Está no ar a nova edição da Revista EPTIC Online sobre o trabalho comunicacional

eptic

Está no ar a primeira edição de 2015 da Revista Eptic Online, que, dentre outras contribuições, conta com artigos que compõem o dossiê  temático “TRABALHO COMUNICACIONAL: ASPECTOS DE COMUNICAÇÃO E TRABALHO COMO ATIVIDADE E COMO MERCADORIA”, cuja coordenação é da Profª Roseli Figaro, da ECA-USP, num novo projeto gráfico.

O número 1, vol.17, traz a importante colaboração dos pesquisadores do Centro de Pesquisa em Comunicação e Trabalho (CPCT) da ECA-USP. O empenho e seriedade investigativa de se depararem com “temas tabus” e de investigarem o mundo do trabalho a partir dos elementos conceituais oriundos da Comunicação motivaram o convite no intuito de avançarmos em possíveis interlocuções e campos investigativos. A atenção que a comunidade científica deu à chamada, cuja amostra aqui publicamos, revela os diversos matizes e procedimentos metodológicos com os quais a questão vem sendo abordada, assim como abre inúmeras possibilidades analíticas e sugere outras interlocuções.

A Revista publica, ainda, nas seções Artigos e Ensaios e Investigação, a contribuição de pesquisadores que vêm se dedicando a importantes dimensões do universo comunicacional contemporâneo, da recente aprovação do Marco Civil da Internet no Brasil, ao processo de mercantilização observado nas telenovelas brasileiras. Terminamos a edição com a Resenha do livro “O nordeste brasileiro na vanguarda da pesquisa em economia política da comunicação”, organizado por José Marques de Melo e Patrícia Bandeira de Melo, que, ao reunir diversos pesquisadores da Economia Política Brasileira e resgatar a importância de estudos pioneiros como Barbosa Lima Sobrinho e Costa Rego, revela-se essencial à história do pensamento crítico comunicacional brasileiro.

Esta edição inaugura ainda um novo projeto gráfico, de autoria da arquiteta e designer gráfica Débora Gomes, que procurou expressar justamente o quanto as novas tecnologias da informação e da comunicação, ao se sobreporem às bases territoriais, reconfiguram nossos mapas cognitivos e modelos de conhecimento e de negócios. Ele, espera-se, torna nossa Revista ainda melhor e, nesse sentido, comentários e sugestões de vocês serão muito bem vindos.

O periódico está com chamada aberta pra o dossiê Perspectivas e desafios para as políticas de regulação da mídia, com coordenação do Prof. Dr. Fernando Oliveira Paulino (UnB) e da Drª Mariana Martins de Carvalho (EBC). O prazo final para envio é o dia 30 de março (confira aqui).

Confira o sumário abaixo e acesse este número no site da revista: http://www.seer.ufs.br/index.php/eptic/issue/current/showToc

Sumário

EXPEDIENTE

EXPEDIENTE PDF
Ruy Sardinha Lopes – editor da Revista Eptic 1-2

APRESENTAÇÃO

Apresentação PDF
César Ricardo Ricardo Siqueira Bolaño – diretor da Revista Eptic, Ruy Sardinha Lopes – editor da Revista Eptic 3-4

ARTIGOS E ENSAIOS

O MARCO CIVIL DA INTERNET E A NEUTRALIDADE DE REDE: DILEMAS, DEBATES E IMPASSES RELACIONADOS ESSE PRINCÍPIO NA TRAMITAÇÃO DO PROJETO DE LEI PDF
Nelia Rodrigues Del Bianco – Universidade de Brasília-UnB (Brasil), Marcelo Mendes Barbosa – Universidade de Brasília- UnB (Brasil) 5-19
PLANEJAMENTO DAS OUTORGAS DE RADIODIFUSÃO NO BRASIL: EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS SERVIÇOS E PERSPECTIVAS FUTURAS PDF
Octávio Pieranti – Fundação Getúlio Vargas – FGV (Brasil) 20-32
TELEVISÃO PÚBLICA E MODELOS DE FINANCIAMENTO: ANÁLISE DO CASO BRASILEIRO PDF
Ivonete da Silva Lopes – Universidade Federal Fluminense – UFF (Brasil) 33-48
O PROCESSO DE MERCANTILIZAÇÂO CULTURAL NO CAPITALISMO TARDIO: UMA ANÁLISE DAS TELENOVELAS BRASILEIRAS PDF
Renata Maldonado Silva – Universidade Estadual do Norte Fluminense- UENF (Brasil) 49-63

DOSSIÊ TRABALHO COMUNICACIONAL: ASPECTOS DE COMUNICAÇÃO E TRABALHO COMO ATIVIDADE E COMO MERCADORIA

APRESENTAÇÃO DO DOSSIÊ PDF
Roseli Fígaro – Universidade de São Paulo – USP (Brasil) 64-66
ENTREVISTA COM CHRISTIAN FUCHS: ATUALIDADE DE MARX PARA ENTENDER O TRABALHO NA COMUNICAÇÃO E NA CULTURA PDF
Roseli Fígaro – Universidade de São Paulo – USP (Brasil) 67-75
CONCORDÂNCIA DOS TEMPOS? O TRABALHO, O MERCADO, A POLÍTICA PDF
Yves Schwartz – Universidade de Aix Marseille (França) 76-91
A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DO TRABALHO DO HOMEM POR SI PRÓPRIO E POR OUTROS PDF
Claudia Nociolini Rebechi – Universidade de São Paulo – USP (Brasil) 92-109
O MODELO FORDISTA E AS FUNÇÕES SOCIAIS DAS COMUNICAÇÕES PDF
Daniel Fonseca Ximenes Ponte – Universidade Federal do Rio de Janeiro –UFRJ (Brasil) 110-124
A COMUNICAÇÃO EM FÁBRICAS RECUPERADAS POR TRABALHADORES: FLUXOS DE INFORMAÇÃO OU RELAÇÕES DE COMUNICAÇÃO PDF
Júlio Arantes Universidade de São Paulo – USP (Brasil) 125-141
FÁBRICAS RECUPERADAS: UMA ABORDAGEM DISCURSIVA E PRAGMÁTICA DA AUTOGESTÃO PDF
Clóvis Montenegro Lima- Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia – IBICT (Brasil), Mariangela Rebelo Maia – Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia – IBICT (Brasil), Vinícios Souza Menezes – Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia – IBICT (Brasil) 142-160
CONTEÚDO GERADO PELO USUÁRIO, “TRABALHO LIVRE” E AS INDÚSTRIAS CULTURAIS PDF
David Hesmondhalgh – Universidade de Leeds (Reino Unido) 161-184
EMPREENDEDORISMO SOCIAL EM PERSPECTIVA GLOBAL: BEM COMUM, TRABALHO E ENGAJAMENTO NA RETÓRICA DO CAPITALISMO CONTEMPORÂNEO PDF
Vander Casaqui – Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM (Brasil), Angelina Sinato – Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM (Brasil) 185-198
O TRABALHO CRIATIVO, AS INDÚSTRIAS CULTURAIS E DO CAPITALISMO INFORMACIONAL: OBSERVAÇÕES SOBRE UMA TRÍADE COMPLEXA PDF
Diego Javier de Charras – Universidad de Buenos Aires- UBA (Argentina) 199-217
NOVAS IDENTIDADES PARA O NOVO MUNDO DO TRABALHO ATRAVÉS DA CULTURA: O VELHO MANTRA DO CAPITALISMO REVISITADO PDF
William Dias Braga – Universidade Federal do Rio de Janeiro –UFRJ (Brasil) 218-235

INVESTIGAÇÃO

A SEGUNDA FASE DA CONSULTA DO MARCO CIVIL DA INTERNET: COMO FOI CONSTRUÍDA, QUEM PARTICIPOU E QUAIS OS IMPACTOS? PDF
Rachel Callai Bragatto – Universidade Federal do Paraná- UFPR (Brasil), Rafael Cardoso Sampaio – Universidade Federal da Bahia – UFBA (Brasil), Maria Alejandra Nicolas – Universidade Federal do Paraná – UFPR (Brasil) 236-255

RESENHAS

 

O NORDESTE BRASILEIRO NA VANGUARDA DA PESQUISA EM ECONOMIA POLÍTICA DA COMUNICAÇÃO PDF
Denise Maria Moura da Silva Lopes – Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ (Brasil)

Chamada de trabalhos para dossiê “Imagem e Consumo”

discursosA revista Discursos Fotográficos, do Programa de Mestrado em Comunicação da Universidade Estadual de Londrina, anuncia a abertura de submissão para artigos a serem publicados na primeira edição de 2015. O periódico, qualis B1 CAPES, dialoga com temáticas relacionadas à comunicação visual de maneira geral.

O prazo para submissão é até 12/04/2015, e o dossiê para essa edição intitula-se Imagem e Consumo. Serão aceitos artigos contendo discussões, conforme os seguintes parâmetros:

O papel da imagem na sociedade de consumo, bem como a relação entre comunicação visual, bens de consumo e atividades correlatas (marketing, publicidade, design, moda, etc.). Procura-se assim propor novos problemas e conceitos e/ou repensar contribuições anteriores, como estética da mercadoria, retórica da imagem, sociedade do espetáculo, entre outras.

Para acesso às normas do periódico: http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/discursosfotograficos

Direito à comunicação é discutido em encontro em Recife

endcCom organização ENeDC

Às vésperas do II Encontro Nacional pelo Direito à Comunicação (10 a 12 de abril), que será realizado em Belo Horizonte, Recife sediará o Encontro Nordestino pelo Direito à Comunicação (ENeDC) de 12 a 14 de março. A Universidade Católica de Pernambuco receberá lideranças de diversos estados da região para trocar informações sobre as lutas em cada cidade e também entre os diferentes segmentos da luta pelo direito à comunicação: midiativistas, academia, comunicadores comunitários e populares, dirigentes de emissoras públicas, sindicatos, coletivos, operadores do direito e representantes de entidades da sociedade civil.

Após as eleições de 2014, o debate sobre a mídia ganhou força, mas nem sempre tem sido evidenciado o discurso dos movimentos sociais. Na pauta desses grupos, está o fortalecimento do sistema público, o combate à censura, a sustentabilidade da comunicação popular, local, independente e comunitária e a construção de estratégias para uma regulação democrática da radiodifusão.

O “terreno” é fértil para se fazer este debate ganhar força em nosso país. Precisamos reconhecer a dimensão do momento histórico que se expressa através do fortalecimento dos coletivos organizados via internet na produção de conteúdo para diferentes movimentos sociais. Ao mesmo tempo, é preciso discutir e evidenciar as perseguições a comunicadores populares, como os representantes de rádios comunitárias que estão sofrendo processos judiciais.

Dessa necessidade que temos de não só discutir esses temas (na academia e em outros círculos), mas principalmente reuni-los e unir forças para que estejamos juntos na luta pela democratização da comunicação, nasce o ENeDC. Com esse objetivo, e buscando preparar suas lideranças para o Encontro Nacional do Direito à Comunicação, uma série de entidades está se organizando para realizar o encontro, no Recife.

INSCRIÇÃO

Apesar do caráter regional do evento, não há restrições quanto ao local de origem de quem se inscreve para participar. A inscrição é individual e isenta de qualquer taxa, sendo a participação no evento totalmente gratuita, ficando xs inscritxs responsáveis pelas despesas que envolvam sua participação (passagens, deslocamento, alimentação, hospedagem, etc.).

As pessoas e entidades que desejam realizar atividades autogestionadas (apresentação de artigos científicos, oficinas, rodas de diálogo e relatos de experiências) devem especificá-lo no devido campo do formulário e fornecer mais informações nas páginas seguintes. A data limite para o encaminhamento das propostas é 20 de fevereiro de 2015.

Faça a sua inscrição em: http://migre.me/oukUr

Para mais informações, curta a página do ENeDC: https://www.facebook.com/encontroNe

Chamada de trabalhos para a FELAFACS 2015

felafacsA Federação Latino-Americana de Faculdades de Comunicação Social (FELAFCS), a Associação Colombiana de Faculdades e Programas Universitários de Comunicação (AFACOM) e a Universidad de Antioquia – Faculdade de Comunicações, estão com chamada aberta para apresentações no XV Encontro Latino-Americano de Faculdades de Comunicação Social (FELAFACS 2015), que se realizará de 5 a 7 de outubro na Plaza Mayor, Centro de Convenções de Medellín, Colômbia.

Este Encontro é o espaço acadêmico mais importante que realiza da Federações. Ele ocorre a cada três anos num país diferente da América Latina e reúne 230 faculdades de comunicação de 23 países. Em 2015, a temática central será “Convergências Comunicativas: mutações da cultural e do poder” e os três eixos temáticos a serem desenvolvidos serão:

Eixo temático 1: Cultura(s): entre meios e mediações

Eixo temático 2: Os cambiantes cenários do poder

Eixo temático 3: Transformações no âmbito acadêmico

ENVIO DE TRABALHOS

Serão escolhidas 6 propostas de apresentação para cada uma das nove mesas temáticas de cada eixo temático. Poderão participar profissionais, docentes, pesquisadores, pós-graduandos e graduandos de Comunicação ou de áreas afins, com artigos resultado de investigações acadêmicos em torno das problemáticas propostas no Encontro.

A proposta deve ser em espanhol e submetida até o dia 28 de fevereiro através do formulário no site http://felafacs2015.com/#/ponencias com a seguinte informação:

    a)  Título do trabalho.

    b)  Nome(s) do autor o dos autores.

    c)  Nome do(a) apresentador(a).

    d)  Cargo e título universitário.

    e)  Resumo do currículo.

    f)  País de residencia.

    g)  E-mail.

    h)  Nome da Universidade, Centro de Investigação ou Instituição a que pertence.

    i)  Nome da Faculdade, Programa o Escola a que pertence.

    j)  Eixo temático e Mesa Temática em que submete a proposta.

    k) Um resumo de até 400 palavras.

     • Publicação de resultados: 30 de abril de 2015.
     • Data limite para para envio do texto final: 30 de junho de 2015.
     • Requisitos: enviar ao e-mail ponenciasfelafacs2015@udea.edu.co o documento em Times New Roman, 12, espaçamento de 1,5 e máximo de 10 páginas.

Para mais informações, acesse o site do evento: http://www.felafacs2015.com/#/home

Intervozes lança livro sobre cobertura da mídia das manifestações de 2013

intervozesO Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social lança no dia 10 de fevereiro, no Sindicato dos Engenheiros em São Paulo, o livro “Vozes Silenciadas: como a mídia cobriu as manifestações de junho de 2013”. O evento começa às 19h e contará com uma mesa para debater o assunto, com a presença do professor Pablo Ortellado, o jornalista Leonardo Sakamoto, a organização de defesa da liberdade de expressão Artigo Xix Brasil e a Mídia NINJA.

O livro parte de uma questão: Se as mídias digitais serviram como ferramenta de mobilização e ampliação dos protestos, de que forma ocorreu a cobertura dos mass media? Para chegar à resposta, realizou-se um detalhado levantamento sobre como A Folha de S. Paulo, O Estado de São Paulo e O Globo trataram as Manifestações de Junho de 2013.

Para mais informações, acesse a página do evento no Facebook: http://migre.me/orog6

 

 

Chamada para Painel da ALAIC no Congresso da AIERI/IAMCR 2015

iamcrA Associação Latino-Americana de Investigadores da Comunicação (ALAIC) convida seus sócios que irão ao congresso 2015 da AIRI/IAMCR (Associação Internacional de Estudos de Comunicação Social), que acontece em Montreal de 12 a 16 de julho, a enviar propostas de resumo para o painel “Communication, Hegemony and Power: Latin American perspectives”. O debate será pautado na trajetória científica das ciências da comunicação na América Latina e perspectivas presentes e futuras de ensino, pesquisa e extensão na região.

As propostas de apresentação devem ser em formato de resumos de até 500 palavras e precisam ser enviadas para o e-mail do diretor de relações internacionais da ALAIC, Fernando Oliveira Paulino (UnB), fopaulino@gmail.com, até o dia 02 de fevereiro. Os apresentadores de trabalhos escolhidos não terão apoio financeiro da entidade, pois esta não tem orçamento para oferecer bilhete aéreo ou apoio para hospedagem ou alimentação no Canadá.

A ALAIC e a AIERI (IAMCR na sigla em inglês) têm uma relação histórica. Nos últimos anos, ocorreram ações mais próximas, tais como debates e publicações conjuntas. A realização do painel no congresso deste ano estreita estes laços e possibilita que a perspectiva latino-americana seja colocada em debate no principal evento internacional da área.

Comunicação Hoje: desafios e afirmações da área

image_creation.phpO Programa de Pós-Graduação de Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) convida os pesquisadores de Comunicação, especialmente os de PPGs do Norte e do Nordeste, para discutir, pensar e (re)pensar os aspectos políticos-afirmativos que hoje balizam a área no Seminário “Comunicação Hoje: desafios e afirmações da área”, a ser realizado em 11 de fevereiro no PPG da UFPE, em Recife.

O evento terá as participações de Eduardo Morettin  (USP), presidente da Associação Nacional de Programas de Pós-Graduação em Comunicação (Compós); Paulo Vaz (UFRJ), representante de comunicação no Comitê de Assessoramento (CA) de Artes, Ciências da Informação e Comunicação do CNPq; e a mediação de Jeder Janotti Jr, coordenador do PPGCOM UFPE.

O Seminário pretende discutir as transformações e prognósticos da área de  comunicação no Brasil através da ótica de suas principais representações na pós-graduação, observando a configuração da área e suas reconfigurações através de sua afirmação e perspectivas interdisciplinares.

 

“Boa parte dos grupos de mídia no Brasil se alinha em primeiro lugar com a lógica rentista e o fluxo transnacional de capital”

Vitória do Syriza na Grécia, com “Mercadblro” temendo pelo não cumprimento dos acordos e pagamentos frente à “crise” instalada na Europa; e medidas econômicas em prol deste mesmo “Mercado” no Brasil. 2015 começou com a economia marcando espaço importante nas pautas jornalísticas. Mas até que ponto sabemos quem é quem em meio a matérias sobre aumento de taxas de juros, superávit primário, dívida externa, austeridade, etc.?

Para nos ajudar a decifrar um pouco do porquê somos tão desinformados pela grande mídia e da participação da informação na fase financeiro do sistema capitalista, o Portal EPTIC entrevistou o coordenador do Núcleo Interdisciplinar de Estudos da Globalização Transnacional e da Cultura do Capitalismo (NIEG-CEPOS), Bruno Lima Rocha.

Bruno é doutor e mestre em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e graduado em jornalismo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. É também editor do site Estratégia & Análise, onde podem ser encontrados textos, artigos acadêmicos e entrevistas. Atualmente, leciona em cursos de Relações Internacionais, Ciência Política e Jornalismo na ESPM-Sul, Unifin e Unisinos, todas no Rio Grande do Sul, além de ocupar a diretoria de relações sociais na atual diretoria do capítulo Brasil da União Latina de Economia Política da Informação, da Comunicação e da Cultura (ULEPICC-BR).

Portal EPTIC – Você é coordenador de um núcleo de estudos que parte da importância da informação para o atual estágio do sistema capitalista, em sua forma financeira. Pode nos explicar esta relação?

Bruno Lima Rocha – No congresso mundial da IAMCR, em nosso grupo de Economia Política da Comunicação, nas duas edições em que me fiz presente (Istambul 2011 e Durban 2012), a relação entre mídia especializada em “economia”, circulação acelerada da informação e a forma financeira do capital formava um consenso. Se formos observar a circulação de dados através de satélites e a capacidade de compensação bancária através do Sistema Swift e do BIS (Banco da Basileia) já vamos observar esta capacidade sendo gestada no início dos anos 1970. Como o BIS compensa e opera 99% das relações interbancárias sem passar pela intermediação de nenhum Estado soberano (apenas os dígitos e registros são declarados), podemos afirmar que há uma relação de semi-autonomia – na rubrica da circulação do capital financeiro – entre as pessoas jurídicas que operam estas redes. Há a subordinação sim aos Estados líderes, como a relação umbilical entre a vigilância dos EUA e a absorção de dados através de códigos e palavras-chave na internet. Mas, dentro das relações econômicas e financeiras, podemos afirmar sem dúvida que a velocidade da informação acelera a capacidade transacional entre as instituições que operam no circuito financeiro de negociarem para além de qualquer capacidade de regulação das autoridades estatais indicadas para tal função.

EPTIC – O NIEG lançou um livro há um ano em que o título traz “a farsa com o nome de crise”, uma descrição que perpassa o entendimento da esquerda radical sobre os ciclos capitalistas, que necessitaria de uma crise para se reestruturar. Por que no caso da iniciada em 2007 nos EUA e passando à Europa logo em seguida vocês preferem não chamar de crise?

BLR – Primeiro, gostaria de observar que nem toda esquerda radicalizada (ou seja, as correntes que entendem a relação entre classes como conflito e que intentam criar, ou ajudar a criar, novas formas de relações sociais) assume a teoria das crises cíclicas. Mais, ainda quem absorve a tese das crises cíclicas – e logo as políticas anticíclicas – compreende que este sistema não se desmonta por crises geradas em seu interior e sim pode ser enfraquecido pela organização das bases das sociedades atingidas por estas “crises”. Não afirmamos a crise, pois a entendemos como farsa, uma vez que quando há informação perfeita dos agentes-chave não pode haver aleatoriedade e sim comportamento de manada forçosamente gerado pelos maiores interessados. A reestrutura gerada pela “crise” é simplesmente a receita do “austericídio” e a necessidade (imposta) de garantir margens asiáticas de ganhos. No Fórum Econômico de Davos em 2015 ficou constatado que os 1% mais ricos do planeta controlam maior fluxo e acumulação de riquezas do que o restante do planeta junto. Não afirmamos crise e sim farsa, pois os poderes de “regulação” e os agentes financeiros – cujos executivos transitam entre as esferas política, econômica e ideológica – tinham informação perfeita do que ocorria dentro do sistema hipotecário dos EUA. Logo, houve uma farsa diante da não-aleatoriedade.

EPTIC – Falando em crise, este foi um dos temas da campanha presidencial brasileira. Lá atrás, o ex-presidente Lula disse que ela seria para nós uma “marolinha”. 7 anos depois, com a economia mundial ainda estagnada, pode-se dizer que realmente só foi uma marolinha para o Brasil? Se houve efeitos aqui, quais foram?

BLR – Os efeitos no Brasil podem ser observados no chamado esgotamento do modelo de partilha, entre a garantia dos ganhos do capital financeiro (cuja lógica rentista é a grande vitoriosa no chamado 3º turno das eleições no Brasil) e uma espécie de tímido keynesianismo tardio. Diante da recessão europeia e da frágil recuperação da economia dos EUA e mesmo na desaceleração da economia chinesa (cujo tamanho é tão absurdo que quando há crescimento de 7 pontos parece ao mundo que a expansão capitalista na China está “devagar”), o Brasil não foi mal em suas políticas anticrise ou anticíclicas. Os efeitos são sentidos na diminuição do crescimento econômico e na rendição ao capital financeiro já no início do 2º mandato da presidenta Dilma Rousseff. Realmente, o Estado brasileiro não aguentaria o financiamento da expansão interna sem uma poupança à altura e, logo, sem entrar no montante dos mais de 40% do compromisso do orçamento federal para rolagem da dívida odiosa (este é um conceito, uma dívida duvidosa que atravessa a capacidade cotidiana de exercícios de direitos básicos e da função do Estado, como sustentar o Sistema SUS), o modelo se veria esgotado. Estamos muito dependentes da economia chinesa, tal e como a maioria dos países do Continente, e precisaríamos urgentemente de aumento da poupança interna para dar conta da expansão da economia aqui existente e atender as funções básicas desta limitada democracia liberal.

EPTIC – Ainda sobre as eleições, tivemos um embate marcante na TV aberta: a entrevista do Bom Dia Brasil com a presidenta Dilma Rousseff com a participação da comentarista econômica Miriam Leitão, com direito a correção do telejornal após a exibição. Esta foi uma eleição em que os comentaristas econômicos globais (incluindo aí o Sardenberg) expuseram mais seus pontos de partida ideológicos de produção?

BLR – Sim. Eu diria que, na verdade, isto foi notado, pois nossas pesquisas indicam que há esta exposição ideológica dentro de um paradigma neoclássico vulgar – também chamado de neoliberal – além de uma vontade infinita de coagir a soberania popular (já ínfima na definição do voto) diante de um discurso tecnicista sempre a ocultar as premissas neoliberais. O acirramento que houve no final do 1º turno e ao longo de todo o 2º turno para eleições presidenciais decorre da estratégia de campanha do lulismo, que faz sempre o apelo de classe quando vê o páreo apertado, e a consequente opção por um debate onde o Estado Nacional seria o único vetor possível de desenvolvimento capitalista menos injusto. Isto acirrou a contraposição dos meios hegemônicos, o que culminou na capa de Veja em edição antecipada na semana das eleições e o escrache contra a sede do grupo controlador da publicação na véspera do pleito. Se formos observar o tema da relação orgânica entre Estado e empresa capitalista, estamos relendo os fundamentos da crítica da economia política, logo, teríamos de condenar esta relação execrável que garante o caráter de classe de todo e qualquer Estado para com sua elite dirigente, fração (frações) de classe privilegiadas no acesso aos recursos coletivos, evidenciando também o acesso desigual aos recursos de poder e de empreendimento.

EPTIC – Por fim, poderia falar sobre a relação dos grandes grupos midiáticos brasileiros com o capital financeiro, se é que há alguma, que possa justificar a defesa de prática de modelos econômicos mais neoliberais que os dos últimos governos, mesmo partindo de um setor econômico cuja liberdade de atuação é quase que infinita?

BLR – Há duas dimensões neste sentido. Há presença de porcentagem de controle acionário por parte de fundos de investimento de risco (hedge funds, fondos buitres), mas o ataque ao aparelho de Estado e a diminuição da capacidade de intervenção dentro do modelo cepalino [desenvolvimentista por substituição das importações], estruturalista e cujo ápice na América Latina foi o Estado Nacional-Desenvolvimentista, já vem desde a segunda metade da década de 1980, reforçado após a queda do Muro de Berlim e do lamentável Consenso de Washington. Ou seja, não é porque as empresas de mídia estão com presença acionária de fundos duvidosos que seus colunistas e a linha editorial faz aberta pregação neoliberal. A ideologia não está diretamente vinculada às condições materiais de existência e a ideia de modernização da sociedade brasileira sempre foi uma mímica de sociedades ocidentais europeias ou europeizadas. Existe um sentido de crença dogmático na suposta racionalidade dos agentes de mercado, na retração destes diante de ambientes pouco convidativos aos investimentos e da defesa de que pouca regulação implica em garantia de liberdades fundamentais. Do ponto de vista da geografia econômica básica e do Sistema Internacional os pressupostos acima são simplesmente absurdos, formando uma perigosa fantasia voltada para converter sociedades em indivíduos atomizados e mão de obra precária no fluxo do pós-fordismo mais cruel. Como o tema é hermeticamente vedado à capacidade de compreensão da população e as garantias jurídicas para a crueldade – a meu ver beirando a sociopatia – dos investidores-especuladores em escala mundo nos leva a crer que não há alternativa, logo a diminuição da capacidade de intervenção do Poder Executivo na economia nacional é uma bandeira permanente dos grupos e setores de classe que querem o Estado para si, suas crenças e seus interesses diretos. Há que ressaltar que o modelo de desenvolvimento a todo custo tampouco é justo e faz do Executivo a antessala dos capitais que operam no Brasil. Um bom exemplo disso são as hidrelétricas de Juruá e Belo Monte e o desastre socioambiental destas decorrentes. Enfim, trata-se de dois embates simultâneos. Um, cotidiano, se dá entre os grupos de mídia aliados aos especuladores financeiros comandados no Brasil pelos bancos de correntistas (basta observar o titular do Ministério da Fazenda indicado no 3º turno para acalmar “os mercados”) e, de outro lado, todos os que compartilham da crítica ao neoliberalismo, sendo estes tanto keynesianos como autogestionários. O segundo embate se dá dentro do campo da crítica à economia política capitalista, quando a maior parte das escolas não rompe com o capitalismo em nenhuma circunstância (por exemplo, como o NEP leninista e suas tenebrosas consequências) e por isso mesmo se defronta contra grupos e movimentos em defesa dos interesses coletivos dos atingidos por esta expansão capitalista a todo e qualquer custo. Aí, neste segundo caso, os grupos de mídia se aliam aos capitais empreendedores e criminalizam o protesto social. De um modo geral, boa parte dos grupos de mídia no Brasil em suas editorias especializadas se alinha em primeiro lugar com a lógica rentista e o fluxo transnacional de capital. Mas, dentro do campo dos que são contra o neoliberalismo temos embates tão duros quanto os que ocorrem na crítica ao capital financeiro e seus porta-vozes oficiosos dos grupos de mídia.

Seleção para professor substituto na UFFRJ

uffrjO curso de Jornalismo da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro abriu processo de seleção para dois professores substitutos para as disciplinas de Teorias da Comunicação (uma vaga) e Fotografia (uma vaga). As inscrições vão 26 a 30 de janeiro e deverão ser efetuadas exclusivamente pela internet a partir do endereço eletrônico www.ufrrj.br/concursos.

A vaga para Teoria da Comunicação tem carga horária de 40h/s e exige graduação em Comunicação, Antropologia, História ou Artes e mestrado em Comunicação. Já a de Fotografia é de 20h/s e exige graduação em Comunicação e mestrado em Artes, Design ou Comunicação.

O edital com as informações completas pode ser visto em: http://www.ufrrj.br/concursos/edital01-2015.pdf ou http://www.ufrrj.br/concursos/

[Seminário OBSCOM/CEPOS] Políticas culturais e desenvolvimento

obscom4A segunda mesa do XIII Seminário OBSCOM/CEPOS, realizada na Universidade Federal de Sergipe (UFS), em 11 de dezembro, apresentou dois posicionamentos um pouco distintos para tratar das políticas culturais e desenvolvimento na América Latina.

Pesquisadora da Universidad de Buenos Aires (UBA), Silvia Lago tratou dos bens culturais digitais. Dentre outros aspectos, Silvia destacou que software também é cultura, passando por uma série de experiências que demonstram a necessidade do acesso aberto na via digital, já que ainda não há a eliminação da natureza finita e concentradora dos meios físicos da distribuição.

Silvia afirmou ainda que o problema dos dias atuais não seria a pirataria, mas o anonimato, o que faz com que cresça a existência de microeditoras, no caso das publicações. Na Argentina, desde o final de 2013, há uma legislação que obriga a publicação em repositórios abertos para os pesquisadores que recebem recursos governamentais. Na Bolívia, segundo a pesquisadora, desde 2012 que o governo eletrônico e o software livre estão no nível central do Estado, em meio à aprovação da lei de telecomunicações e TICs.

A pesquisadora argentina lembra que a Internet começou como um bem comum, sendo necessário continuar a defesa do modelo colaborativo em meio a um debate que tende a assumiu um caráter ideológico, com as controvérsias sendo superadas pelas forças sociais. Neste ínterim, caberia ao governo ações que permitam criar um marco civil para o setor com as seguintes características: proteção da privacidade; liberdade de expressão; neutralidade da rede; e o debate público sobre a regulamentação.

Criador do Observatório de Economia e Comunicação (OBSCOM/UFS), César Bolaño destacou que há termos em disputa neste debate. Lembrou a gestão Gilberto Gil e Juca Ferreira no governo Lula, no Ministério da Cultura do Brasil (2003-2012), como representante de uma posição influenciada pela diversidade da Unesco e do conceito de indústria criativa. César critica a debate europeu, que apresenta um ponto de vista limitado com a separação do pensamento crítico entre indústria criativa e indústria cultural. Semanas depois, por sinal, Juca Ferreira seria anunciado como Ministro da Cultura no segundo governo da presidenta Dilma Rousseff.

Sobre o desenvolvimento do software, apontado por Silvia antes, César afirmou que isto permite um reenquadramento do trabalho intelectual, que passa a estar no centro desta categoria, num sistema que exige um engajamento anímico muito forte, em que a inovação e a criatividade – outro termo em disputa – vêm à frente.

César afirma ainda a necessidade de compreender de forma global para entender e propor políticas culturais, de maneira a se defender a diversidade articulada a uma discussão sobre a hegemonia, caso contrário, o mercado é quem seguirá decidindo, ainda que considerando que há uma disputa entre diversos níveis de diversidade mesmo na perspectiva mercantil.

obscomgtGRUPOS DE TRABALHO

Após as mesas, a última atividade do XIII Seminário OBSCOM/CEPOS resgatou uma atividade importante tanto dos Seminários CEPOS anteriormente realizados quantos dos eventos sob a organização do OBSCOM, reunidos no seminário deste ano: a apresentação de trabalhos de pesquisadores e pesquisadoras de diferentes níveis que constroem os grupos de pesquisa que atualmente conformam o OBSCOM. Além disso, a proposta de 2014 ano levou em conta uma tentativa de abrir espaço para apresentações de outros Estados, de maneira a gerar um diálogo entre pesquisadores de diferentes universidades que partem ou dialogam com a Economia Política da Informação, da Comunicação e da Cultura.

Foram apresentados trabalhos em dois espaços diferentes da UFS, possibilitando a troca de perspectivas de aplicação teórico-metodológica frente a diversos objetos de estudo e um debate salutar para a evolução das pesquisas.