão trabalhos para a Jornada de Graduandos enquanto os demais pesquisadorxs devem direcionar seus trabalhos para grupos temáticos.

Os Grupos Temáticos da VIII edição do evento são: Políticas de comunicação; Comunicação popular, alternativa e comunitária; Indústrias midiáticas; Políticas culturais e economia política da cultura; Economia Política do Jornalismo; Teoria e Epistemologia da EPC; Estudos Críticos em Ciência da Informação; e Estudos críticos sobre identidade, gênero e raça.

Os interessados deverão enviar resumo expandido, de 400 a 500 palavras, salvo em PDF e seguindo as normas do Template_ULEPICC-BR, tendo como nome do arquivo o número do GT (“JG” para Jornada de Graduandos) e o sobrenome do autorx ou autorxs (ex. GT1_SANTOS_BASTOS), na plataforma doit do evento, que deve ser disponibilizada até o dia 15 de dezembro de 2019.

O formato do texto a ser submetido para a Jornada dos Graduandos será detalhado em outro momento.

O parecer sobre o aceite ou a recusa do trabalho será enviado para o e-mail do autor/autores até o dia 10 de fevereiro.

Ementa de cada GT e outras informações sobre o evento podem ser conferidas aqui

O pagamento da inscrição deve ser aberto em breve, mas os valores variam de acordo com algumas categorias:

– Sócixs adimplentes da Ulepicc-Brasil:

Profissionais, professores e pesquisadores: R$ 120,00

Estudantes de mestrado e doutorado: R$ 30,00

Estudantes de graduação e especialização: R$ 15,00

– Não sócixs:

Profissionais, professores e pesquisadores: R$ 175,00

Estudantes de mestrado e doutorado não sócios da Ulepicc: R$ 60,00

Estudantes de graduação e especialização: R$ 30,00