*Por Flávio Marcílio Maia
Apple Music, Spotify e Deezer são alguns exemplos de serviços de streaming que se inserem na cadeia produtiva de economia da música como uma tendência de distribuição e consumo musical numa sociedade cada vez mais digitalizada. Estes serviços se destacam pela praticidade e por cobrarem uma assinatura com valor baixo oferecendo em troca uma quantidade significativa de músicas aos seus assinantes. Para o consumidor assíduo de música estas plataformas são uma ótima experiência. Para os músicos a realidade é um pouco diferente, pois o rendimento por estes serviços é muito variável (ganha mais quem é mais ouvido).
Nestas plataformas as grandes gravadoras (conhecidas como majors) mantém um papel ainda relevante ao fornecerem músicas de artistas, tendo assim um importante papel no mercado da música digital. A popularidade dos serviços digitais de música e outros como a Netflix e jogos eletrônicos ganharam tanta relevância que chamaram a atenção do Estado que começou a cobrar impostos.
É cada vez menos frequente o download de música e mesmo com a imensidão do ciberespeço oferecendo oportunidades para produtores e artistas independentes, parece ser pelos serviços de streaming o caminho para o futuro da música.
No Brasil o streaming de música vem crescendo satisfatoriamente. De acordo com dados do último relatório da Pró Música (antiga Associação Brasileira de Produtores de Discos – ABPD) a distribuição de música em formatos digitais respondeu por mais de 70% do total das receitas, considerando-se os mercados físico e digital combinados. Este fato aponta para uma reestruturação do mercado de música digital, na qual alguns serviços de streaming se destacam formando um oligopólio.
Ao contrário das grandes produtoras de cinema americanas, a formação do oligopólio dos serviços de música por streaming é marcada por uma concorrência nítida na qual cada serviço tenta criar um melhor vínculo com seu consumidor. Todos os serviços são parecidos, a diferença está na quantidade de músicas disponíveis e na praticidade. Alguns deles já vem instalados nos celulares, outros entram em parcerias com empresas de segmentos diversos na forma de ganhar mais publicidade como foi o caso do Deezer com a empresa de telecomunicações TIM e recentemente o Spotify com a rede de fast food brasileira Giraffas.
A principal rivalidade está entre o Apple Music e o Spotify. O primeiro, apesar de ser mais recente, possui grande poder monetário e consegue se destacar melhor que o Spotify, que sofre por ser independente e ainda não conseguir lucrar.
No meio digital a lógica de produção e acumulação capitalista permanecem a mesma e são impulsionadas e transformadas pela internet que criou novas formas de circulação de dinheiro. Os serviços de streaming de música vem se consolidando como um importante negócio que mantém a mesma estratégia de distribuição simbólica no meio digital gerando níveis de audiência consideráveis e atraindo a atenção de empresas de publicidade e empresários da música. Tal fato se fortalece com as compras e vendas destes serviços e das parcerias feitas com empresas também de abrangência global.
* Flávio Marcílio Maia é jornalista e mestrando do Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de Sergipe PPGCOM-UFS, com pesquisa voltada ao streaming de música.