Debate reflete sobre os impactos da mídia e a luta dos trabalhadores

debate_baraodeitarareEntender o processo de recepção, a criação dos discursos, o papel dos meios de comunicação e os impactos desse desses três movimento no mundo do trabalho, esse é o tema que norteará debate que ocorrerá nesta quarta-feira (17), às 19h, na sede do Barão de Itararé.

O evento, que nasce da parceria do Barão de Itararé com os grupos de pesquisa Observatório de Economia e Comunicação (OBSCOM – UFS) e o Centro de Pesquisa em Comunicação e Trabalho (CPCT), ainda conta com o apoio da União da Juventude Socialista (UJS) e do Mídia Ninja, que transmitirá o todo o evento.

Como debatedores, o Barão contará com as presenças dos pesquisadores Roseli Fígaro, professora da Escola de Comunicação da Universidade de São Paulo (ECA/USP); e César Bolaño, professor de Economia da Universidade Federal de Sergipe (DEE/UFS); e do jornalista Paulo Zocchi, presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo.

A proposta da atividade é pensar a comunicação a partir da centralidade do mundo do trabalho e pelo entendimento de suas formas contemporâneas de organização. Ou seja, a ideia é realizar uma fina discussão sobre as mudanças no mundo do trabalho, os impactos das chamadas tecnologias da comunicação e da informação e o processo de recepção dos meios de comunicação, principalmente na atualidade, quando a concentração de empresas do ramo e a preponderância tecnológica são grandezas que parecem falar por si mesmas.

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A atividade ocorrerá no auditório do Barão de Itararé, localizado na Rua Rego Freitas, 454, 8a andar – República/SP. A entrada é franca e livre de inscrição. Mais informações: (11) 3159-1585 ou (11) 984429245. Confira o evento no Facebook: https://www.facebook.com/events/1646677812214919/.

A atividade terá transmissão ao vivo pelo site do Barão de Itararé a partir das 19h.

Audiência e mediação: tudo junto e misturado no programa Esquenta!

Esquenta_2011Por Bruna Távora*

O ano de 1995 definiu uma nova configuração para o mercado brasileiro de televisão aberta, pois é quando se expande o mercado de TV segmentada, popularizando o acesso à multiplicidade de canais da TV por assinatura. Isto provocou a migração do público com maior capacidade econômica para essa última, alterando o perfil da programação da TV aberta, que se volta para uma perspectiva de caráter popular.

Assim, a constituição da programação das emissoras em geral, e da TV Globo em específico, percebe-se um aumento na visibilidade dos setores populares, o que vem gerando diversas perspectivas de abordagem, e cujo programa dominical Esquenta! foi/é um exemplo. Gerador de opiniões controversas, o Esquenta! ora é ovacionado pelas pesquisas em cultura, que afirmam seu lugar de portador de diferenças em meio a uma programação encharcada do sangue dos programas policialescos e das migalhas do assistencialismo social de programas tipo Caldeirão do Huck, ora é rechaçado pelos setores mais conservadores que não lidam bem com a presença de trabalhadores culturais negros e de origem pobre que protagonizam a atração do domingo.

Nossa perspectiva aqui em questão não se associa às tendências acima citadas, e buscou uma interpretação para explicar esse perfil de programação sob a perspectiva da Economia Política da Comunicação e da Cultura (EPC).

As mudanças

Além da diversificação tecnológica dos meios de distribuição do conteúdo, deve-se destacar que a chegada dos anos 2000 e do governo Lula também cumpriram um papel importante no interesse dos anunciantes por esse setor da população, o que possibilitou o investimento no programa aqui mencionado. A ampliação das políticas de transferência de renda permitiam a implementação limitada do consumo dos setores populares aumentando o poder de compra desta audiência, principalmente no que toca aos bens domésticos, eletrônicos e de varejo. A partir de então, se observa que “a visibilidade dos pobres se fez notar com muita força no cinema, na TV e na música, tanto na produção sustentada pelo mercado quanto nas políticas culturais do governo federal” (ROCHA, 2013, p. 572).

Já em 2009, o diretor-geral da emissora à época, Octavio Floribal, concedeu entrevista ao jornalista Maurício Stycer confirmando o cenário apresentando e justificando que as modificações na programação partiram da necessidade da TV em se direcionar para a emergente “classe C”, destacando que a grade ficaria “um pouco mais popular, sim, mas sem perder qualidade”.

As classes C, D e E têm mais presença, mais opinião. Eles ascenderam. Têm um jeito próprio de ser. Você tem que atendê-los melhor. Eles têm que estar mais bem representados e identificados na dramaturgia, no jornalismo. Antes, você fazia uma coisa mais geral. Hoje, não. Esta discussão está presente na Rede Globo. E todos nós estamos, de uma maneira geral, aprendendo.¹

Para preservar a capacidade de inserção e legitimação entre o público que compõe esta audiência, a empresa vem implementando novas estratégias de mercado na TV de massa, cujo objetivo é reacomodar a programação para atender a esse perfil do público. Ou seja, a programação passará a voltar-se, crescentemente, para a faixa de audiência popular, setor que até esse momento contava como número, mas importava menos da perspectiva dos anunciantes, visto sua baixa capacidade de compra.

Do ponto de vista econômico, desde o Plano Real, os segmentos do mercado situados mais abaixo na pirâmide passaram a contar decisivamente para as empresas, provocando uma corrida por este tipo de audiência na TV e no setor publicitário, processo intensificado no começo do século XXI pelo aumento dos níveis de emprego, do valor do salário mínimo e pelas políticas sociais (ROCHA, 2013, p. 572).

A inclusão pelo consumo levou a um aumento do interesse pelo segmento de mercado constituído por esse setor populacional ampliando, graças ao incremento limitado de sua capacidade de compra, sua importância na dinamização das vendas. Assim, com novas estratégias de marketing, os anunciantes passam a investir no “fenômeno da nova classe C”. Com as modificações, uma fatia do mercado passa a se interessar por esse público, o que exige modificações na programação das mídias massivas que veiculam a publicidade financiadora das emissoras. Assim, a TV Globo na fase da multiplicidade da oferta (BRITTOS, 2001) se voltará para a constituição de uma programação orientada para essa “nova classe média”, visando preservar sua posição no mercado.

Para implementar essa estratégia de mudança da programação, será necessária uma renovação e diferenciação do padrão tecnoestético consolidado. Deste modo, uma série de experimentos encabeçados principalmente pelo setor experimental da emissora, o Núcleo Guel Arraes (Central da Periferia, Palace II, Muvuca, dentre outros), apresentam como síntese o Esquenta!. Também tanto o jornalismo, quanto as telenovelas ganham ares diferenciados, buscando o diálogo com este setor populacional. Na “faixa nobre” (19h – 22h), a estratégia diante dessa nova “classe média” teve início no ano de 2012, com o lançamento das novelas Cheias de Charme e Avenida Brasil. Embora os experimentos voltados para atingir esse setor da população já vinham sendo implementados desde, pelo menos, o lançamento do filme Cidade de Deus (2002), que tem em seu elenco trabalhadores culturais das periferias, é na programação das telenovelas que a estratégia se faz notar.

De um modo geral, no mercado televisivo, a programação que se volta para os setores de menor faixa de renda apresenta um mau gosto estético concentrado em reality shows, programas de auditório ou jornalismo policialesco, com exacerbação de imagens que exploram a violência social, as mazelas da vida privada e a precariedade dos sistemas públicos de assistência, privilegiando a “tragédia e a pobreza dos mais desassistidos que são abordadas como show, sob o manto da prestação de serviços” (BRITTOS, 2001, p. 288).

Justificado ainda pela desculpa “de que o povo gosta”, a real explicação é aquela já sabida e óbvia: esse tipo de programação é implementada não pelo gosto da população (visto sua grande heterogeneidade) mas pela necessidade de baixar custos e produzir conteúdo sem contratos de trabalho, com não-atores e em esquemas flexíveis. Embora esse tipo de programação garanta o corte dos gastos com a produção televisiva, sua implementação generalizada interferiria diretamente no padrão tecnoestético da TV Globo, desafiando suas barreiras à entrada “erguidas tendo em vista públicos massivos, mas sem privilegiar o popularesco” (idem, p.288).

Além disso, mostram-se pouco funcionais às estratégias do capital que, em seu conjunto, devem dinamizar discursos sobre o trabalho que se voltam para “valorização do trabalhador” (FRIGOTTO, 2010, p. 160), buscando sua integração a um mercado de trabalho demandante de habilidades como empreendedorismo e criatividade. Algo inversamente operado pelo conjunto do padrão popularesco, que tende à humilhação e à apresentação das mazelas sociais e dos dramas pessoais, mas muito bem realizado por programas tipo Esquenta!, cujo roteiro sempre enfatiza as habilidades criativas e os casos particulares de membros da periferia que ascenderam socialmente, numa espécie de pedagogia para o “novo” mundo do trabalho. Este, que por não poder mais garantir condições mínimas de inserção profissional, passa a demandar novas habilidades profissionais, cuja criatividade e cultura são motes largamente apropriados, seja pelos discursos do empreendedorismo cultural, seja pelas políticas estatais da economia criativa.

É nesse sentido, que na perspectiva da EPC, os produtos culturais tipo Esquenta! cumprem duas funções principais: dialogar com os setores populares e fidelizar a audiência para garantir o financiamento da programação da TV aberta e também atuar na mediação dos discursos do capital para o trabalho (BOLAÑO, 2012; BRAGA, 2015), criando as condições para uma integração desse setor populacional à dinâmica do sistema econômico. Para que a mediação entre a empresa e a sua audiência se efetive, evidentemente, sua programação não pode orbitar em elementos vexatórios e humilhantes, mas terá sim que projetar seus referenciais culturais e seus valores.

É nesse contexto que o funk, o samba, o hip-hop e diversos outros referenciais culturais das periferias que já se viabilizavam economicamente, e já movimentavam economias em seus locais de origem, são incorporados, contratados e apropriados pela emissora servindo de matéria-prima para suas produções. Além disso, a estratégia crescente é a contratação de trabalhadores culturais desse extrato populacional, o que possibilita a incorporação de suas aprendizagens e suas temáticas, e garante o desenvolvimento, em menor tempo e a um menor custo, de uma programação voltada para esta audiência.

Assim, revestida de um senso ideológico, que, ao final, busca associar o papel da emissora como uma espécie de merchandising social e serviço público, a programação se reorganiza para atender a uma nova fisionomia mercadológica que, por fim, atende a essas duas demandas do capital: dinamizar o mercado consumidor e o investimento dos anunciantes da emissora e contribuir para a preparação de uma mão de obra profissional para o setor de serviços e empreendedorismo. Mesmo sem abrir mão das formas populares como no caso dos reality shows e de programas do tipo Zorra Total, a reorganização da programação da Globo evitará a exploração dessas formas, procurando assim desenvolver programas inovadores, voltados para “a classe C”, sem, contudo, afastar-se muito do auto-denominado “Padrão Globo de Qualidade”.

Essa mudança será amparada por temáticas relacionadas à diversidade cultural que marca a lógica cultural do capitalismo em sua fase atual explorando temas como a diferença, o multiculturalismo e, especificamente a “mistura”, no caso aqui estudado. É essa a explicação aqui sugerida para entender porque a emissora passa a implementar programas voltados paras as faixas populares que apresentam como matéria-prima a diversidade cultural da população em uma perspectiva de visibilidade afirmativa (ROCHA, 2008) e cujo Esquenta! é apenas um dos exemplos.

Referenciais citados

BOLAÑO, César. Campo Aberto. Mimeo. 2012

BRAGA, William Dias. Novas identidades para o novo mundo do trabalho através da Cultura: o velho mantra do capitalismo revisitado. Eptic Online – Revista Electrónica Internacional de Economía Política de las Tecnologías de la Información y Comunicación. ISSN 1518-2487. Vol. XVII, n.1. Jan.–Abr. 2015.

BRITTOS, Valério. Capitalismo contemporâneo, mercado brasileiro de televisão por assinatura e expansão transnacional. Tese de doutorado, UFBA, 2001

ROCHA, Maria Eduarda. O Núcleo Guel Arraes e a reconstrução da Imagem da TV Globo; Guel Arraes: leitura social de uma biografia. In: FECHINE, Yvana. FIGUEROA, Alexandre (Orgs). Guel Arraes. Um inventor no audiovisual brasileiro. Recife: Ed. CEPE, 2008

_______. Em busca de um ponto cego: notas sobre a sociologia da cultura no Brasil e a diluição da mídia como objeto sociológico. Revista Sociedade e Estado. Vol. 26, n. 3, Set.-Dez. 2013.

FRIGOTTO, Gaudêncio. Educação e a crise do capitalismo real. São. Paulo: Ed. Cortez, 2010

1 Entrevista concedida ao jornalista Maurício Stycer, disponível em http://televisao.uol.com.br/ultimas-noticias/2011/05/09/globo-muda-programacao-para-atender-a-nova-classe-c.jhtm. Acesso em 20/11/2014.

* Bruna Távora é professora substitua do curso de Comunicação Social da Universidade Federal de Sergipe (UFS) e mestre em Comunicação e Sociedade pela UFS e membro do grupo de pesquisa Comunicação, Economia Política e Sociedade (CEPOS).

Mesa em Maceió apresenta a aplicação da EPC aos estudos sobre rádio

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O Congresso Acadêmico Integrado de Inovação e Tecnologia (CAIITE 2015) terá na manhã da quarta-feira (17) uma mesa dedicada aos estudos da Economia Política da Comunicação. Como está no subtema, “Introdução teórica e propostas de estudos sobre o rádio em Alagoas”, o espaço propõe apresentar os estudos deste subcampo comunicacional, mostrando possíveis aplicações ao se analisar o mercado de rádio alagoano. A mesa ocorrerá na Sala Pandeiro, no Centro de Convenções, a partir das 9h.

O espaço terá como debatedores Anderson Santos, jornalista, mestre em Ciências da Comunicação e professor da Unidade Santana do Ipanema da Universidade Federal de Alagoas (UFAL); e Bruno Silva dos Santos, jornalista e mestre em Serviço Social. Ambos fazem parte do núcleo de Estudos em Crítica à Economia Política da Comunicação (CEPCOM) e são pesquisadores vinculados ao grupo de pesquisa Comunicação, Economia Política e Sociedade (CEPOS/CNPQ/UFS).

Com origem em tempo semelhante aos Estudos Culturais na América Latina, a Economia Política da Informação, da Comunicação e da Cultura (EPC) seguiu com a base marxista para suas análises, que compreendem o estudo das relações de poder que envolvem a produção, a distribuição e o consumo de bens simbólicos. Eixo teórico-metodológico interdisciplinar, a EPC propõe estudar os mercados midiáticos sob uma perspectiva de transformação social radical, atuando também nas instâncias envolvidas com a necessidade de políticas de comunicação que gerem uma aproximação maior à efetividade do direito à comunicação.

Ainda no dia 17, Bruno estará a partir das 19h apresentando o banner “Rádios, portais de notícias e blogs de opinião: cartografia da comunicação no vale do São Francisco alagoano”. O pesquisador parte de uma investigação inicial realizada na Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), onde trabalha na assessoria de comunicação, em que traz como hipótese a mudança da principal fonte de informação nas cidades do interior.

Anderson, junto aos professores da UFAL Victor Pires e Ronaldo Bispo, estará na mesa “Entre o ‘ao vivo’ e o midiático: repensando mediações e práticas socioculturais contemporâneas”, onde dialogará com os demais participantes da mesa sobre as diferenças entre o futebol do campo e o futebol midiatizado. A mesa também será na Sala Pandeiro e na quarta-feira, mas a partir das 19h.

CAIITE 2015

O CAIITE é um Congresso Acadêmico que, desde 2013, congrega cinco instituições de ensino de nível superior de Alagoas (UFAL, IFAL, UNEAL, CESMAC e FITS). Em 2015, o evento ocorrerá de 15 a 20 de junho no Centro de Convenções, em Maceió, tendo como tema central “Desafios para Alagoas”, dividido em seis eixos: Educação e Tecnologias; Desenvolvimento e Mobilidade Urbana; Segurança e Direitos Humanos; Atenção Integral à Saúde; Desenvolvimento Econômico e Sustentabilidade; e Cultura e Comunicação.

 

Chamada para dossiê “Comunicación, sociedad civil y cambio social”

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A Revista Científica de Comunicación y Educación – Comunicar está com chamada aberta até o dia 30 de setembro para artigos em inglês e espanhol  para a segunda edição de 2016, cujo dossiê será dedicado ao tema “Comunicación, sociedad civil y cambio social”.

«Comunicar» (Qualis A1 CSA 1) é uma revista científica de âmbito ibero-americano que pretende fomentar a troca de ideias, a reflexão e a investigação entre dois âmbitos que se consideram prioritários para o desenvolvimento dos povos: a educação e a comunicação. Investigadores e profissionais do jornalismo e da docência, em todos os seus níveis, têm neste meio uma plataforma para fomentar a comunicação e a educação como eixos neurálgicos da democracia, da consolidação da cidade e do progresso intelectual e cultural.

Ementa

As injustiças e as desigualdades presentes no sistema-mundo têm provocado que milhares de cidadãos e cidadãs reivindiquem seus direitos através dos movimentos sociais. Especialmente desde 2011 foram reativadas as manifestações cidadãs a nível internacional como a Primavera Árabe, o 15M na Espanha, Occupy nos Estados Unidos e em outros países como Grécia, Turquia, México, Chile ou Brasil, que também tem visto a organização de diversos movimentos de indignação. Neste contexto, este dossiê abarca questões que tocam a educação, a comunicação, a sociedade civil e a mudança social. A edição deste número foi concebida desde uma perspectiva de empoderamento e agenciamento com o objetivo de explorar propostas e alternativas comunicativas pacíficas que desde a sociedade civil contribuam à transformação das injustiças e desigualdades sociais. Referimos-nos a boas práticas e inovações comunicativas que favoreçam a implicação política das pessoas.

Descritores

· Eficácia cultural da comunicação dos movimentos sociais y das ONGs de justiça social;
· Indicadores de eficácia cultural da comunicação nos movimentos sociais e nas ONGs de justiça social;
· De vitimas a indignados: discursos, representações e empoderamento;
· A comunicação dos movimentos sociais, as emoções e a não violência;
· Representação do protesto e não violência;
· O impacto das redes e das lógicas digitais na comunicação da sociedade civil;
· Narrativas transmídia, ativismo e câmbio social;
· O ativismo e os protesto;
· ONG, comunicação e câmbio social;
· Jornalismo cidadão e mudança social;
· Práticas comunicativas do 15M e de outros movimentos comunicativos recentes.

Editores Temáticos

· Dra. Eloísa Nos Aldás, Universitat Jaume I de Castellón, España.
· Dr. Matt Baillie Smith, Northumbria University Newcastle, Inglaterra.

Instruções e envio das propostas

– Normas editoriais: www.revistacomunicar.com/index.php?contenido=normas& idioma=es
– Propostas devem ser enviadas através da Plataforma OJS RECYT: http://recyt.fecyt.es/index. php/comunicar/login

Colóquio “Ciências de Comunicação: Brasil, Desafios da Cooperação Internacional”

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A Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (INTERCOM) convida para a discussão sobre “Ciências de Comunicação: Brasil, Desafios da Cooperação Internacional”, no dia 13 de junho, a partir das 9h, numa atividades promovida pelo Centro Cultural José Marques de Melo, no bairro de Pinheiros, cidade de São Paulo.

O evento ocorrerá nos dois horários. Das 9h às 12h, pesquisadores e pesquisadoras da área debaterão as “Demandas Históricas e o Panorama Atual” da cooperação internacional. Das 14h às 18h, o tema de debate será as “Perspectivas e possibilidades” das pesquisas em Ciências da Comunicação tendo em vista a colaboração internacional.

Colóquio INTERCOM: Ciências da Comunicação: Brasil, Desafios da Cooperação Internacional

Abertura: Giovandro Ferreira

I   Demandas Históricas e Panorama Atual

José Marques de Melo: Anamaria Fadul, Margarida Kunsch, Maria Immacolata Lopes, Sonia Virginia Moreira, Edgard Rebouças, Cesar Bolaño.

II  Perspectivas e possibilidades

Ana Silvia Médola, Antonio Hohlfeldt, Cicilia Peruzzo, Carlos Chaparro, Monica Martinez, Claudia Lago,

Fernando Paulino, Esmeralda Villlegas

Anderson Santos: A estatização da exibição dos jogos de futebol

 Por Anderson Santos*, no Observatório da Imprensa

Devido aos escândalos envolvendo dirigentes do futebol mundial, graças especialmente ao recebimento de propinas para a cessão de direitos de exibição de eventos, marketing ou organização de torneios no mundo, muitos blogueiros e jornalistas passaram a crer que a Rede Globo de Televisão, maior detentora destes direitos no Brasil, possa ser afetada mais cedo ou mais tarde pelas investigações do FBI.

Remete-se ainda ao caso da multa que o Grupo Globo teve de pagar por montar um esquema financeiro para não declarar totalmente o valor referente à compra dos direitos de transmissão das edições de 2002 e 2006 da Copa do Mundo Fifa. Os quase R$ 200 milhões “sonegados” da transação viraram anos depois mais de meio bilhão de reais de multa, com direito a sumiço do processo na Receita Federal. Algo que só veio à tona graças ao blog O Cafezinho, de Miguel do Rosário, em 2013 – antes dele, Andrew Jennings, no livro Jogo Sujo, cita em determinado momento que o dinheiro pago pela Globo para o Mundial de 2002 não apareceu na conta da ISL, empresa de marketing esportivo responsável pelas marcas da Fifa e que faliu em 2001.

Aproveita-se o momento para clamar por uma estatização dos direitos de transmissão dos eventos de futebol no Brasil, somando-se ao coro de combate ao monopólio da informação, que gera um controle sobre a própria organização do futebol no Brasil – capaz de colocar jogos aos sábados às 22h por conta de um simples amistoso da seleção da CBF, como no último final de semana.

A ideia de quem defende este processo é que a TV Brasil, do complexo público-estatal Empresa Brasil de Comunicação (EBC), deveria adquirir os direitos de exibição ao menos do Campeonato Brasileiro de Futebol, como fez a TV Pública (Canal 7) da Argentina em 2009.

Os recursos da TV estatal

Fiz a minha dissertação de mestrado sobre a constituição do que eu denominei como um “monopólio de direito de transmitir”. Lá apresento o histórico das transmissões e afirmo que o modelo pós-2011, de negociação por clube, é o pior possível para este negócio. Digo isto para afirmar que, na atual conjuntura, não seria possível à EBC adquirir estes direitos. O que deveríamos priorizar no debate é a constituição de regras mais claras e um legítimo processo concorrencial, como foi desenvolvido na Europa, após ações em órgãos de fiscalização da livre concorrência sobre este programa midiático.

Explicando. Defendi em outros momentos neste mesmo Observatório a importância da TV Brasil transmitir futebol, no caso a Série C, apesar de possíveis gastos com este produto. Para este ano, a emissora virou sublicenciada de eventos esportivos da Fifa, transmitindo no momento os Mundiais sub-20 e Feminino, além do sub-17 e do Mundial de Futebol de Areia, pelos quais teria pago US$ 250 mil à Rede Globo, que pretende transmiti-los apenas em seu canal de TV fechada. Além disso, a parceira tradicional, Band, vive uma crise econômica que já a fez evitar a Copa do Brasil do ano passado e demitir vários funcionários em 2015, o que também abriu espaço para outra emissora.

Repito o que disse há alguns anos: o futebol é um produto importante por sua capacidade de atrair público. Por mais que a audiência venha caindo, o torcedor fiel e apaixonado por seu time e/ou por este esporte seguirá acompanhando. Para uma emissora nova, caminhando para sete anos de existência, é fundamental para se fazer conhecer – afinal, quantas vezes vemos e ouvimos alguém sugerir assistir a algo nela? – e atrair público para outros programas.

Mas chegar a adquirir o Brasileirão com exclusividade, como algumas pessoas vêm defendendo, é demais para uma emissora que tem como receita anual R$ 500 milhões. Esse valor total não daria para cobrir a oferta da Rede TV! na licitação frustrada de 2011, que era de R$ 514 milhões. Para se manter como “dono” dos direitos do torneio, o Grupo Globo deve estar desembolsando quase o triplo disso por ano. Assim, mesmo considerando que um grupo de empresas “apoiadoras” viesse junto com o pacote – especialmente se os recursos das grandes estatais fossem mais aplicados na TV estatal –, poderia ser um passo muito grande para o tamanho das pernas da EBC.

A Ley de Medios argentina

Por um simples cálculo, percebemos que seria impossível hoje que a EBC comprasse esses direitos. Não pretendemos entrar aqui na discussão sobre certo receio governamental em criar uma concorrente real no mercado aberto do audiovisual, apenas destacar também que a realidade local está bem distante do que foi visto na Argentina.

A compra pelo governo veio num momento em que os clubes estavam (e ainda estão) bem piores financeiramente que os nossos, recebendo valores bem abaixo do que os pago aqui no Brasil. Era de interesses dos clubes e da Asociación del Fútbol Argentino (AFA) (sob a presidência de Júlio Grondona, que assumira a direção da entidade ainda sob ditadura militar) mudar o contrato das mãos da Torneos y Competencias (TyC).

A TyC é uma sociedade que tem o Grupo Clarín como um dos acionistas, este que se tornou um inimigo da família Kirchner apenas a partir do mandato de Cristina como presidenta – supostamente por divergências em sociedades de mídia. Apesar disso, mesmo sem os direitos de exibição, a empresa foi contratada enquanto equipe de transmissão. Foi um casamento dos interesses econômicos dos clubes com os políticos da gestão, algo a que ainda não se chegou no Brasil, ao menos não no extremo de lá.

Em 2013, publiquei um artigo em que trago o que identifiquei de leis e regulamentações sobre o futebol no Brasil, especialmente sua relação com a mídia. Ao final destaco o que mudou com a Ley de Medios argentina – esta oriunda de outro processo, com maior exigência e participação social, ainda que vindo no rastro das divergências entre os Kirchner e o Clarín.

Direitos de transmissão na Argentina

Aponto inicialmente uma questão importante no que tange à questão dos direitos de transmissão de eventos esportivos e o livre acesso à assistência:

“[…] dentre os artigos do Capítulo VII, que trata do Direito ao acesso aos conteúdos de interesse relevante, o Artigo 77 garante o acesso universal, através dos serviços de comunicação audiovisual, dentre outros, ‘aos acontecimentos desportivos, de encontros futebolísticos ou outro gênero ou especialidade’ […]. A definição dos eventos desportivos na lei é para evitar que se tenha que pagar para ver a transmissão de jogos de futebol, forma de entretenimento de bastante relevância” (SANTOS, 2013, p. 45).

Uma grande questão é garantir, como em alguns momentos não houve no Brasil, que torneios importantes tenham transmissão em TV aberta. Aí sim, se não houver interesse da emissora que detém os direitos, que esta exibição possa ser feita por quem queira, não prejudicando o público. Vale lembrar que muitos eventos esportivos e programas midiáticos são adquiridos simplesmente para tirá-los das mãos de concorrentes – foi com esse intuito que a Globo tirou os torneios UEFA das mãos da Record, transmitindo nos primeiros anos apenas a partir das semifinais e só a UEFA Champions League.

A mudança atende ao outro ponto que destaco:

“Já o Artigo 80 trata da cessão e do acesso à transmissão. O exercício de direitos exclusivos de emissão deve ser justo, razoável e não discriminatório, de forma que o direito ao acesso universal gratuito seja garantido e que não se afete a estabilidade financeira e a independência dos clubes” (SANTOS, 2013, p. 46).

Aqui, sim, há um ponto discutível para o caso brasileiro: até que ponto este modelo de negociação dos recursos do broadcasting não tornaram os clubes dependentes do grupo comunicacional que os adquire? O que gera outra questão, mais difícil de responder: Como descobrir de forma jurídica se a independência de uma associação/clube, garantida pela Constituição, está sendo ferida por outra empresa?

Para finalizar, uma problemática ainda mais importante, que infelizmente mostra certo desconhecimento sobre o caso argentino. Lembro que os jogos do Campeonato Argentino não eram transmitidos em TV aberta – apenas um resumo dos gols após o final da rodada, ficando as partidas restritas à TV fechada. A TV Pública passou a transmitir o torneio em TV aberta, inicialmente todas as partidas, mas o sinal poderia e pode ser retransmitido por outras emissoras, desde que paguem uma taxa de sublicenciamento proporcional à sua audiência. É importante destacar que lá os direitos não são exclusivos, pois isso só poderia gerar uma troca de dependência por outra sobre o acesso possível ao telespectador.

Os cuidados a serem tidos com a proposta

De problema mais agravante, além da dependência financeira de uma administração quase sempre em crise – devido às práticas neoliberais que seguiram a partir da ditadura militar –, é que as outras emissoras são obrigadas a transmitir conforme o que é repassado, com todas as propagandas se referindo a ações do governo central. Quer dizer, pode-se pagar bem menos para retransmitir, mas é impossível vender os espaços de merchandising internos, o que freia as possibilidades de as concorrentes adquirirem recursos com o programa.

Numa comparação simples, mas “oposta” politicamente à EBC, pensemos que a TV Cultura, num arroubo surpreendente de investimento do PSDB em algo hoje misto, mas com grande contribuição do Estado, resolvesse tirar da Globo os direitos do Campeonato Paulista – que estarão em discussão em breve, pois o acordo acabou em 2015 – e os usasse para divulgar apenas ações do governo Alckmin, suposto futuro candidato a presidente da República pelo partido. Será que a opinião pela estatização seria a mesma? Provavelmente, como ocorre na Argentina, teríamos mais um exemplo de utilização do futebol como instrumento político-eleitoral.

Vale lembrar que a Sabesp, empresa responsável pelo esgotamento sanitário e distribuição de água – esta não coincidentemente em crise –, além de se tornar mista nos governos do PSDB, serviu como instrumento de propaganda antes de o então governador José Serra entrar na candidatura a presidente da República em 2010, com publicidade nacional especialmente para eventos esportivos mostrados no Esporte Espetacular. Quer dizer, não seria impossível a suposição comentada no parágrafo anterior.

Assim, necessitamos ter muito cuidado no que propomos como algo voltado aos interesses da população para que isso não pareça revanchismo. Nas condições dadas há questões muito mais simples a questionar, especialmente num país em que o mercado de comunicação é praticado quase que sem qualquer regulação. Uma delas é o fortalecimento de um grupo comunicacional efetivamente público, que não mude de acordo com a gestão estatal, algo que pode alterar o perfil do que é oferecido à população.

Referências bibliográficas

SANTOS, Anderson David Gomes dos. A consolidação de um monopólio de decisões: a Rede Globo e a transmissão do Campeonato Brasileiro de Futebol. 271 f. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação, Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos, São Leopoldo, RS, 2013b.

SANTOS, Anderson David Gomes dos. Políticas públicas para transmissão de esportes: análise de dispositivos legais sobre o desporto e a comunicação. Revista Brasileira de Políticas de Comunicação, Brasília, nº 4, p. 35-49, jul.-dez. 2013.

* Anderson David Gomes dos Santos é professor da Universidade Federal de Alagoas, jornalista e mestre em Ciências da Comunicação.

 

Comunicação e Trabalho em debate

debatebarao_comunicacaoetrabalho_pqNo próximo dia 17 de junho, o Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé SP​ realizará amplo debate sobre comunicação e o mundo do trabalho. Como convidados, os pesquisadores Roseli Fígaro, professora da Escola de Comunicação da Universidade de São Paulo (ECA/USP); César Bolaño, professor de Economia da Universidade Federal de Sergipe (DEE/UFS); e Paulo Zocchi, presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo. 

A proposta, que nasce da parceria do Barão de Itararé com os grupos de pesquisa Observatório de Economia e Comunicação (OBSCOM – UFS)​ e o  Centro de Pesquisa em Comunicação e Trabalho​ (CPCT), tem como objetivo refletir sobre o mundo do trabalho e sua relação com a comunicação, especialmente, com os impactos das chamadas novas tecnologias.

A atividade ocorrerá no auditório do Barão de Itararé, localizado na Rua Rego Freitas, 454, 8a andar – República/SP. A entrada é franca e livre de inscrição.

Acesso o evento no Facebook

Mais informações: (11) 3159-1585 ou (11) 984429245.

V17, n.2 (2015)

Revista Eletrônica Internacional de Economia Política da Informação, da Comunicação e da Cultura

DOSSIÊ TEMÁTICO: Perspectivas e desafios para as políticas de regulação da mídia

CAPA (17.2)

Call for paper: Congresso Internacional da ULEPICC Federação 2015

ulepiccicomAté o próximo dia 15 de junho está aberta a chamada para envio de resumos para o VIII Encuentro Internacional de Investigadores y Estudiosos de la Información y la Comunicación (ICOM 2015) e o IX Congreso Internacional Unión Latina de la Economía Política de la Información, la Comunicación y la Cultura (ULEPICC 2015) que acontecerá de 7 a 11 de dezembro de 2015, no Palacio de Convenciones de La Habana, Cuba.

Veja aqui a convocatória.

Chamada de trabalhos para Congreso de CEISAL 2016

ciesal

Está aberto o prazo para o envio de artigos para o 8º Congreso Internacional de CEISAL (Consejo Europeo de Investigaciones Sociales de América Latina), que organiza a Universidade de Salamanca e que se realizará durante os dias 28 de junho a 1 de julho de 2016.

No eixo temático “Comunicação” foram aprovados três simpósios, aos quais podem ser enviados artigos: Economía Política de la Comunicación y la Cultura; Cooperación en cultura y comunicación entre la Unión Europea y América Latina; e Comunicación y Cambio Social.

As propostas podem ser enviadas em espanhol, português ou inglês até o dia 30 de outubro de 2015 no site do evento e devem ter os seguintes parâmetros gerais:

  • Escrita em Garamond 12 com espaço simples;
  • Não devem superar os 30.000 caracteres, incluídos os espaços e as notas, que devem ser reduzidas ao mínimo possível;
  • Devem se adequar às normas editorais que aparecem no site e, seguir, em termos de formatação:
    • Título do trabalho;
    • Nome completo do autor ou dos autores, e-mail e instituição de origem;
    • Eixo temático;
    • Incluir a legenda: “Trabajo preparado para su presentación en el 8º Congreso Consejo Europeo de Investigaciones Sociales en América Latina, organizado por el Instituto de Iberoamérica, Universidad de Salamanca, que se celebrará en Salamanca del 28 de junio al 1 de julio de 2016″;
    • Os trabalhos serão precedidos de um resumo de até 250 palavras, com cinco palavras-chave na língua original e em inglês;

Para mais informações, acesse: http://ceisal2016.usal.es/es/